Os bebês acolhidos nos abrigos municipais Ana Carolina, em Ramos, na Zona Norte, e Bia Bedran, em Botafogo, na Zona Sul, recebem cuidados periódicos para o desenvolvimento motor e psíquico. Em um ambiente adaptado para recebê-los e de aspecto aconchegante, mesmo marcados pelo abandono ou negligência dos pais, eles vivem o dia a dia como todo bebê. Para garantir a evolução nesta fase inicial da vida da criança, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) realiza a oficina Circulando Primeira Infância voltada para bebês e crianças de 0 a 4 anos.

- A ideia do Circulando Primeira Infância surgiu para fazer com que a criança possa criar mais autonomia tanto na lógica da psicomotricidade quanto na emocional. Isso é importante para essas crianças que passaram por algum tipo de separação na vida. A oficina vem para potencializar o trabalho da primeira infância e faz o que a política preconiza, que é a convivência de fato – disse o coordenador do projeto Circulando, Filipe Barbosa.

Com encontros as terças e quintas, nos turnos da manhã e da tarde, a oficina busca o aprimoramento na formação integral dos acolhidos e tem como objetivo oferecer o máximo de experimentações através de exercícios psicomotores.

O oficineiro do Circulando Primeira Infância, Marcelo Lima, explicou que a utilização de panos coloridos, objetos musicais e brinquedos mexem com os sentidos do tato e da visão das crianças. Para ele, não há nada mais gratificante do que ver, por exemplo, bebês reagindo a estímulos que antes não respondiam:

- Passo por momentos incríveis com essas crianças. São conquistas importantes que elas conseguem como o simples fato de sentar. É um encontro importante dos dois lados: deles e do meu. Às vezes, aprofundo a atividade só com uma criança para trabalhar com ela determinado movimento que apresenta dificuldades.

Todas as atividades são previamente elaboradas pela equipe dos abrigos e oficineiros. O espaço dos encontros é interativo, onde através das vivências o desenvolvimento motor, cognitivo e sensorial é estimulado e despertado para tornar essas crianças sociáveis, independentes e criativas.

De acordo com a diretora do Abrigo Ana Carolina, Aline Peçanha, a oficina vem para reforçar a importância da motricidade livre nos bebês, além de ajudar no desenvolvimento das crianças, que só se desenvolvem se tiver vínculo e afeto com quem cuida delas.

- A criança precisa se sentir livre para desenvolver. A motricidade livre é respeitar o tempo dos bebês, que varia muito de um para o outro. E a oficina reforça isso. Hoje temos certeza que o Circulando Primeira Infância é tão importante quanto o acompanhamento familiar - pontuou a diretora.

Iniciada em agosto do ano passado, a oficina Circulando Primeira Infância atende, em média, 20 bebês por mês. As atividades também vão além dos muros dos abrigos e acontecem em espaços públicos e privados da cidade.

Os abrigos têm capacidade juntos de atender 36 bebês. As crianças podem permanecer nestes espaços por um período de dois anos e meio. Eles são assistidos periodicamente por educadores que estimulam o desenvolvimento de acordo com a faixa etária, como reflexo, sucção, tato, além dos cuidados básicos que a Primeira Infância demanda. Os abrigos possuem uma equipe formada por médico, assistente social, nutricionista e educadores sociais.