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Referência em cirurgia de lábio leporino, Hospital Municipal do Loreto cuida há 65 anos das crianças

31/05/2017 17:56:00  » Autor: Flávia David / Fotos: Ricardo Cassiano


O Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto (HMNSLoreto), na Ilha do Governador, especializado em pediatria, completou, nesta quarta-feira (31/05), 65 anos. De janeiro a abril deste ano, a unidade fez 768 internações e 705 cirurgias em crianças e adolescentes, além de 3.988 consultas ambulatoriais em pediatria geral. Apenas no Centro de Tratamento de Fissuras Labiopalatais (CEFIL), único de referência credenciado pelo Ministério da Saúde para cirurgia de lábio leporino e fissura palatal no estado, foram realizadas 95 intervenções cirúrgicas, num total de 136 procedimentos.

 

 

É o caso de Maria José de Lima Silva, de 43 anos, mãe da pequena Maria, de um aninho. Moradora de Nova Iguaçu, ela foi indicada a procurar o CEFIL assim que sua filha nasceu, no Hospital Domingos Lourenço, em Nilópolis. Com fissura labiopalatal, a menina precisa, a cada dois meses, trocar uma plaquinha que usa desde recém-nascida no céu da boca para que consiga mamar. Para a mãe, inseparável em todas as consultas, o atendimento não poderia ser melhor:

 

 

- Sempre fui muito bem recebida aqui. Os profissionais são maravilhosos e sei que essa dedicação possibilitará á minha filha ter um crescimento saudável e uma vida normal lá na frente. Sei que o tratamento é longo, mas ela ficará muito bem.

 

 

Criado há 31 anos, o CEFIL é um lugar onde as famílias se sentem abraçadas e bem atendidas. Lá, a criança recebe tratamento de ortodontia, fonoaudiologia, psicologia, cirurgia plástica, entre outras especialidades.

 

 

- O hospital possui cerca de 300 funcionários envolvidos em prestar o melhor atendimento em pediatria, em diversas áreas. No CEFIL, contamos ainda com uma estrutura muito forte de apoio psicológico. É um tratamento que começa desde o nascimento do bebê. Se a mãe tiver a possibilidade de se submeter à ultrassonografia morfológica e a má formação for detectada, o acompanhamento terá início ainda na gestação, com o objetivo de apoiar e orientar essa família. A gestante será acompanhada e conhecerá outros casos. Isso, sem dúvida, dará mais segurança à mãe - disse a diretora do Hospital Nossa Senhora do Loreto, Fátima Regina Almeida Brandão, que é ortodontista, acrescentando que o Centro atendeu a mais de seis mil pacientes desde que foi criado.
 
 

Entre as especialidades oferecidas na hospital estão pediatria, hematologia, dermatologia, otorrinolaringologia, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, audiologia, nutrição, cirurgia plástica, cirurgia pediátrica, odontologia/ortodontia, cirurgia bucomaxilofacial, genética, cardiologia, enfermagem, anestesiologia, serviço social e epidemiologia. Para isso, a unidade dispõe de 20 leitos clínicos pediátricos, 13 leitos cirúrgicos e três para pacientes graves. Com moderno Polo de Audiologia, oferece alguns dos exames mais precisos e necessários para avaliar o comprometimento do sistema auditivo nas crianças nascidas com fissuras labiopalatais. Entre os equipamentos disponíveis destaca-se o BERA (para testar o potencial evocado auditivo do tronco encefálico), capaz de avaliar a audição de bebês, com ou sem sedação.

 

 

Como a capacidade do Polo é superior à demanda interna do CEFIL, o Hospital Loreto oferece vagas de exames pelo SISREG (Sistema de Regulação do município). Também são oferecidos pelo sistema os exames de radiologia médica, radiografia panorâmica odontológica ecocardiografia e ultrassonografia, além do agendamento de cirurgias pediátricas.

 

 

No Brasil, estima-se que a cada 650 nascimentos, uma criança tenha fissura labiopalatal. Para a ortodontista Larissa Perales, que trabalha há 13 anos na unidade, o início precoce do tratamento, já nos primeiros dias de vida, é fundamental para o seu sucesso:

 

 

- Quanto antes, melhor. O paciente passa por uma série de cirurgias, sendo a primeira de correção do lábio, realizada entre o 5º e 6º mês de vida. Para isso, a criança precisa pesar, no mínimo, seis quilos. Após a cirurgia de correção, o paciente tem acompanhamento permanente ambulatorial e cirúrgico até os 17 anos, em média. Acima dessa faixa etária, permanece com acompanhamento ambulatorial e dentário. A prótese que o paciente usa desde que nasce, por exemplo, é moldada de acordo com a dentição e o crescimento da criança. Nossa atenção precisa estar redobrada sempre.

 

 

A dedicação dos profissionais também chama a atenção da manicure Angélica Silvânia da Silva, de 29 anos, mãe de Victor Hugo Franco, de 14 anos. Por conta da fenda labiopalatina, que hoje já se encontra corrigida, o menino teve perda de audição. Atualmente, o menino usa aparelho fixo para a correção do posicionamento dos dentes. Esta é a última fase do tratamento.

 

 

- Meu filho veio para cá com dois dias de nascido. Não largo esse lugar por nada. Já me indicaram outros centros de tratamento, inclusive perto da minha casa, mas não saio. Aqui, o Victor Hugo conta com a melhor equipe que poderia ter. Hoje, graças ao atendimento que recebe, ele leva uma vida normal - falou Angélica.

 

 

A psicóloga Renata Medeiros da Rosa atende os pacientes do CEFIL desde que começou a trabalhar na unidade, em setembro de 2016. Para ela, esse suporte é necessário em todas as fases do tratamento, uma vez que as famílias, impactadas com o diagnóstico, muitas vezes não sabem como agir:

 

 

- A fenda labiopalatal assusta muito. E o fato de a criança precisar passar por cirurgia ainda muito pequena piora ainda mais as coisas. É um processo muito difícil. As mães, principalmente, temem muito pelo tratamento que os filhos receberão em sociedade, especialmente em relação ao bullying. Mas estamos aqui para ajudar no que for preciso.

 

 

Moradora de Duque de Caxias, Maria Viviane Silva de Lima, de 30 anos, disse ter levado um susto quando os exames revelaram que seu filho tinha fenda labiopalatal. Ela, que nunca tinha ouvido falar na doença, contou com a ajuda dos profissionais do hospital para superar seus medos e ajudar seu filho João Miguel, de oito meses, a viver da melhor maneira possível:

 

 

- Tenho outros três filhos, além dele, e nunca havia passado por isso. Foi uma novidade assustadora. Mas sei que ele está sendo bem tratado aqui e que, lá na frente, levará uma vida normal. Assim como os seus irmãos.

 

 

O Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto fica na Estrada Caricó, 26, Galeão. O telefone é 3393-0062. 


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