04/05/2016 15:34:00 » Autor: Juliana Romar / Fotos: Beth Santos
A Prefeitura do Rio realizou, nesta quarta-feira (04/05), o "Seminário Nacional de Logística Reversa: o estado da arte e perspectivas para a implementação da Logística Reversa no Brasil" para discutir a destinação dos resíduos sólidos e a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre os vários atores da cadeia produtiva. Iniciativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), o evento teve como objetivo encontrar alternativas para minimizar o volume de resíduos e rejeitos gerados, bem como reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental.
As medidas irão contribuir para o avanço da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que instituiu no país há seis anos a necessidade de o tema ser uma preocupação não apenas dos titulares dos serviços de limpeza urbana dos municípios, mas também dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e dos consumidores finais.
Realizado no auditório da Fecomércio/RJ, no Flamengo, o seminário reuniu autoridades das três esferas de governo, especialistas no tema, representantes de 22 municípios do estado e de 12 cooperativas de catadores, e servidores públicos de Fortaleza, Rio Grande do Norte e Aracaju.
- Esse encontro é para
consolidar passos muito importantes para que o Rio avance na política de dar a destinação adequada aos diversos resíduos que são gerados na sociedade, criando um cenário fundamental para o desenvolvimento econômico. Na cidade, já avançamos muito no planejamento, mas não basta só o engajamento do setor público, é fundamental que a gente consiga encontrar políticas adequadas para envolver o setor privado na sua responsabilidade social - disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, destacando algumas medidas já implementadas pela Prefeitura do Rio:
- Conseguimos assumir o acordo da mitigação em relação aos compromissos de emissão dos gases de efeito estufa; fechamos o Aterro de Gramacho; já fizemos o Centro de Tratamento de Resíduos em Seropédica com a ótica de captar e transformar o metano; temos a coleta seletiva realizada pela Comlurb; diminuímos as linhas de ônibus no Centro da cidade; estamos implantando o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos); assinamos um convênio com a Secretaria de Educação para o projeto Escolas Sustentáveis.
A implantação da Logística Reversa, aliada à conscientização para a educação ambiental, contribui para mitigar impactos causados por descartes residuais e, assim, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Ela também colabora com o desenvolvimento sustentável do planeta, através da reutilização e redução no consumo de matérias-primas. São considerados resíduos da Logística Reversa: agrotóxicos, seus detritos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resquícios e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio, e de luz mista; e produtos eletroeletrônicos.
Durante o encontro, foram debatidos quatro temas: "Resultados da COP 21 para o Brasil e seus desdobramentos para o Estado e o Município do Rio de Janeiro"; "Implementação dos acordos setoriais: embalagens de óleos lubrificantes, lâmpadas e eletroeletrônicos"; Logística Reversa de embalagens em geral: instrumentos indutores e entraves"; e "CB27 – Experiências das cidades brasileiras nas políticas municipais de Logística Reversa".
Após o seminário, foi lançado o livro Resíduos sólidos: Coletânea das legislações federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro. A coletânea concentra as resoluções do tema, a fim de facilitar a pesquisa das legislações ambientais pertinentes, com as referências legais para o licenciamento ambiental da destinação final de resíduos sólidos urbanos; da gestão de resíduos da construção civil e demolição; do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; e para o licenciamento ambiental de sistemas de tratamento de esgotos sanitários, temas que envolvem demandas de diversos setores de governos, da iniciativa privada e da sociedade civil.
- Nosso trabalho hoje é tentar moldar e traçar um caminho para que o objetivo chegue mais rápido e com melhor eficiência. O desafio é grande, já avançamos bastante, mas ainda temos que mudar o paradigma e o costume do consumidor. E as crianças são o nosso melhor elo de divulgação e quem impulsiona esse hábito de reutilizar e de reciclar dentro de casa e na sua comunidade. A Logística Reversa é uma agenda muito positiva porque com ela conseguimos reaproveitar o resíduo que tem um valor, gerar empregos, evitar a contaminação do solo e da água, entre outras coisas – destacou a gerente de resíduos perigosos e ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Sabrina Gimenez.
Também fazem parte da Logística Reversa a adaptação às mudanças climáticas e a tomada de consciência do risco ambiental, tecnológico e social que se projeta no futuro. Para isso, algumas medidas práticas podem ser adotadas com a atualização do Inventário Ambiental a cada cinco anos; a redução das emissões no setor industrial, sobretudo do petróleo, siderurgia, cimento e concreto; a diminuição do desmatamento; o fortalecimento da agricultura de baixo carbono; a redução de emissões nos transportes com veículos elétricos e híbridos; e a promoção da eficiência energética na geração, transmissão e consumo de energia elétrica.
- Somos uma geração que já sofre com efeitos das mudanças climáticas. Mas se compararmos o Rio de Janeiro nos últimos dez anos, percebemos avanços significativos e extremamente consideráveis. Mas ainda precisamos melhorar muito, pois estamos, por exemplo, tirando com as ecobarreiras 280 toneladas de lixo dos rios por mês, na sua grande maioria embalagens plásticas, além de mais 80 toneladas retiradas com barcos. O setor de embalagens movimenta R$ 56 bilhões por ano no Brasil, sendo que 37% disso são resíduos gerados dentro de casa. Não podemos parar os trabalhos e a Prefeitura do Rio está extremamente avançada na discussão do seu plano de resiliência e precisamos exportar para o resto do estado essa ação – explicou o secretário de Estado do Ambiente, André Corrêa.