Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Prefeitura lança pedra fundamental de obra de conservação do Cais do Valongo

Sítio arqueológico receberá R$ 2 milhões em recursos de parceria com governo dos EUA


21/11/2018 16:34:00


 

A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou nesta quarta-feira, 21 de novembro, a pedra fundamental das obras no Cais do Valongo, sítio arqueológico escolhido Patrimônio Mundial da Unesco, em 2017, por ser o único vestígio material do desembarque de cerca de um milhão de africanos escravizados nas Américas.  Na ocasião, foi realizado o anúncio oficial do aporte financeiro de US$ 500 mil (cerca de R$ 2 milhões) para o projeto. O dinheiro será proveniente da Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil, com recursos do Fundo dos Embaixadores dos EUA para Preservação Cultural. Outros parceiros da Prefeitura na iniciativa são o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A solenidade, realizada na Semana da Consciência Negra, aconteceu no próprio Cais do Valongo, na Avenida Barão de Tefé, sem número, na Saúde.

 

 

– A parceria com o governo dos EUA lança as bases para todas as ações de preservação material e imaterial que serão implementadas a partir de agora.  De forma simbólica, também acena para a comunidade internacional sobre a necessidade de unir esforços a fim de impedir que se repitam e se tolerem, em qualquer parte do mundo, o bárbaro crime da escravidão e a tragédia do extermínio racial.  O Cais do Valongo é um marco para que se repare a desigualdade social e o racismo estrutural na sociedade brasileira e para que se reconheça e valorize a grandeza da cultura do povo negro na construção de nossa nação – destaca a secretária municipal de cultura, Nilcemar Nogueira.

 

 

 Fotos: Richard Santos / Prefeitura do Rio 

 

 

A obra de conservação no Cais do Valongo é o cumprimento de parte do compromisso assumido pela Prefeitura do Rio quando da escolha do local como Patrimônio Mundial da Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, a ciência e a cultura. A costura da parceria com a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil foi feita pela secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira. O trabalho vai começar em dezembro e deverá durar dois anos. Neste primeiro momento, serão realizados a restauração do pavimento original de pedras, a drenagem das águas da chuva e o reforço estrutural de paredes, fundações e superestrutura. 

 

 

O objetivo é que as ruínas funcionem como um museu a céu aberto. A intervenção, orientada pelo IPHAN e contratada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), visa à conservação e à consolidação do Cais do Valongo, cuja importância histórica se deve a seu significado na memória da escravidão no mundo. O sítio arqueológico, descoberto em 2011, durante as obras de revitalização da Zona Portuária, é hoje parte da área da cidade conhecida como Pequena África.

 

 

 

 

Scott Hamilton, cônsul geral dos EUA no Rio de Janeiro, destaca que a parceria com a Prefeitura do Rio reafirma o trabalho conjunto que Estados Unidos e Brasil vêm realizando há mais de duas décadas para promover a inclusão racial e destacar a herança africana compartilhada entre ambos países. Segundo P. Michael McKinley, ex-embaixador americano no Brasil e agora assessor do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o Cais do Valongo será um símbolo permanente dessa cooperação. 

 

 

– Os EUA e o Brasil compartilham a história, a cultura e o legado da nossa herança afrodescendente. Ficar nesse lugar, mesmo que por poucos minutos, como tive a oportunidade de fazer, traz à tona a imensidão da tragédia que perdurou por séculos. A preservação do Cais do Valongo despertará uma memória histórica compartilhada para as próximas gerações – acredita McKinley.

 

 

A gestão do recurso para a obra será feita pelo IDG, responsável pela administração de bens culturais e ambientais como Museu do Amanhã, Bibliotecas Parque, Paço do Frevo e Fundo da Mata Atlântica.

 

 

– Nós do IDG estamos muito felizes com essa parceria, que nos permitirá contar a história do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, ressignificando um momento doloroso de nosso passado recente, a escravidão, num ambiente de reflexão e de valorização da cultura de matrizes africanas, marcada, sobretudo, pela luta e pela resistência, assim como em um local de promoção e defesa de direitos humanos – ressalta Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG.

 

 

O projeto conta ainda com o apoio do IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) e teve o tombamento do INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) do governo do Estado do Rio de Janeiro, conferido recentemente.




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