A Prefeitura do Rio entregou, neste domingo (06/11), o monumento em homenagem ao maestro, compositor e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha. A obra foi instalada na calçada do tradicional Bar da Portuguesa, em Ramos, a pedido de moradores do bairro. A estátua reflete uma antiga imagem do próprio Pixinguinha no local.

O autor de "Carinhoso" era frequentador assíduo do bar, onde passava horas do seu dia e até compunha músicas. Por morar durante muitos anos em uma casa próxima, ele se sentia à vontade e, muitas vezes, ia de chinelos e pijama, assim como está na escultura.

- A Zona Norte é o local do Rio que o Pixinguinha frequentava e tem um simbolismo muito grande a instalação desse monumento aqui. Tudo isso começou com uma iniciativa popular dos moradores da região, que acionaram o poder público – disse o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Marcus Belchior.

Assinada pelo artista Ique Woitschach, a peça foi confeccionada em bronze, pesa aproximadamente 400 quilos e mede 1,40m de altura. O monumento está na esquina das ruas João Silva e Custódio Nunes, em frente ao Bar da Portuguesa.

- Estava com uma certa dificuldade em fazer esse monumento, até que um dia fui dormir tão preocupado que o Pixinguinha entrou no meu sonho. Ele disse que não iria achá-lo nunca calçado. No dia seguinte passei a esculpir descalço e, coincidência ou não, foi um momento de virada. A escultura mostra ele na intimidade. O Bar da Portuguesa era a sala da casa dele e vai passar a ser referência do mundo para a cultura brasileira – contou o artista.

O Rio de Janeiro é a cidade brasileira com o maior número de monumentos e chafarizes em áreas públicas. São mais de 1.200 obras, como a de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabna, Tom Jobim, no Arpoador, e Chacrinha, no Jardim Botânico. São investidos cerca de R$2,5 milhões anualmente para a manutenção dessas obras.

Morador de Ramos há 42 anos, o casal Sebastiana Alves, de 58 anos, e Leonyr Maciel, de 75, já morou no prédio em cima do Bar da Portuguesa e hoje ainda mora a poucos metros dali. Eles garantem que a homenagem não poderia ter sido feita em outro local.

- Conheci membros da família do Pixinguinha, que era tradicional no bairro e o que não falta é história dele aqui – lembrou Leonyr.

A inauguração foi acompanhada por Dondon, apelido de Donzilia Gomes, que é portuguesa, proprietária e cozinheira do bar. 

- Faltam palavras para agradecer esta bela homenagem que a prefeitura fez ao Pixinguinha. Só posso dizer: muito obrigada! - disse. 

Nascido em 1897, no Rio de Janeiro, Pixinguinha foi maestro, flautista, saxofonista, compositor, arranjador e um dos maiores representantes do choro brasileiro. Considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, faleceu em 1973, de infarto no miocárdio, na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando seria padrinho de um batizado.