03/04/2017 10:23:00
Em 2017, completam 135 anos desde que Robert Koch anunciou à Sociedade Fisiológica de Berlim que havia descoberto a causa da tuberculose. Apesar do tempo decorrido, ela ainda é um grande flagelo da humanidade, principalmente em países pobres. No município do Rio de Janeiro, onde 5.257 novos casos de tuberculose pulmonar foram notificados em 2016, a doença ainda é uma preocupação das autoridades de saúde pública, apesar de todos os avanços na busca ativa, identificação precoce e tratamento dos casos.
A taxa de cura desse tipo da doença na cidade é de 66% (dado mais recente apurado, referente a 2015). E um dos fatores que auxiliam neste resultado é a implantação no município, desde 2014, do teste rápido molecular (TRM-TB), que detecta o Bacilo de Koch, causador da doença, com 99% de precisão, contra 70% do teste clássico de escarro, o BAAR.
O Rio foi um dos municípios escolhidos pelo Ministério da Saúde para o uso experimental do teste rápido molecular para tuberculose, em 2011. Comprovada a eficiência do método, em 2014 foi uma das primeiras cidades a usá-lo amplamente, em todos os pacientes com suspeita clínica da doença (pessoas com tosse há três ou mais semanas). O equipamento e insumos do TRM-TB são importados pelo Ministério da Saúde e distribuídos para os municípios que usam o sistema.
Capaz de, em duas horas de processamento, detectar o bacilo e identificar se ele é resistente à Rifampicina – a principal droga do esquema básico de tratamento da tuberculose – o TRM-TB é oferecido em todas as unidades de Atenção Primária do município. Em caso de suspeita clínica da doença, uma amostra do escarro do paciente é colhida na Clínica da Família ou Centro Municipal de Saúde, seguindo as normas técnicas de segurança, e o material é encaminhado para um dos quatro laboratórios de análise da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde ficam os equipamentos. Em dois dias o laudo está disponível na unidade de origem e, em caso positivo, a equipe de saúde já começa a traçar o esquema de avaliação familiar e de possíveis contatos e o tratamento do paciente.
Uma vez que resistência à Rifampicina seja identificada, testes de cultura são iniciados no próprio laboratório para verificar se o bacilo é resistente também a outras drogas que compõem o esquema básico de tratamento da tuberculose. Dentro de quatro a seis semanas o resultado final é conhecido e o médico pode confirmar o esquema medicamentoso para aquele paciente. O tratamento básico contra a tuberculose dura entre seis e nove meses com drogas de administração oral. Em caso de bacilo multirresistente, outros medicamentos são usados e o tratamento pode chegar a dois anos.
Antes do TRM-TB, embora do BAAR pudesse identificar a presença do Bacilo de Koch, o tempo necessário para saber se ele era resistente à Rifampicina e a outras drogas era de aproximadamente quatro meses.