07/01/2014 13:01:00 » Autor: Anna Beatriz Cunha / Fotos: Ricardo Cassiano
A falta de cuidado com a higiene bucal foi o que levou a diarista Gabriela de Jesus Campos, 36 anos, a perder alguns dentes e deixar de sorrir por um bom tempo. Sem condições financeiras para pagar por um atendimento particular, a diarista passou a ser tratada pelo programa de Saúde Bucal da Prefeitura do Rio, que oferece uma série de serviços odontológicos à população carioca. É na Clínica da Família Anna Nery, no Rocha, que a moradora do Riachuelo está voltando a sorrir:
- Não tinha o hábito de frequentar o dentista porque não tinha dinheiro. Meus dentes estavam apodrecendo, quebrando e precisando de conserto, mas eu não podia ir a um dentista particular. Então, descobri que na Clínica da Família podia ter a chance de consertá-los. Com isso, voltei a sorrir novamente, coisa que sentia vergonha há uns dois anos, antes de começar o tratamento.
O programa de Saúde Bucal encontra-se nas unidades básicas de saúde, assim como na média e alta complexidade. Atualmente, a rede municipal de atenção à saúde bucal conta com 930 cirurgiões dentistas, 249 técnicos em Saúde Bucal, 386 auxiliares de Saúde Bucal e quatro técnicos em Prótese Dentária, lotados em 211 unidades com serviço de saúde bucal.
Dessas, 69 são unidades de atenção básica convencional e 107 são vinculadas à Estratégia de Saúde da Família (com 298 equipes de Saúde Bucal). Há, ainda, 18 unidades com oferta de média complexidade (habilitadas como Centro de Especialidades Odontológicas - CEOs), oito unidades hospitalares com perfil de urgência/emergência ou alta complexidade, quatro hospitais maternidade e cinco hospitais especializados.
Para ser atendido pelo programa, o cidadão precisa se dirigir à unidade de referência mais próxima à sua residência. Para consultar o local, basta acessar o site www.subpav.org/ondeseratendido. No local de atendimento o paciente passa por uma avaliação, que é seguida por uma etapa educativa e preventiva, que segundo o gerente de atenção primária em Saúde Bucal, Paulo André de Almeida Júnior, é muito importante para ensinar os cuidados básicos de saúde bucal:
- A saúde bucal trabalha também com outros programas da unidade de saúde, desde tabagismo, pessoas com hipertensão e diabetes. Então, a grande proposta da saúde bucal é interagir com os outros programas. Também fazemos acompanhamento de gestantes e recém-nascidos já para criar o hábito da criança e dos pais também terem essa consciência da importância do acompanhamento da saúde bucal.
A maior parte do tratamento é feita nas unidades de atenção primária de saúde. Caso o tratamento esteja além da capacidade de atenção primária, o paciente vai para um segundo nível de atenção, que é a média complexidade, onde são atendidos nos CEOs para terem um diagnóstico preciso da situação. Em último caso, eles são encaminhados para unidades de alta complexidade.
De acordo com a dentista Cláudia Freire da Silva Torres, gerente da Clínica da Família Anna Nery, o perfil das pessoas atendidas pelo Saúde Bucal é bastante diversificado:
- Temos de tudo: pessoas que nunca tiveram acesso ao dentista, pessoas que começaram o tratamento e abandonaram e outras que têm condições financeiras de pagar um tratamento particular, mas vêm se tratar aqui. Ouço pacientes dizerem que não sorriam, não abriam a boca por causa dos dentes. Quando eles acabam o tratamento, eles dizem que conseguiram emprego. Você está colocando esse paciente no mercado de trabalho, na vida social, causando impacto na vida das pessoas. É gratificante.
Moradora do Rocha, a aposentada Maria José da Silva, 58 anos, que faz tratamento dentário pelo Saúde Bucal e outros serviços na Clínica da Família Anna Nery, também garante ser muito atendida no local e comemora o fato de não precisar mais sair de casa de madrugada em busca de tratamento de saúde:
- O atendimento é ótimo. Sempre que venho, de 6 em 6 meses para o dentista, sou bem atendida. Quando venho buscar meu remédio sempre tem. Todos da minha casa são atendidos aqui. Só o meu filho que tem plano de saúde pelo trabalho e não vem porque ele diz que não vai tomar o lugar dos outros que precisam. Então, ele se trata no particular. Só de não ter que enfrentar aquela fila do INPS de madrugada já é tudo na vida. Antigamente, saía de casa às 3h para ser atendida e, às vezes, nem conseguia. Aqui tem horário marcado, tudo direitinho.
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