Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Planetário do Rio completa 45 anos de jornadas nas estrelas

17/11/2015 11:39:00  » Autor: Marco Antonio Costa / Fotos: Raphael Lima e Divulgação


Um ano após a chegada do homem à Lua, o município ganhou a Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, inaugurada no dia 19 de novembro de 1970. Há 45 anos, o complexo dedicado à Astronomia, situado na Gávea, oferece cultura, ciência e lazer à população carioca e demais visitantes, tornando-se sinônimo de diversão. A instituição atende, anualmente, cerca de 450 mil pessoas, entre elas público escolar e espontâneo.  

 

- Essa é uma marca da qual nos orgulhamos muito e nos empenhamos diariamente para que esse número seja cada vez maior e os cariocas tenham acesso à Ciência e Cultura de qualidade na cidade do Rio - comentou a presidente da Fundação Planetário, Tanize Richa.

 

Entre as comemorações no mês de aniversário, está a abertura da exposição "Planetário do Rio: 45 anos de história", que conta, em forma de imagens e texto, a trajetória da Instituição. Os interessados poderão encontrar fotografias da construção do prédio, registros de projetos e atividades que foram realizadas durante esse período, além de uma coletânea dos melhores momentos do Planetário, que será exibida em videowall.

 

Quando se fala em momentos marcantes, não se pode deixar de relembrar a última passagem do cometa Halley nas proximidades da Terra. Esse episódio é considerado pelo diretor de Astronomia da Fundação Planetário, Fernando Vieira, como um dos mais importantes que viveu no observatório da Gávea.

 

- Em 1986, todos os astrônomos se prepararam para a passagem do cometa Halley, que depois de 76 anos retornava bem próximo à Terra. Os relatos de sua passagem em 1910, quando o nosso planeta cruzou a cauda do Halley, e depoimentos extraordinários da época criaram uma grande expectativa. No Planetário, preparamos várias atrações para divulgar o fenômeno: observações telescópicas, exposição com informações técnico-científicas e um programa especial: "Eu vi o cometa Halley" - contou com entusiasmo o astrônomo, que acrescentou:

 

- Milhares de pessoas vieram ao Planetário nas semanas vizinhas a grande aproximação do cometa. Foi emocionante ver a alegria do público, principalmente das crianças  ao observarem o astro. Igualmente emocionante foi recebermos treze pessoas que observaram o cometa Halley em 1910 e tiveram a oportunidade de revê-lo pela segunda vez em 1986. Várias crianças e jovens daquela época tiveram seu interesse pela Astronomia despertado.

 

O Planetário do Rio é uma das mais importantes instituições de difusão da Astronomia da América Latina. O local atualmente é composto pelo Museu do Universo, que abriga os experimentos interativos e exposições; Biblioteca Giordano Bruno, com um acervo de 2,5 mil livros; anfiteatro, Auditório Sergio Menge; Praça dos Telescópios; e Cúpulas Galileu Galilei e Carl Sagan.

 

Um ano depois após a sua inauguração, a Fundação já havia oferecido mais de 900 sessões, atendendo cerca de 100 mil pessoas. Naquela década, o Planetário começava a receber atividades promovidas por instituições diversas, tornando-se cada vez mais um polo de ciência e cultura para a cidade. Em 1998, a Cúpula Carl Zeiss, hoje rebatizada Carl Sagan, com 260 lugares, e o Espaço Museu do Universo foram inaugurados. Durante as projeções, o público passou a experimentar sensações inéditas por meio de um programa duplo que combinava a simulação do céu ao cinema hemisférico de 180°. No ano seguinte, os programas interativos compuseram o Museu, que hoje abriga 60 equipamentos.

 

Entre os visitantes mais entusiasmados estão as crianças, que não escondem o quanto ficam encantadas com a magia das galáxias. Um dos espaços mais procurados é a Nave Escola, onde a evolução da vida no universo, desde a formação da Terra, há 4,6 bilhões de anos, até o surgimento do homem no planeta, há dois milhões de anos, é exibida com textos e imagens numa sala futurista. A menina Laís Xandó, de cinco anos, adorou conhecer o simulador de comando da Nave:

 

- Eu apertei os botões ao lado da cadeira e apareceu o sol naquela televisão - contou a menina, apontando para o monitor. Laís veio de Ribeirão Preto com sua mãe Tatiana Xandó, de 42 anos, que visitaram o local pela primeira vez:

 

- Antes de virmos, mostrei para ela a Via Láctea pelo computador e estudamos coisas como o primeiro homem a pisar na Lua (Neil Armstrong), em 1969. O universo instiga as crianças e os adultos a aprenderem mais sobre onde vivemos. Sou bióloga e fico fascinada com esta temática. Em São Paulo, o planetário está fechado há seis anos e faz muita falta.

 

Outra iniciativa que marca a história do Planetário é a modernização da Cúpula Galileu Galilei, em 2011, tornando-se um planetário digital. O ambiente, que tem capacidade para 90 pessoas, recebeu um novo sistema digital fulldome, que proporciona aos espectadores a sensação de imersão durante as projeções. As poltronas, o piso e os equipamentos de áudio também foram substituídos a fim de oferecer aos visitantes mais conforto durante as sessões.

 

Todas essas novidades são apresentadas pelo astrônomo Wailã Cruz, 40 anos, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, desde 1996, na Fundação Planetário. Ele coordena o curso de monitores da Instituição, programa que capacita jovens estudantes do ensino médio, todos vindos da rede pública de ensino, para o trabalho de Guia de Visitantes do Planetário.

 

- Eu procuro mostrar para esses jovens que a Astronomia é a ciência que desperta as pessoas para o conhecimento, não só o saber científico, mas o interesse pela cultura em geral. Precisamos de iniciativas como essa em todo o país. Nós temos uma extensão do Planetário na Zona Oeste, especificamente em Santa Cruz. É um verdadeiro polo de aprendizado numa região carente da cidade - observou o astrônomo.

 

Atualmente está sendo formado um novo grupo de mediadores, como o coordenador Wailã prefere chamar. O curso dura um ano e meio e as aulas são diárias. Os alunos recebem ajuda de custo e transporte. Os selecionados recebem contrato para trabalhar no Planetário por um período e muitos deles, ao acabar o ensino médio, optam por dar sequencia aos estudos na área científica, como Meteorologia, Biologia, Astronomia e Física.

 

João Carlos Santos de Oliveira, 17 anos, cursa o segundo ano científico do ensino médio na Escola Estadual André Maurois, situada no Leblon, e está na turma de capacitação de novos monitores:

 

- Acho que o ambiente e todo o aprendizado que temos aqui somam ao que adquirimos na escola. Antes eu não pensava num futuro profissional nesse segmento, no entanto, agora já penso em estudar Astronomia. Novos horizontes começam a se abrir para mim.

 

Entre os cursos mais procurados na Fundação Planetário estão "Identificação do Céu", "Introdução à Cosmologia", "História da Astronomia" e "Astronáutica". Mas a maior parte do público se inscreve nas aulas "Observação do Céu", que acontece toda quarta-feira, gratuitamente, na Praça dos Telescópios.   

 

A fim de promover a inclusão social e a democratização da ciência, a Fundação Planetário leva às comunidades pacificadas do Rio uma noite de observação do céu por telescópio de forma gratuita através do programa "Luneta na Laje". Acompanhado por atividades lúdicas, a iniciativa conta com a orientação dos astrônomos para esclarecer dúvidas dos moradores sobre o Universo. O projeto já visitou comunidades como Santa Marta, Complexo do Alemão, Rocinha, Vidigal, entre outras.

 

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro preza pela sustentabilidade ambiental e demonstra isso não somente em sua estrutura, mas também em suas ações. Prova disso é a conquista, pela terceira vez consecutiva, do Selo Prata ao publicar o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, no Programa Brasileiro GHG Protocol. A elaboração do Inventário visa à mitigação do aquecimento global. Iniciativas de eficiência energética estão sendo elaboradas para que a Instituição possa colaborar com as metas da cidade de redução de emissões. Além disso, suas ações são pautadas por causas sociais e valores humanitários.




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