09/09/2016 14:53:00 » Autor: Juliana Romar / Fotos: Paula Johas
A Praça XV, no Centro do Rio, recebeu nesta sexta-feira (09/09) o Monumento à Primeira Fotografia feita na América do Sul. Instalada entre o Paço Imperial e o prédio anexo da Alerj, a obra foi oferecida ao Rio de Janeiro pela Prefeitura de Paris e faz parte do programa de comemoração dos 200 anos da Missão Artística Francesa no Brasil.
O monumento traz a imagem do Paço Imperial, em uma fotografia atribuída ao francês Louis Comte. A demonstração do novo invento (foto) - na época denominado daguerreotipia - foi feita no dia 17 de janeiro de 1840 e noticiada pelo Jornal do Commercio, então principal diário carioca, na sua edição vespertina. No dia 20 de janeiro, o invento foi apresentado ao jovem Imperador do Brasil D. Pedro II, que dois meses depois tornava-se o primeiro fotógrafo brasileiro, com apenas 15 anos de idade.
- A França é um país pelo qual nós, brasileiros, nutrimos muita admiração e respeito e que nos inspira por valores muito importantes: liberdade, igualdade e fraternidade. Por isso, receber esse presente da França é muito importante, pois são duas cidades que utilizam muito bem a arte, um instrumento de construção de identidade cultural e histórica – disse o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires.
Com curadoria de Milton Guran e design de Jair de Souza e Ado Azevedo, o monumento simboliza a primeira imagem de processo fotográfico produzida na América do Sul e uma das primeiras, em toda a história da fotografia, em que aparecem, com nitidez, pessoas e animais em um logradouro público.
A peça possui dois metros de altura, estrutura de aço escovado e vidro laminado auto-limpante e instalada sobre um piso circular em granito preto, com sinalizadores em aço para deficientes visuais. A fotografia, o texto e as marcas foram impressos nas duas faces da escultura.
- Esse monumento é uma celebração da amizade profunda entre Paris e Rio, as duas cidades mais bonitas e mais visitadas do mundo. Por isso, nada mais importante do que a fotografia para comemorar suas belezas e o esplendor e expressar um ponto em comum, que é a cultura em lugar público. Há dois séculos, o primeiro registro do Rio feito por um francês já mostrava esse amor pela fotografia e pelo vanguardismo das duas cidades - destacou o vice-prefeito de Paris, Jean-François Martins.
Além da imagem da fachada do Paço Imperial, Comte registrou ainda o Chafariz do Mestre Valentim e o Mercado da Candelária, durante sua passagem pela cidade do Rio. Capelão de um navio-escola francês que aportou no Rio de Janeiro apenas de passagem, Comte deixou o povo brasileiro e especialmente o imperador D. Pedro II encantado com o resultado de suas fotografias.
- A Praça XV, na sua simplicidade, é, histórica e institucionalmente, o maior espaço de construção da nossa nacionalidade, o que dá ainda mais significado a esse monumento que, ao celebrar a realização da Primeira Foto feita na América do Sul, simbolicamente destaca a importância da fotografia na construção da nossa identidade - afirmou o antropólogo e fotógrafo, Milton Guran.