Secretaria Municipal de Cultura - SMC
SALA DO MEMORIAL GETÚLIO VARGAS GANHA NOME DA CANTORA ZAÍRA DE OLIVEIRA

Programação cultural contou com a presença da família da homenageada


16/08/2017 12:17:00


Uma noite de muita música, dança e literatura. Este foi o tom da homenagem à cantora lírica Zaíra de Oliveira, que agora dá nome ao auditório do Memorial Getúlio Vargas, na Glória. O evento aconteceu no último dia 17 de agosto e reuniu diversos segmentos das artes e representantes do poder público, entre eles o ator e produtor cultural Haroldo Costa, o assessor da diretoria da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Ricardo Cota, representando o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão, e a secretária municipal de cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira. "O nome de Zaíra de Oliveira é fundamental para a afirmação da nossa arte. Como primeira cantora negra a fazer sucesso no Século XX, ela é um exemplo de resistência e talento", declarou.

 

 

Após o descerramento da placa com uma breve biografia da cantora feito com a presença de netos e bisnetos de Zaíra de Oliveira, o público presente acompanhou números de dança, música e leitura de textos inspirados na obra da artista. A bailarina Sarah Melissa apresentou um número de balé ao som de uma das árias da ópera Tosca, de Giácomo Puccini. Em seguida, as intérpretes criadoras Hágata Viana Pires e Morena Paiva realizaram uma performance ao som de músicas de Zaíra. A escritora Lia Vieira leu um poema escrito por ela própria dedicado a Zaíra de Oliveira. Também participou da leitura de textos a produtora cultural Pituka Nirobe.

As cantoras Sheyla Borges e Neyriellen Ferreira deram voz a canções interpretadas por Zaíra no início do Século XX. Um dos momentos de grande emoção foi o discurso do cantor Felipe Adetokunbo, que falou sobre racismo. "Isso tem que acabar. Não podemos mais conviver com atitudes de discriminação. Esse mal continua infelizmente nos nossos dias", desabafou o jovem intérprete, lembrando o fato de Zaíra de Oliveira não ter usufruído, por ser negra, de uma viagem à Europa concedida como prêmio pelo primeiro lugar em um concurso promovido pela Escola Nacional de Música, realizado em 1921.  

 

 

CARTAS PARA ZAÍRA

Na entrada da exposição dedicada a Getúlio Vargas, o visitante pode conferir 38 textos escritos por alunos da Escola Municipal Orsina da Fonseca, instituição de ensino em que Zaíra de Oliveira lecionou. Renato Maracajá, aluno do 9º ano do ensino fundamental, representou as duas turmas que produziram cartas destinadas à cantora. "Foi muito importante para a gente fazer essa ponte com o passado e poder realizar essa atividade de apresentar o nosso mundo atual para uma personagem que viveu em outra época. Os textos dos alunos são surpreendentes, com muita qualidade", elogiou o aluno.

 

         

 

A professora de Língua Portuguesa da escola Orsina da Fonseca, Elizabeth Cabanez, destacou a iniciativa da escrita de cartas para Zaíra. A Secretaria de Cultura nos fez essa proposta e incluímos na nossa programação de atividades. Realizamos debates e divulgamos a história de Zaíra de Oliveira. A resposta dos alunos foi a melhor possível, com excelentes textos", disse a professora. A diretora da escola, Kátia Daim, também ressaltou a importância do trabalho realizado em parceria com a Secretaria. "Fomos procurados pelo gerente de articulação Jorge Matias e pela subsecretária Lilia Gutman. O resultado foi excelente e o trabalho dos nossos alunos reflete qualidade desta ação".

 

 

ZAÍRA DE OLIVEIRA – A VOZ DO CLÁSSICO E DO POPULAR
 

Primeira cantora negra a alcançar espaço de destaque na música brasileira no início do Século XX, Zaíra de Oliveira nasceu em 1891, no Rio de Janeiro. Estudou canto lírico no Instituto Nacional de Música (atual Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

 

 

Dona de um talento singular, a soprano foi a primeira colocada em um concurso realizado na Escola Nacional de Música, em 1921. O prêmio seria uma viagem à Europa, mas, por ser negra, não lhe foi dado. Fez parte do Coral Brasileiro, composto, entre outros nomes, pelos consagrados Nascimento Silva e Bidu Sayão.

Em 1940, acompanhou o compositor Donga na histórica gravação no navio Uruguai (projeto de mapeamento da música popular brasileira realizado pelos maestros Leopold Stokowski e Villa-Lobos, que deu origem ao disco Native Brazilian Music). 

 

 

O embaixador Paschoal Carlos Magno referia-se a Zaíra como uma das maiores cantoras negras do mundo. Ela morreu em 1951, deixando um legado de união entre o clássico e o popular, construindo uma obra artística marcada pela diversidade musical.