Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Hortas comunitárias geram renda e alimentação saudável para os cariocas

21/12/2017 14:21:00


À porta de entrada de uma horta na subida para o Morro da Formiga, uma moradora da comunidade esconde-se sob um guarda-chuva para fugir da garoa fria de uma manhã de terça-feira. Ressabiada, ela observa a movimentação diferente no local por alguns instantes, e então chama pelo hortelão. "Seu Orlando, tem uma couve pra mim hoje?". Orlando de Almeida Ribeiro, um dos responsáveis por cuidar do cultivo ao pé do morro, diz que não, mas oferece outros legumes e verduras para a visitante.
 
"A maioria dos moradores não tem condições de comprar, então eu dou pra eles uma bolsa com o que a gente produz", explica ele, que trabalha com outras quatro pessoas.
 
A plantação comunitária administrada por Orlando faz parte do programa Hortas Cariocas, da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma). Um dos objetivos da iniciativa é fomentar a agricultura urbana, identificando locais com potencial para o cultivo de alimentos orgânicos. Para incentivar a participação no programa, a Prefeitura paga uma remuneração mensal aos hortelãos. Em troca, eles separam metade da produção para doar a creches, asilos, abrigos e escolas municipais do entorno da horta. A outra metade pode ser vendida, gerando renda para o grupo.
 
"A meta é chegar num ponto em que as hortas se emancipem da Prefeitura, que a renda obtida com a venda da produção ultrapasse o valor das bolsas que eles recebem. O projeto tem um fim: ou a equipe se emancipa ou ela é paralisada", explica Julio Cesar Monteiro, engenheiro agrônomo da Seconserma.
 
Em seus 11 anos de existência, o projeto já passou por mais de 60 pontos do Rio de Janeiro, e atualmente existem 36 hortas com equipes remuneradas espalhadas pela cidade – as últimas delas concentradas na Zona Oeste, uma região com maior aptidão agrícola. Além disso, há cultivos apoiados pelo programa de outras maneiras, como fornecimento de sementes, ferramentas e visitas técnicas. Em 2017, o investimento da Seconserma no programa, com pagamento de bolsas, foi de 630 mil reais.
 
No Morro da Formiga, a equipe da horta construiu uma relação de proximidade com os moradores. Toda a produção é orientada para a preferência de consumo das pessoas da comunidade, como taioba, salsa, coentro, cebolinha, alface, couve, chicória e almeirão. As crianças da Escola Municipal Jornalista Brito Broca e da Creche Municipal Doutor Ronaldo Gazolla, que ficam perto da horta, também participam das atividades, aprendendo sobre as técnicas de cultivo e colocando a mão na massa – há plantações feitas por elas nos canteiros da horta. Os pequenos ainda atuam como vetores do projeto, contando sobre a horta para os pais e familiares, que acabam se interessando.
 
"Aqui deve ter umas 40 famílias que têm uma horta em casa orientadas por mim. O espaço não é grande, mas dá pra plantar um tempero, uma salsa, uma cebolinha. A semente a gente fornece", conta Orlando.
 
Segurança alimentar
 
O Hortas Cariocas, ao incrementar a produção agrícola em áreas urbanas, também democratiza o acesso a alimentos orgânicos, pois o preço cobrado dos moradores é menor. No caso do Morro da Formiga, o cultivo também desestimula a ocupação de áreas de risco.
 
"Essa área aqui é de encosta e imprópria para a ocupação humana, mas provavelmente estaria ocupada se a horta não estivesse aqui", afirma Julio Cesar.
 
Quem tiver interesse em participar do Hortas Cariocas, pode mandar um e-mail para aline.hortascariocas@gmail.com ou julioce.barros@smac.rio.rj.gov.br para mais informações.



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