Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Unesco anuncia Rio de Janeiro como Capital Mundial da Arquitetura

Crivella comemora "marco na história cultural" carioca; cidade sediará Congresso Mundial de Arquitetos em 2020


18/01/2019 10:00:00


O MAM e o Parque do Flamengo: arquitetura e espaço público de estilo moderno. Fotos: Michel Filho / Prefeitura do Rio
 
 
A Cidade Maravilhosa, conhecida mundialmente por suas belezas naturais, é agora também a primeira Capital Mundial da Arquitetura. O anúncio foi feito em Paris nesta sexta-feira, 18 de janeiro, na sede da Unesco, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para educação, ciência e cultura. A secretária municipal de Urbanismo, Verena Andreatta, representou o prefeito Marcelo Crivella na solenidade. Em 2020, o Rio será sede do 27º Congresso Mundial de Arquitetos. O evento ocorre a cada três anos, e, a partir da edição carioca, a cidade que sediar o encontro receberá também o título.
 
 
– Nosso compromisso é o de transformar o ano de 2020 em um marco na história cultural da cidade. Além da visibilidade internacional, teremos a oportunidade de ampliar a relação de pertencimento dos moradores da nossa cidade com o seu patrimônio histórico e arquitetônico, difundindo e preservando esse acervo – comemorou o prefeito Marcelo Crivella. – O Rio de Janeiro possui uma arquitetura que reflete a riqueza de culturas que formam a sociedade brasileira, por ter sido porto e capital do Brasil por mais de dois séculos.
 
 
 
 
 
 
 
 
Da equerda para a direita: Arquiteto Anibal Sabrosa, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea); Nivaldo Andrade, presidente do IAB; Vereana Andreatta, secretária municipal de Urbanismo; Fabian Llisterri, tesoureiro da União Internacional de Arquitetos (UIA);  Thomas Vournier, presidente da UIA; e Sergio Magalhães, presidente do 27° Congresso da UIA 2020. Foto: Fernando Thompson/Prefeitura do Rio
 
 
Verena Andreatta destacou a importância do título conferido pela Unesco:
 
 
– Apesar de relativamente nova, a cidade do Rio já deixou valiosas referências na história da arquitetura. Ao longo de seus poucos séculos, passou por transformações substanciais, de grande magnitude, com técnicas complexas da engenharia e do urbanismo contemporâneos. Poucas cidades tiveram alteração tão expressiva em sua topografia original. Temos uma mescla eclética de estilos arquitetônicos e paisagem urbana reverenciada pelo mundo por suas condições naturais. O título de Capital Mundial da Arquitetura é a justa condecoração dessa história – disse a secretária.
 
 
Paço Imperial: estilo colonial
 
 
Presidente do 27º Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2020 RIO, Sérgio Magalhães frisou que a decisão da Unesco abre novas perspectivas para a cidade e o país:
 
 
– Ser Capital Mundial da Arquitetura e sediar o Congresso Mundial de Arquitetos formam um binômio de extrema importância para a cidade do Rio e para a cultura arquitetônica brasileira. Especialmente, porque proporciona um diálogo com a sociedade, que deverá criar um novo tempo para o enfrentamento dos desafios das nossas cidades – destacou Magalhães.
 
 
Theatro Municipal: estilo arquitetônico eclético
 
 
O Rio foi escolhido pela UIA por seu passado arquitetônico, histórico e cultural, mas também pelos desafios que enfrenta. O congresso, no entendimento de Magalhães, vai gerar reflexão sobre o futuro carioca. Cidade de grande diversidade urbanística, o Rio tem em seu território situações comuns em grandes centros urbanos, tanto de países mais pobres ou em desenvolvimento como de nações ricas. "O que a torna um caso quase único de interesse para os arquitetos do mundo todo", assinalou Magalhães.
 
 
– A cultura e a arquitetura são fundamentais para a superação de desafios e soluções inovadoras para os espaços urbanos. Ter o Rio como a primeira Capital Mundial da Arquitetura é um fato a ser celebrado pelo país, uma vez que a cidade se tornará o palco de uma série de eventos, em 2020, para tratar de temas importantes para o desenvolvimento, como cultura, planejamento urbano, mobilidade, obras públicas e a construção de cidades mais inclusivas. Além desse título, a cidade ainda é reconhecida por abrigar dois sítios do Patrimônio Mundial Cultural: paisagens cariocas entre a montanha e o mar e o Sítio Arqueológico Cais do Valongo – comentou a diretora da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
 
 
LEGADO PARA A CIDADE
 
 
Além de atrair novamente as atenções internacionais de forma positiva, o título de Capital Mundial da Arquitetura destaca um aspecto ainda pouco difundido do Rio: seu valor arquitetônico. A cidade tem muito a oferecer nesse sentido: construções do período colonial; prédios no estilo art-déco, que marcou as primeiras décadas do século passado; e os primeiros edifícios modernistas e pérolas da arquitetura de Oscar Niemeyer, maior nome brasileiro, reconhecido mundialmente. No entanto, segundo especialistas, o principal legado será o de identificar metas que possam ser traçadas para os próximos dez anos, o que ajudará a construir políticas públicas para a melhoria do projeto urbanístico da cidade.
 
 
Entre os benefícios para o Rio, destacados na época da candidatura a sede do congresso de 2020, está o de buscar, com a realização do evento, um modelo de cidade alinhado com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Outra expectativa de legado é, no aspecto urbanístico, ressaltar a importância dos espaços públicos como plataforma de interação social. 
 
 
Prédio da Central do Brasil: exemplo de art-déco
 
 
Esses conceitos têm norteado as ações da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). Um exemplo é o desenvolvimento do programa Rio Conecta, que prevê intervenções urbanas para requalificar espaços públicos com grande fluxo de pessoas, em especial o entorno das estações de transporte. O objetivo é criar melhores condições para quem caminha e facilitar a conexão entre os pedestres e os diversos modais de transporte público. A meta é reduzir o número de veículos nas ruas e, consequentemente, a emissão de dióxido de carbono. 
 
 
Outro passo significativo nessa direção foi a revisão do Código de Obras e Edificações do Rio de Janeiro, elaborado pelo corpo técnico da SMU, aprovado na Câmara dos Vereadores e sancionado pelo prefeito Marcelo Crivella este mês. Além de proporcionar mais liberdade para que o construtor escolha o layout e o desenho dos apartamentos, a nova legislação traz medidas sustentáveis, como a obrigatoriedade da construção de bicicletários e a redução do número de vagas de veículos nos prédios. Também permite jardins nos telhados e elementos de proteção à insolação nas varandas, o que reduz a carga térmica nas residências e, portanto, a necessidade de aparelhos de ar condicionado.
 
 
Palácio Capanema, de estilo moderno
 
 
SOBRE O CONGRESSO
 
 
Maior fórum mundial de arquitetura, o Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2020 RIO é promovido pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) – sediada em Paris – e organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Pela primeira vez no Brasil, o evento será realizado entre 19 e 26 de julho de 2020, no Rio, com atividades em locais diversos da cidade, entre eles o Palácio Gustavo Capanema, que deverá receber exposições, palestras e workshops. A expectativa é que 25 mil arquitetos e acadêmicos de arquitetura de todo o mundo visitem o Rio durante a realização do UIA2020.

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