O Rio de Janeiro alcançou a marca de 380km de ciclovias, ultrapassando Bogotá, na Colômbia (com 376km), e se tornando a cidade com maior malha cicloviária da América Latina. Para celebrar o título de nova Capital Latino-Americana de Ciclovias, a Prefeitura do Rio organizou pedalada técnica pela orla de Copacabana nesta segunda-feira (22/09), quando se comemora em todo o mundo o Dia Mundial sem Carro. A pedalada foi uma das ações do IV Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta (BiciRio - que acontece até esta terça-feira, em Copacabana) e reuniu clicistas e representantes de cidades brasileiras que também contam com ciclovias, como São Paulo, Salvador, Teresina e Belo Horizonte.

Atualmente, cerca de 5% dos moradores da Cidade Maravilhosa se deslocam no dia a dia de bicicleta, dispensando o carro para percorrer curtas distâncias. A ciclista Fabrizia Amaral optou, há quatro anos, por abandonar o carro para aderir à bicicleta nos deslocamentos diários. Moradora de São Cristóvão, Fabrizia chega a percorrer 20 km diários em suas pedaladas por vários bairros da cidade. Quando não é possível chegar ao destino apenas com a bicicleta ela utiliza também o metrô.

- Essa mudança na minha vida gerou um prazer imenso para mim, melhorou até o meu humor. A cidade é muito agradável de ser percorrida com a bicicleta e, nesses quatro anos, nunca tive problemas com os motoristas. O BiciRio é um evento muito importante para discutir mobilidade urbana e para mim é a época mais aguardada do ano, tanto que sempre tiro férias no período de realização para não perder nada do evento, compareci em todas as edições – explicou Fabrizia.  

Os ciclistas percorreram um percurso de 3,5km nos trechos de ciclofaixas e zonas de 30km de Copacabana para analisar os pontos positivos e apontar o que ainda precisa de melhorias. As chamadas zonas de 30km começaram a ser implantadas em 2009, com sinalização dentro dos bairros, em ruas menores e menos movimentadas onde o limite de velocidade de 30km foi estabelecido, melhorando a divisão do espaço entre os motoristas e ciclistas. 

- Construir ciclovias parece uma coisa simples, mas não é. Embora não sejam necessários grandes investimentos, estão envolvidas muitas negociações e planejamento. O processo transformador da cidade para uma cultura do uso da bicicleta começou em 2009 e hoje tenho orgulho de dizer que o Rio entrou no rol das cidades amigas da bicicleta. Partimos de 150km existentes há 5 anos para os atuais 380 km, é um avanço grande e que pretendemos continuar para atingir a meta de 450 km até 2015 – comemorou o subsecretário de Meio Ambiente, Altamirando Fernandes Morais.

A Prefeitura do Rio intensificou os esforços em mobilidade sustentável e, em quatro anos, alcançou a marca de 380 km em malha cicloviária, trazendo para a cidade o título de Capital Latino-americana de Ciclovias. A meta do governo municipal é atingir 450 km até 2015 - como parte das comemorações dos 450 anos da cidade -, distribuídos em todas as regiões da cidade, a fim de melhorar a qualidade de vida da população e oferecer formas seguras para o uso da bicicleta como modal de transporte, para todos os cariocas.

Saudável e sustentável, a bicicleta como forma de transporte recebe hoje grande atenção na atual gestão municipal. Em vários pontos da cidade, o carioca já elegeu a bicicleta como um modal de transporte complementar ou substituto do carro no seu dia a dia.

Tudo isso faz do Rio de Janeiro uma "Cidade a Caminho da Sustentabilidade". Para celebrar este momento, será usado na campanha "Viva Sem Carro' o desenho de uma aluna da rede municipal, Francielly Cassiane Paulino de Lima, da Escola Municipal Floriano Peixoto (São Cristóvão), vencedora de um concurso cultural, que defendeu a ideia de que a mobilidade sustentável pode ser disseminada a partir da educação.

Dia Mundial Sem Carro

Para marcar o Dia Mundial sem Carro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) - em parceria as secretarias municipais de Educação e Saúde, além da CET-Rio, do Detran/RJ e da ONG Transporte Ativo - promoveu uma série de atividades na Praia do Leme. Pela manhã, alunos da Escola Municipal São Tomás de Aquino e usuários do Programa Academia Carioca participaram de ações de educação no trânsito, atividades físicas e receberam orientações de trânsito e saúde nos estandes montados pelos organizadores. O Coral de Funcionários do Detran encantou a todos com canções educativas e sucessos da MPB. 

A necessidade de instruir as crianças para que sejam multiplicadoras de ações sustentáveis foi destacada pelo diretor da CET-Rio, Mauro Ferreira. Segundo Mauro Ferreira, as ações do órgão municipal são focadas no respeito mútuo entre motoristas, ciclistas e pedestres:

- Nosso objetivo é ensinar as regras de trânsito para os pequenos, incentivando desde cedo o uso da bicicleta como meio de transporte. É importante que as pessoas tenham em mente que o trânsito se dá em um espaço coletivo, que deve ser democrático e respeitado por todos.

Entre os participantes mais empolgados com a ação da SMAC no Leme estava a aposentada Maria da Penha, 59 anos, que participou de todas as atividades. Para ela, iniciativas como essa estão transformando o trânsito da região:

- Tenho notado que o trânsito na Zona Sul está melhor. As pessoas estão colaborando mais e convivendo de maneira mais harmônica. Por isso, acho que ações educativas são sempre bem-vindas, especialmente para as crianças, que são o nosso futuro.

Já a estudante Alexia Farias, 12 anos, aluna do 6º ano da E.M. São Tomás de Aquino, atividades como a desta segunda-feira representam uma oportunidade única de aprender a ser educado no trânsito e com o meio ambiente: 

- Precisamos ter mais consciência das mudanças climáticas do mundo e da necessidade de reverter esse quadro de poluição, principalmente com o uso da bicicleta.

Os participantes receberam material educativo sobre a importância do uso de bicicletas, brindes e kits de saúde bucal. 

- Estamos comemorando a semana da mobilidade sustentável, movimento mundial que se originou na Europa e vem alertando o mundo inteiro sobre a utilização racional do automóvel e a importância do transporte alternativo para o meio ambiente, especialmente a bicicleta. Por isso, devemos oferecer rotas seguras para o ciclista pedalar, com vias compartilhadas, ciclofaixas e ciclovias isoladas. As pessoas não precisam abrir mão do carro, mas pensar duas vezes sobre a necessidade de usar o automóvel, se isso é a melhor coisa para a vida delas - disse o subsecretário.