Cultura brasileira e mensagens ecológicas marcam abertura dos Jogos Olímpicos no Maracanã
06/08/2016 08:06:00 » Autor: Fotos: Beth Santos

Entre os destaques da cerimônia está o plantio de sementes pelos 11 mil atletas que desfilaram pelas 207 delegações presentes à 31ª Olimpíada. Depois de serem cultivadas em um viveiro por um ano, as mudas de 208 espécies serão plantadas no Parque Radical de Deodoro, dando origem à Floresta dos Atletas.
A ação não poderia estar mais alinhada com a proposta da cerimônia, dirigida pelos cineastas Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas, que teve mensagens sobre questões ambientais como a emissão de gás carbônico, o aquecimento global e o aumento do nível do mar; e a leitura do poema "A flor e a náusea", de Carlos Drummond de Andrade, pela atriz Fernanda Montenegro; além da formação dos arcos olímpicos, tradicionalmente nas cores amarelo, vermelho, azul, verde e preto - representando os cinco continentes -, feita com plantas.
Pela primeira vez na história dos Jogos, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, entregou o prêmio Láurea Olímpica, que a partir desta edição vai homenagear atitudes que contribuam com ideias ou valores nos campos da cultura, desenvolvimento ou à paz por meio do esporte, ao atleta queniano Kipchoge Keino.
A cerimônia começou com a criação da vida no Universo, precedida por uma impressionante tempestade. A partir dela, a formação das florestas e a origem do povo brasileiro ganharam destaque com a presença de dançarinos de Parintins representando os povos indígenas, antes da chegada de portugueses, africanos, árabes e japoneses. Em seguida, florestas e campos deram lugar a metrópoles formadas por 73 caixas de papelão que, na sequência foram transformadas no 14 Bis, avião pilotado por Santos Dumont.

De volta ao Maracanã, a modelo Gisele Bündchen desfilou ao som de "Garota de Ipanema", interpretada ao piano por Daniel Jobim, neto do compositor. A apresentação abriu um bloco musical que percorreu diferentes estilos musicais. A cidade se transformou em favela com Cristian do Passinho dançando ao som do "Rap da Felicidade", interpretado por Ludmilla. Em seguida, Elza Soares cantou "Canto de Ossanha", de Baden Powell e Vinicius de Moraes. Zeca Pagodinho e Marcelo D2 formaram um dueto representando a malandragem do Rio de Janeiro. E Karol Conka e MC Soffia também subiram juntas ao palco para cantar "Toquem os Tambores", composta por elas para a cerimônia. Encerrando os números musicais, antes do desfile das delegações, Jorge Benjor levantou o público ao som de "País Tropical".
Alterando a ordem tradicional da cerimônia, normalmente encerrada pela passagem dos atletas, delegações de 205 países, além de uma independente e outra de refugiados, desfilaram pelo centro do Maracanã, em uma passarela que reproduzia a areia da Praia de Copacabana. Última a desfilar, a delegação do Brasil trouxe 465 atletas, sob o comando da porta-bandeira Yane Marques, bronze no pentatlo moderno nos Jogos de 2012 (Londres), ao som de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso.
Seguindo o protocolo da cerimônia, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos e do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, e do COI, Thomas Bach, discursaram dando as boas-vindas às delegações e parabenizando o Rio de Janeiro pelos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul.
Na sequência, cerca de 40 crianças do Projeto More, ONG que oferece aulas de música, esportes e dança, cantaram o Hino Olímpico, antes da leitura do Juramento Olímpico pelo velejador Robert Scheidt.

Encerrando a cerimônia, o ex-tenista Gustavo Kuerten trouxe a tocha olímpica para entregar à ex-jogadora de basquete Hortencia que, por sua vez, passou-a ao ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que acendeu a Pira Olímpica, que se transformou em um sol, no Maracanã. A chama olímpica foi levada para o Boulevard Olímpico pelo jovem Jorge Gomes, 14 anos, atleta da Vila Olímpica da Mangueira. A chama ficará acesa próximo à Candelária e, pela primeira vez na história dos Jogos de verão, fora de um estádio.
Maracanã recebeu público entusiasmado
Para os 60 mil espectadores que estiveram no Maracanã, a festa começou antes mesmo da abertura dos portões às 16h30. Vestidos de Zé Carioca e Carmem Miranda, Carlos Henrique Félix, 49 anos, e sua tia Maria de Lourdes Pereira, 74 anos, chamavam atenção nos arredores do estádio. A dupla se fantasia assim em grandes eventos esportivos da cidade desde 2008, por acreditar que os personagens são símbolos do Rio e do Brasil.
- Vim para me divertir. Sou carioca da gema do ovo - disse Maria de Lourdes.
Próxima a uma roda de capoeira, a paulista Neuci dos Santos veio para a cidade com um grupo de 40 pessoas.
- Viemos rezar pelo Rio e trazer amor e paz - garantiu a professora de inglês, que pretende assistir a um jogo de vôlei de praia em Copacabana.
Dentre os milhares de turistas e cariocas, uma família chamava atenção. Wellington Gomes, de 59 anos, veio de Curitiba com a esposa, os dois filhos e o neto Benjamin, de apenas nove meses. Sentados em um gramado no entorno do Maracanã, fizeram uma parada para preparar a alimentação do pequeno.
- Este dia já entrou para a história de toda a minha família - comentou Wellington, que já assistiu ao jogo Portugal x Argentina, no Engenhão, na quinta-feira.
Os irmãos mexicanos Arturo e Roberto Hermossilo, de 34 e 29 anos, chegaram à cidade na quarta-feira (03/08) e estão encantados com a beleza cidade.
- O clima olímpico está deixando o Rio ainda mais belas. Não tive dificuldades para chegar ao Maracanã. Estou impressionado com tamanha organização - destacou Arturo.
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