30/05/2015 16:38:00 » Autor: Flávia David / Fotos: Raphael Lima
O prefeito Eduardo Paes entregou, na manhã deste sábado (30/05), totalmente reformulados, a Rua Barão de São Félix e a Praça dos Estivadores (antigo Largo do Depósito) - sexto e último ponto do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana a ser aberto ao público na Região Portuária. As obras de reurbanização e infraestrutura, executadas pela Concessionária Porto Novo, mobilizaram mais de 100 profissionais na implantação de 2.000 m² de calçadas, 1.000 metros de meio-fio em granito, 1.000 metros de sarjeta e 500 metros de pavimentação.Também foram implantadas redes de esgoto, água e de dutos para rede elétrica na histórica rua, situada entre os morros da Providência e do Livramento e a Central do Brasil. A rua - que se estende por 560 metros de casarios, bares, restaurantes e hotéis - ganhou nova sinalização e seis pontos de travessia segura.
- Estamos falando da recuperação do centro da Região Metropolitana do Rio, uma área da cidade repleta de história. Quando fazemos tudo isso, redescobrimos espaços que muitos não conheciam. Queremos resgatar a alma do carioca, e o projeto Porto Maravilha tem exatamente esta finalidade, e de integrar todas as regiões da cidade - disse o prefeito.
Somadas, as novas redes de infraestrutura na Rua Barão de São Félix
atingem quase 20.000 metros (cinco vezes a extensão da Praia do Leme até o Forte de Copacabana). No subterrâneo, a via conta agora com 1.200 metros de rede de esgoto; três caixas retentoras de sólidos; 700 metros de rede de drenagem e 1.100 metros de rede de água potável. A reurbanização também implantou 10.000 metros de dutos par rede elétrica, 7.600 metros de rede de telecomunicações e 230 instalações de ramais de telecomunicações e de energia, complementados pela construção de 80 caixas de passagem elétricas e de transmissão de dados de telecomunicações.
- O Rio de Janeiro é tão denso de história que posso afirmar que estamos gerando uma outra cidade. Juntamente com as outras intervenções do Porto Maravilha, estamos recuperando áreas funcionais da nossa história, que sempre estiveram ligadas ao trabalho, em suas mais diversas categorias, desde a sua fundação - explicou o presidente do Instituto Rio Patrimônio na Humanidade (IRPH), Washington Fajardo.
Além de uma nova praça, os moradores e pessoas que passam pela Rua Barão de São Félix também ganharam nova cobertura verde. Para deixar a área arborizada, foram plantadas 31 mudas de Lagerstroemia indica, popularmente conhecida como "Resedá". Com as melhorias implantadas, a Concessionária Porto Novo dará continuidade aos serviços de manutenção com a coleta de resíduos domiciliares, comerciais e gerados pelo serviço de varrição. A concessionária também disponibiliza remoção gratuita de entulho de obra residencial. Para se informar sobre os horários dos serviços e solicitar o serviço, é necessário que o morador entre em contato por telefone (0800-8807678).
- O grande ganho para o morador foi ver esse lugar ser restaurado. Moro aqui há cerca de 40 anos e pude acompanhar o crescimento da região. É com grande orgulho que assisto, na primeira fila, ao redescobrimento de um lugar tão importante para a cidade e, especialmente, para a minha vida - afirma o médico baiano Eraldo Bulhões, 71 anos, que chegou à cidade em 1974 e se instalou no bairro da Saúde, onde vive até hoje.
A cerimônia de reinauguração da Rua Barão de São Felix e do Largo do Depósito também foi acompanhada pelo secretário executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho; pelo secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas, Jorge Arraes; pelo presidente da Concessionária Porto Novo, José Renato Ponte; e pelo subprefeito do Centro, Luiz Claudio Vasques, além de representantes do Sindicato dos Estivadores do Rio de Janeiro.
Praça dos Estivadores - Largo do Depósito
Nas últimas décadas, em particular, após o início das obras do Porto Maravilha, estudos e escavações arqueológicas trouxeram à tona a importância histórica e cultural da Região Portuária do Rio de Janeiro para a compreensão do processo da Diáspora Africana e da formação da sociedade brasileira. Achados motivaram a criação, pelo Decreto Municipal nº 34.803 de 29 de novembro de 2011, do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana. Projeto da Prefeitura do Rio implementado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) e pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade com a participação de grupos de Defesa do Direito do Negro definiu então seis pontos que remetem a uma dimensão da vida dos africanos e seus descendentes na Região Portuária.
O Cais do Valongo e da Imperatriz representa a chegada ao Brasil. O Cemitério dos Pretos Novos mostra o tratamento indigno dado aos restos mortais dos povos trazidos do continente africano. O Largo do Depósito era área de venda de escravos. O Jardim do Valongo simboliza a história oficial que tentou apagar traços do tráfico negreiro. Ao seu redor havia casas de engorda e um vasto comércio de itens relacionados à escravidão. A Pedra do Sal era ponto de resistência, celebração e encontro. E, finalmente, a antiga escola da Freguesia de Santa Rita, o Centro Cultural José Bonifácio, grande centro de referência da cultura negra restaurado pelas obras do Porto Maravilha.
Em 1779, quando o Marquês de Lavradio determinou a transferência do mercado de escravos da Praça XV para a região do Valongo, o Largo do Depósito, hoje Praça dos Estivadores, concentrava armazéns de "negociantes de grosso trato" que controlavam o negócio. A mudança introduziu uma série de novas atividades na área, como a instalação de trapiches, manufaturas e armazéns. O mercado na Rua do Valongo foi extinto oficialmente em 1831. Com as obras do Porto Maravilha, a Prefeitura do Rio devolve à cidade esse marco histórico revitalizado, com sinalização especial, iluminação e novos serviços, como estação de Bike Rio.
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