27/09/2017 11:07:00 » Autor: Fotos: Hélio Melo
Toda segunda-feira, nos dois primeiros tempos de aula, a professora de Ciências Lorena Pereira e os alunos da Escola Municipal Carneiro Felipe, em Marechal Hermes, na Zona Norte da cidade, saem da rotina das disciplinas habituais e encaram o desafio de produzir o jornal do colégio: o "CF News". As aulas da matéria eletiva acontecem no laboratório de Informática, onde cerca de 40 alunos acompanham a professora na simulação do layout da próxima edição do jornal. São nestes dois tempos que a docente estimula a criatividade dos adolescentes, que se dividem em grupos de quatro integrantes cada para discutir temas das pautas das próximas reportagens.
Em seu conteúdo, o impresso investe em notícias de editorias variadas, como esportes, beleza e saúde, eventos, séries, piadas e carta dos leitores. O jornal reserva este última editoria para que professores e funcionários digam em entrevistas o que gostariam de mudar na unidade.
A escola oferece opções de eletivas diferentes para cada série. As alternativas são muitas: matemática, xadrez, música, sustentabilidade, jornal e dança, entre outras. As turmas do 9º ano escolheram as duas últimas alternativas. O objetivo principal do impresso do colégio, segundo a professora Lorena, é levar informação até a comunidade escolar.
- As pessoas deduzem que, como leciono Ciências, vou sempre optar por eletiva relacionada a estudos das plantinhas. Mas como acredito que precisamos nos desafiar a aprender algo novo, busquei construir a informação, mesmo não tendo capacitação em jornalismo. É importante buscar novos conhecimentos e aqui estou eu aprendendo muito com meus alunos. Estar em equipe permite trabalharmos a autonomia, a solidariedade e o respeito ao outro.
A produção de cada edição do jornal, realizada durante um bimestre, é feita de forma democrática. Sob a orientação da professora, os alunos participam de todas as etapas, desde a escolha do nome do jornal aos participantes de cada editoria, os assuntos que serão abordados e o layout final do impresso.
No início deste ano, cada estudante escolheu a sua editoria. A partir da terceira edição, começou a ser feito rodízio entre os alunos das editorias. Além de participar da criação de conteúdos, alguns estudantes assumem outras responsabilidades, como é o caso de Gabriel Estrela, de 15 anos, que se responsabiliza pelas fotografias, e de Emanuelle Teixeira e Karine Caroline Rainho, ambas de 14 anos, secretárias do impresso.
- Faço pesquisas de imagens na internet e também os registros dos eventos que acontecem aqui na escola - conta o estudante.
- Nossa tarefa é fazer a lista de presença e a ata do que foi discutido e definido, além de cópias do desenho de como o jornal vai ficar, já com as alterações - completa Emanuelle.
A primeira etapa do processo de produção é discutir os temas de cada editoria. Depois, os alunos iniciam as pesquisas na internet, buscando fontes e referências para o conteúdo. A criação do texto é feito por todos, em conjunto. A revisão dos conteúdos fica a cargo da professora de Língua Portuguesa, Vanessa Gouveia, e a montagem do layout é realizada pelo agente educador, Thiago Xavier.
Com o trabalho finalizado, a professora reproduz as páginas já diagramadas em um telão. Depois que a edição é aprovada pelos alunos, os exemplares são impressos e distribuídos na reunião de responsáveis. Os murais de cada sala de aula e dos corredores também dispõem do jornal.
Incentivando a criatividade e o olhar de cada aluno, a eletiva já colhe os primeiros frutos. Dois talentosos estudantes, que por sinal tem o mesmo nome (João Victor) e a mesma idade (14 anos) já querem fazer carreira. O mais falante, João Victor Pereira, sonha em ser jornalista e escritor. João Victor Costa, mais tímido, é o cartunista do jornal e planeja apostar no desenho.
- Depois que comecei a participar das aulas, me veio à vontade de ser jornalista. A ideia nasceu aqui na escola. Nos dois primeiros bimestres escrevi uma coluna sobre as séries. Agora estou no grupo desenvolvendo a pauta principal, uma reportagem sobre o projeto Orquestra nas Escolas - revelou João Victor Pereira.
E a professora é só elogios para esses meninos:
- Eu não teria feito melhor que os dois textos escritos pelo João Pereira. Já o João Costa se supera a cada dia, fazendo sempre um desenho melhor do que o outro.
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