A Prefeitura do Rio realizou, na manhã deste domingo (18/12), a primeira viagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no trecho da Etapa 2 entre as paradas Saara (em frente à Praça da República) e Praça XV. Com o objetivo de garantir que a população se adapte ao sistema e aprenda a conviver de maneira segura com os bondes no novo trecho, será implantado o mesmo procedimento utilizado na Etapa 1 (Rodoviária-Santos Dumont), quando os trens circularam, primeiramente, em operação assistida durante o período noturno e, posteriormente, durante o dia. Por conta da tradicional e intensa movimentação do comércio durante as festas de fim de ano, a circulação diurna com passageiros só terá início no próximo mês, quando também terá início a operação comercial do VLT (prevista para a segunda quinzena de janeiro).

Além de representantes do governo municipal e da Concessionária VLT Carioca,o trajeto foi acompanhado por profissionais de imprensa.

- Esse novo trecho vai permitir a integração com mais um modal, que são as barcas da Praça 15, possibilitando que seus passageiros possam utilizar metrô e ônibus. O sistema tem a função de fazer com que as pessoas, ao passarem, de um modal para o outro, possam sempre utilizar o VLT. Ou seja, é a confirmação de tudo aquilo que sempre pensamos a respeito da utilização do sistema no Centro e na Região Portuária - afirmou o secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas da prefeitura, Jorge Arraes.

Ele acrescentou que, no próximo ano, será dada a continuidade às obras da Etapa 2, entre a Saara e a Central do Brasil, que se interligará com a Etapa 1. Assim que estiver completa, fará o trajeto Central-Praça 15. Além disso, será concluída a Etapa 3 (Central-Santos Dumont).

- Já tínhamos deixado essa etapa, que passa pela Marechal Floriano, para 2017. Na época das obras do Porto optamos por não realizá-la por uma questão de trânsito. Mas será concluída no primeiro trimestre do próximo ano, completando os 28 km de VLT na cidade - concluiu Arraes.

Assim que entrar em circulação, os passageiros da Etapa 2 terão acesso às paradas Praça Tiradentes e Colombo, na altura da Avenida Rio Branco, fazendo a conexão com o eixo Rodoviária-Santos Dumont na parada Sete de Setembro. O percurso da Etapa 2 abriga um pólo cultural, comercial e gastronômico que resgata a história do Rio de Janeiro. Parte dos 500 achados arqueológicos das obras foi encontrada neste trajeto. O calçamento "pé de moleque" da Rua da Constituição, por exemplo, datado do século XVIII, teve um trecho de 15m², com 343 pedras, preservado entre os trilhos do bonde, na altura do número 13 daquela rua.

Morador da Rua do Riachuelo e proprietário de uma loja de malas na Saara, Gabriel Elísio afirmou que a nova estação trará mais visibilidade para o seu estabelecimento, além de facilitar o deslocamento pela cidade:

- A inauguração de mais um trecho do VLT trará um incremento enorme para o comércio da região. Além de favorecer a passagem de pedestres na região, será fundamental para os comerciantes sob o ponto de vista do deslocamento para buscar alguma mercadoria. Será muito mais fácil transportar mercadoria de um lugar a outro. Nunca tive a oportunidade de andar de VLT e agora conto com uma estação na frente da minha loja. Estou muito feliz.

Inaugurado em 5 de junho deste ano, o novo meio de transporte do Rio registrou, em seis meses de operação, 25.365 viagens e mais de 4 milhões de passageiros transportados no trecho Rodoviária-Santos Dumont, sem registro de incidentes. A evolução do serviço se deu de forma gradual. Começou com três horas de operação, oito paradas e intervalos de 30 minutos até transportar diariamente das 6h à meia-noite em 17 paradas. Os intervalos variam entre 8 e 20 minutos, a depender do horário e demanda, com serviços entre Rodoviária/Santos Dumont e Parada dos Navios/Santos Dumont.

Durante o período, o tempo de percurso também evoluiu. Atualmente, a viagem completa do trajeto é feita, em média, em 32 minutos, considerando os dois sentidos. É uma redução de 30% em relação a julho, quando o serviço começou a ser realizado em todo percurso. Além disso, para atender a demanda, o sistema conta hoje com nove composições em circulação diária. Ao todo, são 17 VLTs que se revezam nessa operação dos 23 que já se encontram no Rio (os seis demais estão em testes).

O serviço começou de forma gratuita e, em 26 de julho, teve início sua operação comercial. Hoje, o usuário tem direito a permanecer uma hora no sistema a partir da primeira validação, desde que viaje sempre no mesmo sentido. No mês de setembro começou a fiscalização da validação dos bilhetes dentro das composições, realizada em parceria com a Guarda Municipal.

Gerente de uma rede de lanchonetes na Praça 15, a moradora de Nova Iguaçu Ana Lúcia Marques, de 40 anos, ressaltou que além de atrair mais clientes, a reformulação da Praça 15 e a chegada do VLT à região beneficiará também aqueles que vêm de longe para trabalhar no Centro:

- Quem desembarca na Central do Brasil, como eu, não precisará mais percorrer grandes distâncias para acessar as estações de metrô e os pontos dos ônibus para chegar ao Centro. A estação na Praça 15 vai facilitar a vida de muita gente que trabalha na região. Além disso, será fundamental para diminuir o fluxo nos ônibus, que estão sempre lotados. Sempre trabalhei aqui e só posso dizer que as transformações ocorridas no Centro e Região Portuária mudaram o Rio para melhor. Sem falar que o número de clientes dobrou as obras na Praça 15.