Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Árvores tombadas se transformam em bancos na Lagoa

23/10/2014 13:11:00  » Autor: Flávia David/Fotos: Ricardo Cassiano


Um ateliê a céu aberto vem atraindo, desde quarta-feira (22/10), a atenção de quem passa pela Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do Parque do Cantagalo. Árvores tombadas na Avenida Borges de Medeiros, durante ventania que atingiu a cidade no início de setembro, estão se transformando em lindos bancos pelas mãos do designer gaúcho Hugo França.  Juntamente com sua equipe, ele está moldando e lapidando os troncos, posicionados no local por funcionários da Comlurb, com o auxílio de um caminhão para cargas pesadas.

 

 

 

Uma parceria com a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, o trabalho do artista plástico é o primeiro a ser realizado na cidade e tem previsão de ser inaugurado no dia 1º de novembro. Os bancos ficarão definitivamente instalados na Lagoa.

 

 

Além de esculpir os bancos, o designer está promovendo workshops para alunos da rede municipal de ensino. A ação integra um projeto piloto de Hugo com a empresa Farah Service, que faz parte de um planejamento de revitalização de espaços públicos, em conjunto com a Prefeitura do Rio.

 

 

- Para mim, a interação com as crianças é o que há de mais importante, a minha grande recompensa neste trabalho de levar educação ambiental para as próximas gerações. Minha ideia é levar esses conceitos de reciclagem com matérias primas importantes como a madeira. Além disso, busco um resultado estético que leve as pessoas a pensar nas questões ambientais e respeitar mais os nossos recursos naturais - disse Hugo França, que destacou o talento do marceneiro Jaílton Marcelino Procópio, que opera a motosserra e trabalha com ele desde 1997.

 

 

Moradora da região, a pequena Stephanye de Pontes de Oliveira, 6 anos, disse que pedirá aos pais para que a levem todos os dias para visitar os bancos:

 

 

- Adorei os bancos. Além de bonitos, dá para a gente brincar de escorrega.  Eu também gosto de reciclar. Meus trabalhos são feitos com potes de iogurte. É importante para a natureza.

 

 

Também moradora da Lagoa, a empresária Teresa Wawruszczak divide com o marido o comando de uma marcenaria há mais de 40 anos. É com encantamento que ela tem acompanhado o trabalho da equipe de Hugo França, conta:

 

 

- Estamos participando de um grande momento, de beleza e conscientização. Ver essas árvores se transformando em obra de arte pelas mãos de um ícone é sensacional. E saber que essas obras estarão na minha cidade para conscientizar sua população sobre a importância do aproveitamento é melhor ainda.

 

 

Sobre Hugo França

 

Hugo França nasceu em Porto Alegre, em 1954. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso, na Bahia, no início da década de 80, onde viveu por 15 anos. Lá, percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que pautou seu trabalho. Desde o final dos anos 1980, desenvolve "esculturas mobiliárias", expressão usada primeiramente pela crítica Ethel Leon e adotada pelo designer por sua precisão em descrever a produção que ele executa a partir de resíduos florestais e urbanos - árvores condenadas naturalmente, por ação das intempéries ou pela ação do homem.

 

As peças criadas pelo designer nascem de um diálogo criativo com a matéria-prima: tudo começa e termina na árvore. Ela é a sua inspiração; suas formas, buracos, rachaduras, marcas de queimada e da ação do tempo provocam sua sensibilidade e o conduzem a um desenho cuidadosamente escolhido, uma intervenção mínima que gera peças únicas. Hugo França conta com duas equipes em suas oficinas de Trancoso (BA) e Louveira (SP).


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