Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Prefeitura inicia operação da Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica

Atividades no Aterro Controlado de Gramacho devem ser completamente encerradas em 2012


20/04/2011 12:15:00


Foto: A.F.RodriguesA nova Central de Tratamento de Resíduos (CTR), em Seropédica, - que vai gradativamente receber os resíduos que iam para o Aterro de Gramacho - entrou em funcionamento na manhã desta quarta-feira, dia 20. A Central reúne tecnologia de ponta inédita na América Latina para garantir o destino adequado do lixo, sem riscos para o meio ambiente. Com isso, a Prefeitura inicia o processo de encerramento das atividades no Aterro Controlado de Gramacho, em Duque de Caxias, que deve ser completamente desativado em 2012.

 

O início das operações da nova CTR foi acompanhado de perto pelo prefeito Eduardo Paes, pelos secretários municipais de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, e da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, além da presidente da Comlurb, Angela Fonti, da presidente da Ciclus, Adriana Felipetto, e de diretores da empresa concessionária.

 

Foto: A.F.RodriguesO prefeito destacou a importância da nova Central de Tratamento de Resíduos:

 

- Hoje é um dia histórico para o meio ambiente do Rio de Janeiro. Estou muito feliz porque agora o Rio está depositando os seus resíduos em uma Central de Tratamento de Resíduos, com qualidade, sustentabilidade e proteção ambiental. Isso sem gerar qualquer tipo de risco ou ônus. Estamos encerrando um crime ambiental que era cometido contra a Região Metropolitana e a Baía de Guanabara há anos.

 

Nesta primeira fase serão depositadas na CTR cerca de mil toneladas diária de lixo. Esta quantidade será levada para Seropédica em nove carretas, que farão cinco viagens, totalizando 45 percursos por dia. O local abrigará inicialmente os detritos vindos da Estação de Transferência de Jacarepaguá, destino dos caminhões coletores e basculantes que circulam nos bairros da Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá.

 

Foto: A.F.RodriguesA Central de Tratamento de Resíduos em Seropédica é uma concessão da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) à Ciclus e, além dos resíduos do Rio, receberá os detritos dos municípios de Itaguaí e Seropédica. A Ciclus, responsável pelo projeto do empreendimento e realização das obras, vai operar a CTR.

 

O secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, explicou como vai funcionar o novo centro:

 

- O Rio de Janeiro gera hoje 9 mil toneladas de lixo e estamos começando as operações aqui colocando mil toneladas por dia. Esse é um processo que vai crescendo gradativamente e, até o início de 2012, pretendemos desativar em definitivo os aterros de Gramacho e de Gericinó.

 

Tecnologias utilizadas

 

Foto: A.F.RodriguesEntre as principais tecnologias empregadas pela CTR estão a tripla camada de impermeabilização do solo feita com mantas reforçadas de polietileno de alta densidade (PEAD) e sensores ligados a um software que indica qualquer anormalidade no solo. Além disso, no local, o chorume, líquido resultante da decomposição dos resíduos, vai virar água de reuso, e o biogás será transformado em energia e convertido em créditos de carbono.

 

De acordo com a presidente da Ciclus, Adriana Felipetto, o objetivo do projeto é respeitar o meio ambiente, gerar empregos e trazer desenvolvimento:

 

Foto: A.F.Rodrigues- Estamos implantando a central de tratamento de resíduos mais moderna do Brasil. Ela conta com uma tripla impermeabilização de base, o que torna impossível haver qualquer tipo de contaminação. Outra inovação é transformar o passivo, que é o lixo, num ativo para toda a sociedade. Do resíduo vamos obter o gás que vai gerar energia limpa, o chorume, que é o líquido negro, vamos transformar em água de reuso e pretendemos ainda gerar insumo para as indústrias poderem se instalar na região - garantiu.

 

A redução de emissões de gases do efeito estufa propiciada pela implementação da CTR vai contribuir para que a Prefeitura do Rio de Janeiro cumpra a sua meta de redução de Gases de Efeito Estufa, assinada pelo prefeito Eduardo Paes em 2009, na apresentação do Plano Rio Sustentável, pouco antes da Conferência das Nações Unidas (COP 15), em Copenhague. O objetivo é reduzir as emissões em 8% até 2012, 16% até 2016 e 20% até 2020. Os lixões existentes na Região Metropolitana do Rio são responsáveis, ainda hoje, por uma das maiores parcelas de lançamento de gás estufa no Estado do Rio.

 

A impermeabilização do solo

 

A proteção do solo é garantida por um sistema de impermeabilização completo. Entre o solo e o resíduo, há várias camadas de proteção: um metro de argila, uma manta de PEAD de 1,5 milímetro, 30 centímetros de areia, tecido geotêxtil, 15 centímetros de argila, um sensor com cerca de 300 eletrodos, uma manta de PEAD de 2 milímetros e, por fim, mais 50 centímetros de argila. Depois de cada camada de resíduo depositada, o solo ainda recebe mais 30 centímetros de argila.

 

A primeira fase da impermeabilização é feita com a colocação de uma camada de areia e uma camada de argila compactada, que praticamente impedem a infiltração de líquidos. Acima, será colocada uma camada de manda de PEAD, material altamente resistente, com vida útil de 700 anos. Então, será aplicada mais uma camada de areia e uma de argila, sobre as quais serão colocados os eletrodos.

 

Em cada uma das células do aterro bioenergético da Ciclus, será implantada uma rede de sensores. A cada 20 metros haverá um eletrodo, somando cerca de 300 na primeira célula da CTR da Ciclus, que terá aproximadamente 140 mil metros quadrados. No caso de haver qualquer ruptura da manta, a corrente elétrica circula e o circuito entre os pólos se fecha, gerando uma informação que segue para as caixas de controle. Os dados são analisados por um software específico de computador, que gera gráficos e relatórios a partir dos resultados do monitoramento. Por causa de sua alta sensibilidade, os eletrodos são capazes de detectar qualquer perfuração.

 

A tecnologia, que é inédita na América Latina, foi trazida dos Estados Unidos e está sendo instalada por técnicos americanos.

 

Biogás

 

Composto por cerca de 50% de metano, o biogás é um dos principais poluentes gerados pela decomposição do lixo, colaborando com o efeito estufa. Na CTR, esse passivo será transformado em ativo econômico. O biogás pode ser levado a uma usina de geração de energia ou ser tratado e purificado para ganhar propriedades semelhantes às do gás natural, para comercialização.

 

Para a geração de energia, o gás captado no aterro é levado para seis rotogeradores com capacidade de absorver dois mil metros cúbicos do gás por hora. Como o biogás é altamente inflamável, ele é usado como combustível para os equipamentos, que gerarão energia. O aproveitamento bioenergético previsto para ser desenvolvido na CTR terá capacidade de gerar 30 MW de energia quando o empreendimento estiver em pleno funcionamento, o que corresponde à iluminação de uma cidade de 200 mil habitantes.

 

O biogás que não for aproveitado na geração de energia ou no processamento será transformado em CO2 através da incineração em flares. O processo está dentro das especificações previstas em lei. Como o metano é 21 vezes mais poluente do que o gás carbônico, o processo gera uma redução significativa de emissões de gases do efeito estufa.

 

Do chorume à água de reuso

 

O tratamento do chorume, um dos principais passivos da má gestão de resíduos, também ganha tecnologia inovadora com a implantação da CTR.

 

O fim do problema, que é histórico no entorno da Baía de Guanabara, será dado através da Estação de Tratamento de Chorume (ETC), que transforma o líquido tóxico em água de reúso. Ao todo, quando estiver em pleno funcionamento, dois mil metros cúbicos do efluente serão tratados por dia.

Depois de tratado, o líquido clarificado se torna um produto: a água de reúso, que pode ser usada de diversas formas pela empresa ou até como água de serviço em processos industriais. Já o concentrado obtido nas etapas de filtração passa por um processo de oxidação avançada. Todo o lodo tratado, após a desidratação, retorna para o aterro como resíduo sólido.

 

 

 

Fotos: A.F. Rodrigues


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