21/09/2013 09:01:00 » Autor: Juliana Romar / Fotos: Ricardo Cassiano e arquivo
Neste sábado ( 21/09), data em que é comemorado o Dia da Árvore, a Prefeitura do Rio celebra a marca de 2.200 hectares de Mata Atlântica reflorestada no município, totalizando mais de seis milhões de mudas de espécies nativas plantadas. Há 27 anos, esse trabalho de recuperação de florestas e de áreas degradadas da cidade vem sendo realizado pelo Mutirão de Reflorestamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), utilizando mão de obra dos moradores locais. A meta é replantar até 2016 mais 600 hectares (1 hectare equivale aproximadamente a um campo de futebol e tem capacidade para receber até 2.800 mudas).
Criado em 1986, o projeto Mutirão de Reflorestamento surgiu para melhorar a qualidade ambiental da cidade, controlar a expansão das comunidades em áreas de risco, oferecer maior segurança contra riscos de deslizamentos, prevenir a obstrução de rede de drenagem e assoreamento dos rios, reativar nascentes, criar áreas de lazer para as comunidades e geração de renda, além de possibilitar a retenção de gases que causam o efeito estufa. A primeira muda arbórea foi plantada no Morro São José Operário, em Jacarepaguá, em 1987.
- Nosso compromisso não é só plantar mudas, é produzir florestas. E o reflorestamento envolvendo trabalhadores das próprias comunidades contribuiu de forma significativa e concreta para o processo de educação ambiental – explicou Marcelo Hudson de Souza, coordenador de Recuperação Ambiental da SMAC.
Atualmente, o Mutirão conta com cerca de 800 trabalhadores que atuam em 150 áreas de reflorestamento, incluindo comunidades como Complexo do Alemão, Formiga, Santa Marta, Babilônia, Borel, Rocinha, Salgueiro e Dendê. Conhecidos como mutirantes, eles possuem remuneração proporcional aos serviços executados medidos em campo por técnicos da Coordenadoria de Conservação e Recuperação Ambiental da SMAC. Todos recebem treinamento, ferramentas específicas para o serviço, equipamentos de proteção individual, carteira de identificação e uniforme.
De acordo com Marcelo, a degradação de áreas verdes da cidade ocorre devido ao avançado processo de desmatamento das encostas ou forte intervenção urbana, como a expansão das habitações locais e criação ilegal de animais, além da ocorrência de incêndios intencionais ou não (período de estiagem), hoje, os maiores causadores de desmatamentos no município.
Para realizar esse trabalho com sucesso, a prefeitura conta com cinco viveiros florestais, que têm potencial de produção anual de mais de 1 milhão de mudas, em que são utilizadas cerca de 200 espécies arbóreas, em sua maioria nativas da Mata Atlântica, como pau-brasil, ipê, jequitibá, angico, sapucaia, cedro, palmeiras e figueiras, camboatá, roseira e quaresmeira.
Os viveiros estão localizados em Grumari (produção de 15 mil mudas), Campo Grande (20 mil mudas), Vila Isabel (20 mil mudas), Barra da Tijuca (15 mil mudas) e Fazenda Modelo (45 mil/mês). Em breve, Jacarepaguá também receberá um espaço do tipo.
O trabalho de reflorestamento começa com o estudo e diagnósticos das áreas necessitadas, busca de informações técnicas e trabalho de campo. Em seguida, é feita a seleção das 2.500 árvores matrizes identificadas e cadastradas em um banco de dados da SMAC, e a coleta dos frutos. Após a coleta, há um processo de secagem, limpeza e extração das sementes. Muitas vão para a câmara fria, que as armazena para que sejam utilizadas em diferentes épocas do ano, outras, dependendo da espécie, devem ser plantadas imediatamente.
- Aqui o trabalho é todo manual, tendo que pegar cada fruto, abrir ou descascar para extrair as sementes, que são de diversos tipos, umas grandes, outras pequenas, outras quase do tamanho de grãos de areia. É um trabalho totalmente artesanal. Para colher os frutos do pé, até 14 metros de altura faço com equipamento básico, acima disso tenho que subir com a aparelhagem de rapel – contou Edilberto Rosendo, há 21 anos trabalhando no reflorestamento.
Depois desse processo, as sementes vão para as sementeiras (onde são regadas até três vezes por dia), seguem para o berçário (ficam de 15 a 30 dias se acostumando com o novo substrato), depois para a área de produção e por fim para o pátio de espera, onde ficam aguardando o reflorestamento. Nessa etapa, elas quase não recebem mais cuidados específicos nem água, para já irem se preparando para o que irão enfrentar na floresta.
Gelson Candia, 56 anos, é o único com a "mão boa" para trabalhar na sementeira e no berçário. Há 13 na função, o morador de Ilha de Guaratiba explica a importância do seu trabalho para o sucesso da produção:
- Gosto muito do que faço. É um trabalho que tem que ter paciência, pois cada mudinha tem que ser plantada com jeito senão não cria. Aqui é o começo de tudo. Cerca de 90% de tudo o que eu planto vinga, mas se não tiver mão boa e o jeito certo de plantar, a muda morre. Acho esse meu trabalho muito importante, pois dependemos das árvores para respirar, são elas que trazem nosso oxigênio. O bacana é ir para a cidade grande, ver uma árvore e pensar que aquela muda pode ter passado pelas minhas mãos.
O viveiro da Fazenda Modelo abriga ainda uma sala de educação ambiental, onde são realizadas palestras, minicursos de produção e de reaproveitamento de materiais e, ainda, visitas guiadas nas áreas de reflorestamento. Os interessados podem agendar participação nas atividades pelo telefone (21) 3108-0011.
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