09/03/2018 13:15:00
Promover o acesso à cultura e à cidadania para crianças em idade escolar das regiões mais pobres da cidade. Esta é a missão do projeto "Arte Escola Territórios Sociais", lançado nesta sexta-feira (09/03) pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC). Até o mês de maio, 100 unidades da rede municipal de ensino serão palcos de oficinas das mais variadas linguagens artísticas, entre elas cinema, teatro, música, dança, folclore, artes visuais e artesanato. A iniciativa beneficiará escolas nas regiões do Centro, Zona Oeste e Zona Norte, incluindo comunidades em áreas conflagradas como Mangueira, Jacarezinho, Complexo da Maré, Rocinha, Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Manguinhos. Nesta última, a escola escolhida para inaugurar o projeto foi o CIEP Vinicius de Moraes, onde também aconteceu a cerimônia de lançamento, na manhã de hoje.
- Sou uma entusiasta da união entre cultura e educação. E é preciso que também haja no Rio de Janeiro uma intervenção cultural. Porque é isso que vai escrever a nova história social desta cidade. Não há alta ou baixa cultura, mas uma cultura nas mais variadas linguagens. É minha missão dar acesso e fortalecer a linguagem do que o nosso povo produz. É em cima disso que precisamos trabalhar – disse a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira.
A escolha das escolas que receberão as oficinas baseou-se no baixo Índice de Desenvolvimento Social (IDS) das áreas onde estão localizadas, segundo mapeamento de estudo realizado pelo Instituto Pereira Passos (IPP). Já os oficineiros foram selecionados por meio de edital da SMC, lançado em julho de 2017, que premiou cada um com R$ 8 mil. O Prêmio Arte Escola Territórios Sociais distribuiu um total de R$ 496 mil, já integralmente pagos pela SMC. Ao todo, 62 produtores culturais, entre pessoas físicas e jurídicas, foram contemplados e vão ministrar as oficinas nas unidades.
- Para nós é uma honra ser uma das escolas selecionadas. É muito importante para a unidade o que esse projeto proporcionará: o acesso das nossas crianças à arte, através do contato com a literatura - afirmou a diretora do CIEP Vinícius de Moraes, professora Vera Lúcia Teixeira.
Ao ser criado, o Prêmio Arte Escola proporcionou o acesso de produtores culturais com os mais diversos perfis artísticos, sociais e de localização geográfica. Um deles é Mark Araújo Coelho, mais conhecido como "Mr. Mark", representante da Rede Raízes Urbanas, da ONG Polo do Conhecimento.
Durante a cerimônia, ele destacou o caráter inclusivo da iniciativa, bem como o acesso à cultura para aqueles que não dispõem de muitos recursos. Seu projeto, Cultura Consciente, levará as danças clássica e urbana a várias escolas da rede.
- Agradeço, primeiramente, pela oportunidade maravilhosa que nos foi dada pela Prefeitura do Rio de participarmos de um edital tão importante para as comunidades carentes. A prefeitura está oportunizando a crianças e jovens terem acesso aos mais diversos segmentos da arte e da cultura, além de facilitar o trabalho de produtores pequenos que atuam no segmento cultural há anos. Se é importante para nós, produtores, é muito mais para aqueles que têm a oportunidade de participar das oficinas - falou.
Professor de dança e desenho artístico, o carioca Jefferson da Silva Teodoro comemorou a oportunidade de ensinar aquilo que mais ama fazer na vida para as crianças e jovens de comunidades carentes da cidade:
- Além de ser um projeto de extrema importância para o meu desenvolvimento pessoal e cultural, verei as crianças de hoje terem acesso a coisas que, na minha época, não foi possível. O professor não só ensina, mas aprende também com cada aula, cada aluno. É importante levar a arte para outras pessoas, uma vez que ela é fundamental para o desenvolvimento da alma de alguém. Sou extremamente grato por participar do projeto e poder transmitir meu conhecimento às crianças.
Representando a Secretaria Municipal de Educação, a professora Talma Romero Suave, também chefe de gabinete do secretário César Benjamin, também falou sobre a importância do projeto e desejou sorte a todos os envolvidos:
- Que façamos um belíssimo trabalho.
A cerimônia de lançamento do projeto Arte Escola foi marcada por belíssima apresentação de alunos do Núcleo de Arte Nise da Silveira, em Higienópolis, Zona Norte da cidade. No repertório, MPB e sambas de grupos renomados, como Revelação. Após a apresentação, o grupo foi agraciado com livros. A solenidade também marcou a entrega dos certificados de participação no projeto aos produtores selecionados no edital.
O evento também foi acompanhado pela subsecretária de Identidade Cultural da SMC, Lilia Gutman, funcionários da secretaria, professores e alunos da escola.
Conheça algumas oficinas
Na oficina "Corpo Brinquedo", alunos de todas as idades conhecerão a proposta de consolidar o espaço escolar como um polo de referência para o movimento a partir das artes integradas como dança, teatro e música de forma lúdica e cooperativa. O projeto será realizado no Ciep Patrice Lumumba (Del Castilho), nas Escolas Municipais Augusto Frederico Schmidt (Engenho de Dentro), José Moreira da Silva (São Cristóvão), Mestre Darcy do Jongo (Madureira) e no Espaço de Desenvolvimento Infantil Chácara do Céu (Tijuca).
Alunos de 6 a 15 anos do CIEP Presidente Samora Machel (Bonsucesso), da Escola Municipal Emilinha Borba (Sepetiba) e do Espaço de Desenvolvimento Infantil Frota Pessoa (Inhaúma) vão receber o "Encontro da Crespa", atividade com debates (para desmitificar olhares) sobre o corpo do negro e sua importância na sociedade.
O funk será a atração para os alunos a partir de 12 anos da Escola Municipal Lima Barreto (Realengo), que participarão da oficina "Hip Funk". O projeto inclui batalhas e oficinas de break e passinho, palestras, oficina de produção cultural, cineclube, exposições, grafites e shows.
A Escola Municipal Nelson Romero (Sepetiba) vai receber o "Caminhos Ciganos", projeto que acontece desde 2009 na Lona Cultural Terra, em Guadalupe. A proposta inclui oficinas de dança que, segundo os oficineiros, possuem o objetivo de proporcionar conhecimento sobre diversas culturas e povos e, especificamente, diminuir o olhar preconceituoso acerca do povo cigano.
Para apresentar o mundo do circo aos alunos do CIEP Antonio Candeia Filho (Acari), o projeto "Palhaçadaria" vai começar os encontros ensinando o conceito de ser palhaço para, na sequência, apresentar a formação artística dessa arte secular.
Informações: Secretaria Municipal de Cultura
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