Imagine viver onde pouquíssimas pessoas compreendem a sua língua. Essa é a realidade de 6 milhões de brasileiros que têm deficiência auditiva. O único modo de comunicação e de interação com o mundo é através da Língua Brasileira de Sinais, a Libras, que é desconhecida por grande parte da população brasileira. A falta de conhecimento da Libras faz com que essas pessoas enfrentem cotidianamente diversas situações de preconceito e exclusão. Para ajudar a minimizar esses contratempos, a Prefeitura do Rio criou, em 2011, a Central Carioca de Intérpretes de Libras (CCIL). O programa da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência visa auxiliar a comunicação das pessoas surdas em diversas situações, mediando o atendimento de um serviço público, processo judicial, consulta médica e em outros casos em que essas pessoas necessitem de ajuda de um intérprete.

O programa atende, mensalmente, cerca de 300 usuários com as mais variadas demandas. A Central Carioca de Libras conta com uma equipe de cinco intérpretes que fazem o atendimento de segunda a sexta-feira, no Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência (Ciad) Mestre Candeia.  

De acordo com a coordenadora do programa, Viviane Pinheiro, uma das funções da equipe de intérpretes é fazer a interface entre a pessoa com deficiência auditiva e os diversos serviços oferecidos pela prefeitura.

- A Central Carioca de interpretes de Libras garante a acessibilidade do público surdo em diversas áreas, seja numa consulta médica; consulta no campo jurídico; mediação de conversas; intervenção no sentido de acompanhar essa pessoa a uma delegacia, caso ela precise ser ouvida; solicitação do Riocard; e em muitas outras situações em que esse indivíduo precise da nossa ajuda - contou Viviane.

Além do atendimento no Ciad, no Centro, a equipe da Central Carioca de Intérpretes de Libras está presente também nos cinco Centros Municipais de Referência da Pessoa com Deficiência, que ficam nos bairros Vila Isabel, Campo Grande, Santa Cruz, São Conrado e Irajá. Nessas unidades, o trabalho do intérprete é promover a interação das crianças e jovens com deficiência auditiva, que porventura tenham outra deficiência, nas atividades terapêuticas, culturais e de esportes que são desenvolvidas nesses locais. 

- Em cada Centro, temos um ou dois intérpretes que intermedia a comunicação durante as atividades de reabilitação. Temos crianças e jovens surdos que apresentam problemas motor, paralisia cerebral, baixa visão, com dificuldade de aprendizagem, ou que necessitem de um atendimento psicológico - disse a coordenadora.

A pedagoga Viviane Pinheiro teve sua formação acadêmica voltada para a questão da pessoa surda na sociedade. Para ela, que desde 2010 coordena a Central Carioca de Intérpretes de Libras, quando se pensa numa reabilitação para a pessoa com surdez se prioriza a aceitação desse indivíduo surdo em seu meio social, em detrimento de uma visão antiga e equivocada em que buscava a moralização dessa pessoa.

- Quando a gente fala em reabilitação da pessoa surda, não se está visando 'forçar' uma oralidade que, de antemão, a gente já sabe que essa pessoa não irá desenvolver. Quando falamos de reabilitação o que pretendemos é melhorar a socialização dessa pessoa ou melhorar o aspecto motor, caso ele tenha alguma deficiência nesse campo, ou psicológico. A gente visa promover a inclusão do surdo na comunidade em que ele vive - explicou Viviane.

O jovem casal Mariana Pires Gomes da Silva e Rafael Monteiro é usurário da Central Carioca de Intérpretes de Libras. Como os dois têm deficiência auditiva, eles procuram, frequentemente, o local para auxiliá-los na comunicação já que um grande número de pessoas desconhece a Libras.

- É de suma importância que se promova o ensino da Língua Brasileira de Sinais para que nós surdos possamos estar de fato inseridos na sociedade, o que, infelizmente, está longe de ser a realidade. A Libras facilita muito a nossa comunicação com a família, na escola, enfim, para tudo. Mas o que acontece normalmente é que as pessoas ouvintes acabam exigindo que nós façamos a oralização - comentou Mariana.

A Central Carioca de Intérpretes de Libras funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência (Ciad) Mestre Candeia, que fica na Avenida Presidente Vargas, nº 1997 – Centro.  Mais informações sobre o serviço podem ser obtidas pelo telefone: 2224-1227, por SMS: 8909-1375, ou através do E-mail: centraldelibras@smpd.rio.rj.gov.br.