Multidão celebra o espetáculo da Pira Olímpica na Esplanada da Candelária
06/08/2016 03:42:00 » Autor: Ricardo Albuquerque # Fotos: J.P.Engelbrecht e Paulo Araújo

— Estou sabendo que vou entrar para a história e ficar bem famoso. Não esperava ser escolhido para fazer isso porque é muita coisa boa. Daqui a pouco, espero estar participando das Olimpíadas — disse Jorge Alberto de Oliveira Gomes, que pratica atletismo na Vila Olímpica da Mangueira e foi o último condutor da Tocha Olímpica após receber a chama-olímpica na Avenida Presidente Vargas, que veio de carro do Maracanã para cumprir a etapa final da solenidade.
O acendimento da pira na Candelária encerrou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (41ª edição), que começou no Estádio do Maracanã, onde o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima teve a honra de dar vida à chama, às 23h49 desta sexta-feira (05/08), diante de 70 mil espectadores. Com quatro horas de duração, o espetáculo surpreendeu pela criatividade, beleza e tecnologia ao contar a história do planeta, usando a formação da cultura brasileira como protagonista . Os últimos minutos deslumbraram o público com a levitação da Pira Olímpica entorno de uma escultura cinética do artista plástico Anthony Howe, que faz alusão ao sol, principal símbolo de energia da Via Láctea.
Quem não comprou ingresso para a cerimônia teve a oportunidade de participar da festa dos Jogos Rio 2016. O Boulevard Olímpico recepcionou e acolheu estrangeiros, turistas nacionais e cariocas. Diversos telões transmitiram ao vivo a solenidade que valorizou a paz entre os povos, enalteceu a importância da diversidade e deixou uma mensagem de sustentabilidade. Na Praça Mauá, o palco Encontros reuniu milhares de pessoas em busca de diversão.

A família Jaeger deixou o veículo na casa de parentes em Vicente de Carvalho, e seguiu de metrô até a estação Carioca, de onde andaram a pé para chegar ao Boulevard. O mesmo caminho fizeram os argentinos Ortiz Leandro, 34, Ortiz Alejandro, 32, Augustín Stamtti, 31 e Paulo Gottardo, 36. Os amigos viajaram de avião, mas na cidade carioca dão preferência ao metrô para se deslocar, especialmente durante as competições esportivas.
— O Rio está de parabéns. Esse lugar onde a gente está é realmente maravilhoso. O clima não poderia ser melhor. Vamos torcer pela Argentina, mas quando o nosso país não competir seremos brasileiros — garantiu Ortiz Leandro, garçon de um restaurante em Buenos Aires.

— Minha mulher ficou com o nosso bebê de dois meses em casa, torcendo para a gente voltar logo (risos). Esse momento é tão especial que fiz questão de vir aqui. Essa experiência de sediar as Olimpíadas vai mudar a nossa história, mesmo que o futebol não ganhe medalha. A gente já garantiu o ouro com tanta coisa acontecendo na cidade. Neste momento, sinto orgulho de ser brasileiro.
Para garantir lugar bem próximo à pira, os irmãos Kaleb e Suzana Nascimento de Aguiar, 19 e 24 anos, chegaram com três horas de antecedência à Esplanada da Candelária. Moradores de Anchieta, eles pegaram o metrô na Pavuna e desceram na Uruguaina, munidos de bandeira, arco e camisa com as cores do Brasil. Em frente à pira, fizeram amizade com Eduardo Diniz de Lima, 19, que chegou de Foz de Iguaçu há dois dias.
— É como se estivéssemos indo a um show. Pegar o lugar na frente vale a pena porque assistimos o espetáculo sem problemas. Esse ponto da cidade está deslumbrante, digno de primeiro mundo — reconheceu Suzana.

Há seis meses no Rio, o casal manauara de psicólogos Alexandre Oliveira Marques, 36, e Adria Iglesias Martins Reis, 25, acompanharam a transformação de uma região da Barra da Tijuca, onde está o Parque Olímpico, por isso fizeram questão de vir a festa para conferir como ficou o Boulevard Olímpico.
— A festa da pira foi linda, mas as pessoas precisam ocupar esse lugar após as Olímpíadas. Sem dúvida, isso aqui é um legado muito democrático, onde todas as diferenças podem conviver — concluiu Alexandre.