Os quase 900 alunos da Escola Municipal Aleksander Henryk Laks, no Anil, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, fizeram nesta sexta-feira (10/08) uma homenagem ao judeu polonês radicado no Brasil que dá nome à unidade. O prefeito Marcelo Crivella participou do evento, em que foi criado um coral e inaugurado um memorial com o nome do presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista, falecido em 2015, aos 88 anos.

"Tenho ido a muitas escolas, visto muitas apresentações lindas, mas essa me tocou de uma forma ainda mais especial. O que vocês fizeram é importante, porque nos faz refletir sobre perigos do passado, passagens tristes da História. Quando não vigiamos, não alimentamos a memória, ficamos suscetíveis à sua volta. Então é importante sempre cultuar a memória de homens como Aleksander Laks, que não nos deixou esquecer o horror do Holocausto. Não porque ele queria ficar remoendo coisas ruins, mas, justamente, para não repetir a História", comentou Crivella. 

No Memorial, as imagens trazem também à lembrança o homem que construiu uma história de vida feliz no Brasil, apesar de ter sobrevivido, ainda menino, a seis anos em campos de concentração, um deles Auschwitz, na Alemanha nazista. 

"Essa escola é a cara do meu pai. Certamente, ele iria gostar de conhecer esse ambiente alegre que encontrei aqui. Estamos num momento da nossa cidade em que é importante divulgarmos mais agendas positivas, como a que estou presenciando nesta escola", afirmou Jerson Laks, filho do homenageado. 

A escola oferece aulas de música, karatê, bordado, dança, pirografia (desenho em madeira), crochê, bijuteria, histórias em quadrinhos, cinema e teatro. Hoje, a unidade atende 906 alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II, a maioria formada por crianças e adolescentes da comunidade da Gardênia Azul.

"Foi muito emocionante contar com a presença do prefeito, pois apresentar um pouco do que realizamos no dia a dia é sempre muito emocionante e gratificante. Nossa escola leva um nome muito significativo de um ser humano sem igual, temos muita responsabilidade em manter os ideais dele e do povo judeus vivos. Por conta disso, fizemos um lindo memorial para eternizar sua história", disse a diretora da escola, Fernanda de Barcellos de Mello. 

SOBRE ALEKSANDER HENRYK LAKS

Aos 11 anos de idade, em 1939, Laks foi confinado no Gueto de Lôdz, uma área industrial criada pelos nazistas alemães na Polônia com capacidade para apenas 25 mil pessoas. Dos 165 mil judeus que estiveram naquele gueto, apenas 1.600 sobreviveram. Em 1944, ele foi enviado para o campo de concentração de Auschwitz.

Foi presidente da Sherit HaPleitá (Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista) e autor dos livros "O Sobrevivente – memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz" e "Mengele me Condenou a Viver".

A história de Laks também foi contada no livro "Sou Feliz, Acredite!", dos jornalistas Mônica Bernardes e Mauro Tertuliano, editado pela BestSeller (grupo Record), e finalista do Prêmio Jabuti na categoria Reportagem. A obra, lançada em 2010, narra 13 histórias de superação, inclusive a do sobrevivente do Holocausto.

Em 2013, participou como depoente do filme documentário premiado "O Relógio do Meu Avô", do diretor Alex Levy-Heller.