23/09/2014 19:14:00 » Autor: Flávia David e Ricardo Albuquerque/Foto: Ricardo Cassiano
Iniciativa da Prefeitura do Rio, a 4ª edição do Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta – BiciRio 2014 encerrou, nesta terça-feira (23/09), os debates técnicos sobre o desafio da mobilidade urbana e da consolidação da política de incentivo ao uso de bicicletas nas cidades, no Hotel Mirador, em Copacabana. O evento integra o calendário da semana do Dia Mundial Sem Carro, comemorado dia 22 de setembro em todo o mundo.
Especialistas debateram sobre a importância de consolidar a bicicleta como um dos principais meios de transporte do mundo, com atenção especial para Copacabana, bairro que concentra o maior número de viagens de bicicleta por dia em todo o país. São 14km de infraestrutura destinada à mobilidade por bicicleta em vias internas, além da orla, que já conta com 4,7 km de ciclovias, incluindo a Avenida Atlântica, Leme e Rua Francisco Otaviano, permitindo a circulação dentro de Copacabana e a integração com as estações do Metrô.
— Esse encontro não defende apenas a bicicleta como simples alternativa de transporte, mas como um alerta de que as cidades precisam respeitar mais o seus recursos naturais. Precisamos estancar todas as intervenções que estão causando alterações climáticas no mundo e, para isso, o poder público exerce papel fundamental. É chegada a hora de pensarmos um programa de desenvolvimento urbano que torne as cidades amigáveis e mais sustentáveis — disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz.
Em quatro anos, a malha cicloviária da cidade passou de 150 km existentes em 2009, utilizadas principalmente para lazer, para os atuais 380 km. A meta da Prefeitura do Rio é atingir 450 km até 2015, como parte das comemorações pelos 450 anos do Rio de Janeiro.
Além de Muniz, o BiciRio reuniu representantes do poder público e da sociedade civil, entre eles o secretário municipal de Ordem Pública, Leandro Matielli; a secretária estadual de Transportes, Tatiana Carius; o subsecretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes; e o diretor de Educação Para o Trânsito da CET-Rio, Mauro Ferreira. Um dos destaques do fórum foi a palestra da norte-americana Janett Sadik-Khan, ex-secretária de Transportes da cidade de Nova York (EUA) e atual Diretora de Transportes da Bloomberg Associates.
— O Rio está no caminho certo, com a implantação de ciclovias e de BRTs. Notamos que, após 100 anos de domínio do automóvel, verificamos que as ruas das cidades urbanas precisam de um novo desenho, onde seja possível o convívio entre pedestres, ciclistas e motoristas. Nova York provou que é possível remodelar as ruas de forma rápida, dando mais espaço aos pedestres e ciclistas. A Times Square, conhecida como a encruzilhada do mundo, é um grande exemplo disso: antes era uma confusão, agora é possível andar e circular de bicicleta em perfeita segurança - disse Janett.
A bicicleta passou a fazer parte do movimento de modernização do transporte como um modal para curtas distâncias, servindo como alimentador das redes de transporte de massa. E por ser 100% não poluente também contribui para uma significativa redução nas emissões de gases do efeito estufa da didade.
O subsecretário de Meio Ambiente acrescentou que é possível humanizar uma cidade, sob o ponto de vista ambiental. Para isso, é necessário investir em ações educativas. Altamirando Moraes citou as atividades realizadas ontem na orla do Leme como fundamentais para orientar a população. Além disso, ele destacou o projeto de implantação da primeira rede cicloviária em favelas do Rio, na Maré. A iniciativa será integrada aos corredores BRTs Transcarioca e Transbrasil. O projeto, apresentado aos moradores do Complexo da Maré no último dia 4, prevê a implantação de 22 quilômetros de pistas para ciclistas, entre ciclovias e ciclofaixas. O número supera em oito quilômetros a rede implantada em Copacabana.
ASecretaria Municipal de Meio Ambiente está criando uma campanha para solucionar, em definitivo, os conflitos entre pedestres e ciclistas. Até que seja lançada, em data a ser divulgada, a SMAC conta com o apoio da Secretaria de Ordem Pública.
- Realizamos um intenso trabalho junto aos usuários de ciclovias da cidade e os pedestres, com o objetivo de orientar sobre o uso correto das pistas e das bicicletas. Além disso, a Seop é responsável por trabalhos educativos nas ruas e escolas do município para orientar crianças, jovens e adultos - disse Leandro Matielli.
O estado de São Paulo foi representado pelo secretário do Instituto de Engenharia e Diretor da Divisão Técnica de Transportes Ativos, Reginaldo Paiva, e pelo coordenador da Câmara de Transportes do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista, Paulo Carvalho Ferragi, que destacou as transformações ocorridas naquela região após a implantação da rede cicloviária:
— Precisamos abrir espaço para que o cidadão posa ir e vir. Para isso, cremos que as ciclovias devem ser inseridas ou requalificadas sob o ponto de vista urbano, e não apenas como uma simples rota de bicicleta. Com o Plano Cicloviário Metropolitano, além de garantir segurança e tranquilidade para aqueles que optam pelo deslocamento de bicicleta, também conseguimos reduzir o número de acidentes. A Baixada Santista registra hoje cerca de 600 mil bicicletas. E, na capital, é crescente o número de pessoas que optam por deixar seus carros na garagem e fazer o trajeto de bicicleta.
Programa Bike Rio
Outro tema de destaque foi a implantação do Programa Bike Rio, iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro e da concessionária Serttel, em parceria com o Banco Itaú. Representando a concessionária, o presidente Angelo Leite comemorou a marca superior a três milhões de viagens nas bicicletas e anunciou que o projeto será ampliado, chegando a 260 estações na cidade. Atualmente, o programa conta com 60 estações somam 600 bicicletas para aluguel em pontos estratégicos no Centro e nos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Botafogo, Urca e Flamengo.
- Também estamos estudando a possibilidade de implantar no Rio de Janeiro um programa de aluguel de carros elétricos, mas isso ainda está em estudo - anunciou o presidente da concessionária.
O coordenador de Engenharia da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, Julio Cláudio Di Dio Pierre, apresentou o projeto e apontou seus principais avanços. Ele destacou a interligação da Linha 4 com as ciclovias da cidade como um dos pontos mais importantes do projeto.
- Será uma obra de extremo impacto sobre a mobilidade urbana da cidade, principalmente no que se refere aos usuários de bicicletas. A Linha 4 vai oferecer, em todo o seu trajeto, bicicletários seguros e interligação em todos os modais de transporte do Rio.
Uma mesa redonda discutiu a experiência de Copacabana com a implantação das ciclofaixas na ótica de seus moradores, com Horácio Magalhães, presidente da Sociedade dos Amigos de Copacabana, Daniel Uran, diretor social da Sociedade Amigos de Copacabana, e Raphael Pazos, presidente da Comissão de Segurança do Ciclista.