Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Da robótica à dança, Ginásio Orsina da Fonseca conta com mais de 10 disciplinas eletivas

05/05/2017 17:10:00


No pequeno laboratório cheio de sucatas eletrônicas do Ginásio Carioca Orsina da Fonseca, na Tijuca, ninguém ‘viaja' na imaginação quando se trata da aula de Programação e Robótica, disciplina eletiva que utiliza, entre outras ferramentas, plataformas de trabalho da Nasa (Agência Espacial Americana). Aos 13 anos, a estudante Amanda Moreira, moradora da Vila do João, no Complexo da Maré, entrega-se à tarefa de construção de drones e bugs.

 

- Onde moro não se aproveita o lixo. Aqui aprendo informática e a construir coisas bacanas com material que ia para o lixo - disse a estudante, enquanto desmontava computadores antigos com mais 24 colegas do 7º ano na eletiva coordenada pela professora Maria Cristina Zamith.

 

A aula de Programação e Robótica é umas das 11 disciplinas eletivas, que atraem os alunos, que, muitas vezes, preferem ficar nas salas de aula, em horários livres, conversando com os professores, do que no pátio. É o caso também da disciplina ‘Diversidade de Gêneros, Colorindo a vida'.

 

Em paralelo, surgiram os avanços pedagógicos. A Unidade escolar de tempo integral oferece ainda salas de recursos funcionais e sala de leitura e promove projetos extracurriculares, como o Tertúlia Literária. O Orsina da Fonseca tem hoje 392 alunos matriculados do 7º ao 9º ano, e mais 138 do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos) no horário noturno, além de atendimento para alunos com deficiência.  

 

Tamanha modernidade, aliada a outras iniciativas do Orsina da Fonseca, como a adesão da unidade ao Programa de Educação Ambiental da Unesco, colocam a centenária unidade, que em outubro completa 119 anos, em acordo com este início de século XXI. 

 

Quando nascida, em 28 de outubro de 1898, como Instituto Profissional Feminino – o nome Orsina da Fonseca foi incorporado em 1912 em homenagem à ex-primeira-dama do País, então governado pelo Marechal Hermes da Fonseca – e, ao longo de suas primeiras décadas de existência, a escola era voltada para educação feminina com ensino de bordados e costura, por exemplo. Ao passar dos anos, foram muitas as mudanças, inclusive sob o sabor dos momentos políticos do Brasil, mas a Orsina sobreviveu, conquistou apoios e soube se reinventar. E sabe preservar sua história, hoje guardada no Centro de Memória, que é abastecido a cada descoberta de ficha ou foto amarelada.

 

- Sempre tive um carinho enorme pela Orsina. Minha mãe deu aulas aqui e eu vinha sempre. Quando recebi o convite para dirigir a escola vi que era um resgate. Vim com a possibilidade de trabalhar em uma escola democrática. A Orsina é desafiante - disse a diretora Kátia Daim, que topou o desafio da direção quando já estava aposentada.

 

O veio democrático, aliás, é uma constante pelos corredores, em meio ao corpo docente, nas salas de aula e até nas casas dos estudantes já que os pais têm voz ativa no Conselho Escola-Comunidade.

 

- Com a nova proposta de escola, de uma gestão compartilhada, todos começaram a se chegar - atestou Kátia.

 

Se por um lado a robótica anda fascinando Amanda Moreira, a jovem que agora constrói bugs e drones, por outro lado, a dança - outra disciplina eletiva - ajuda Jéssica Freire, 15 anos, aluna do 9º ano, a perder a timidez.

 

- Entrei na dança para tentar acabar com a minha timidez. Não vou parar mais, me ajuda - contou a adolescente, moradora do Morro de São Carlos, no Estácio, que foi parar no Orsina seguindo os passos da irmã mais velha, hoje com 18 anos.

 

- Minha irmã mais nova, de 11 anos, vem para cá também - anunciou, revelando mais uma tradição do Orsina de ser a escola de famílias inteiras. Mas isso é coisa para o Centro de Memória. No momento, Amanda e Jéssica, assim como seus colegas, querem mesmo é aprender. Sabem que o futuro chega com a velocidade de um foguete da Nasa.




Serviços Serviços