28/02/2016 17:27:00 » Autor: Flávia David / Fotos: J.P. Engelbrecht
O prefeito Eduardo Paes participou, na manhã deste domingo (28/02), de viagem teste dos trilhos do VLT Carioca, que percorreu o trajeto Rodoviária-Cinelândia. O itinerário integra a primeira etapa do sistema, que ligará a Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont com 18 paradas. A partir de agora, o trânsito das composições na movimentada área da cidade se tornará rotina, uma vez que diversos testes ainda serão realizados até que esta primeira fase entre oficialmente em operação, o que está programado para abril. Desde outubro, os trens já fazem testes noturnos pela Região Portuária, nas áreas do Santo Cristo, Gamboa e Saúde. A segunda etapa, Central-Barcas, deverá entrar em operação no segundo semestre.
O teste deste domingo também foi acompanhado pelo secretário executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, e os presidentes da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Alberto Gomes Silva, e da Concessionária do VLT Carioca, Carlos Baldi.
- Poder acordar em uma segunda-feira, sabendo que o VLT já está em testes, é fruto do compromisso com a mobilidade que a cidade vem cumprindo. Ainda não alcançamos o ideal, mas estamos avançando. Esse é um daqueles projetos que surgiram há muitos anos e que agora tornamos realidade. Ver o VLT passando pela Cinelândia foi um momento de muito orgulho - disse o prefeito.
Paes também solicitou aos cariocas que circulam pelas ruas mais movimentadas do Centro para que estejam atentos à passagem do trem durante a fase de testes. Apesar de o VLT trafegar em velocidade baixa, é necessário que a sinalização seja respeitada para que acidentes sejam evitados.
Inovador, o sistema terá 29 paradas abertas e três estações fechadas (Rodoviária, Central e Barcas). Modal integrador, o VLT conectará trens, metrô, barcas, teleférico, BRTs, ônibus convencionais, rodoviária, terminal de cruzeiros marítimos e aeroporto em malha que vai funcionar de segunda-feira a domingo 24 horas por dia. Com capacidade de transporte de 420 passageiros por composição, o sistema chegará a até 300 mil passageiros por dia quando entrar em operação plena. Intervalos entre um trem e outro poderão variar de três a 15 minutos, de acordo com linha, demanda e horário.
O sistema também será pioneiro no que diz respeito à forma de pagamento, sem catracas ou cobradores. No VLT, o próprio passageiro validará o seu bilhete nas máquinas situadas no interior do trem. O sistema utilizará Bilhete Único e bilhetes unitários adquiridos nos terminais de autoatendimento (ATM) instalados nas paradas e postos de venda do RioCard. O passageiro que não validar a passagem estará sujeito a multa conforme regulamentação que ainda está em fase de elaboração pelo município. Durante a viagem teste, o grupo testou e aprovou o sistema de validação de passagem, que custará 3,80.
- Para os usuários do Bilhete Único Carioca, a segunda perna será gratuita, como já acontece nos outros modais de transporte. A terceira, complementar, terá o valor de R$ 2,10. O cidadão que já tiver feito duas viagens pelo Bilhete Único e desejar utilizar o VLT como complemento não pagará uma nova tarifa, mas será cobrado esse valor parcial. Para os usuários do Bilhete Único intermunicipal será respeitado o valor tarifado do Estado - afirmou o secretário municipal de Transportes, acrescentando que a multa para quem não validar o bilhete poderá ser de R$ 170 (valor a ser aprovado pela Câmara Municipal). Durante as viagens, fiscais estarão de prontidão nos trens para garantir o pagamento dos bilhetes.
VLT Carioca
O projeto prevê entrega e operação de 32 trens de 3,82 metros de altura, 44 metros de comprimento por 2,65 metros de largura, com capacidade para 420 passageiros. Os primeiros cinco trens foram produzidos na França, em La Rochelle. Acordo de transferência de tecnologia viabilizado pelo regime de parceria público-privada (PPP) entre a Prefeitura do Rio e a Concessionaria do VLT Carioca garante 60% de conteúdo local. As unidades em construção no Brasil são do modelo Citadis, operado sem catenárias (cabos aéreos para a alimentação por energia elétrica). No modelo carioca, a alimentação se dá por duas fontes de energia: um terceiro trilho energizado e supercapacitores.
Para guiar os trens, atualmente há 28 condutores em fase final de treinamento e habilitação. Outras duas turmas formarão mais 40 profissionais a partir de março. O curso de formação tem duração total de sete meses. Para as duas turmas iniciais, o primeiro mês de aulas levou os alunos à França, ao centro de treinamento da RATP, empresa responsável pela operação do metrô e VLT de Paris. Os condutores tiveram acesso a vias de teste planejadas especialmente para o curso, conduziram veículos sem passageiros e treinaram ações rotineiras como aceleração e frenagem em trechos de travessia de pedestres e sistema de semáforos. No Rio, seguem o treinamento com módulos específicos de ambientação ao novo modal.
A implantação do VLT tem custo de R$ 1,157 bilhão, sendo R$ 532 milhões com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade e R$ 625 milhões viabilizados por meio de uma parceria público-privada (PPP) da Prefeitura do Rio.
A tecnologia é considerada uma alternativa limpa, já que utiliza um sistema próprio de transmissão de energia pelo solo, contribuindo para a redução da emissão de poluentes. A energia é proveniente de um terceiro trilho instalado entre os trilhos de rolamento do veículo com alimentação apenas quando o trem passa sobre ele. As composições dispõem ainda de um supercapacitor embarcado (uma super bateria) que recebe energia da rede e pode ser recarregado por meio da energia absorvida no processo de frenagem do trem.
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