O prefeito Eduardo Paes compareceu, neste domingo (04/10), ao Desafio Internacional de BMX, evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, no Complexo Esportivo de Deodoro. Por iniciativa da prefeitura, cerca de 150 moradores do bairro tiveram a oportunidade de conhecer de perto a competição — cancelada pela organização do evento devido às quedas dos ciclistas e ao mau tempo após a realização das primeiras baterias.  Na sexta-feira (02/10), os competidores solicitaram que alguns ajustes fossem feitos na pista. O evento reuniu 90 atletas de 30 países.

— Os atletas ficaram surpresos porque as mudanças solicitadas foram feitas em 24 horas. Inclusive, alguns atletas ajudaram a fazer as adaptações junto com os trabalhadores.  É bom deixar claro que, para essa pista, a prefeitura contratou uma das empresas indicadas pelo Comitê Olímpico Internacional e a mesma estava aprovada pela federação internacional da modalidade. Por isso que é importante ter evento-teste, para que se possa fazer as adaptações necessárias. Conversei com um atleta suíço que falou que os ajustes melhoraram bastante as condições, daí a importância de a federação estar conectada com os competidores para fazer os ajustes que eles desejam — disse Paes.

O projeto foi elaborado pelo escritório de arquitetura Vigliecca & Associados com a consultoria da empresa Elite Trax, a mesma que construiu a pista de BMX dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e para o Pan-Americano de 2015, em Toronto. Tom Ritzenthaler, presidente e fundador da Elite Trax, é o responsável pelo projeto e construção da pista.

— É bom lembrar que a pista é de saibro e já estava previsto a manutenção permanente a partir de janeiro. O evento-teste antecipou o fato, mas está tudo previsto no contrato, inclusive, soube que adaptações também foram feitas em Londres, antes das Olimpíadas. O importante é que a pista está aberta aos atletas para eles treinarem quando quiserem — completou o prefeito.

Com 4 mil metros de área, 350 metros de extensão para o circuito feminino e 400 para o masculino, o espaço integra o Parque Radical, legado olímpico para cerca de 1,5 milhão de moradores das zonas Norte, Oeste e da Baixada Fluminense. O projeto acompanhou o relevo e a incidência de ventos, detalhes que podem interferir na performance dos atletas. O material do piso é de saibro com asfalto de massa extremamente fina nas curvas.  Após os Jogos Olímpicos, atletas de alto rendimento e ciclistas amadores poderão usar o equipamento, que terá ainda uma pista para iniciantes.

— Não vejo a hora de frequentar esse espaço. Para mim é como se fosse um grande quintal, onde eu, a minha família e meus amigos poderemos nos reunir para desfrutar dessa área de lazer. Torço para o sucesso das Olimpíadas, mas não vejo o momento de ver a cerimônia de encerramento porque será o sinal para que os moradores ocupem esse Parque Radical —  disse a aposentada Miriam Senra Bonfim, 65 anos, moradora do Conjunto Pró-Morar II, em Deodoro.

Nos treinos desta manhã, a brasileira Bianca Quinalha sofreu queda e foi encaminhada para o hospital com suspeita de fratura no punho direito. Segundo o treinador da seleção brasileira, Guilherme Pussieldi, o incidente não foi causado por questões de segurança do trajeto. Outro brasileiro que se machucou e precisou ser retirado da competição foi Rogério dos Reis. 

Parque Radical de Deodoro

Em julho de 2014, a prefeitura iniciou as obras do Complexo Esportivo de Deodoro. O local recebeu os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Mundiais Militares de 2011, garantindo 60% das áreas de competição permanentes construídas. As intervenções são coordenadas pela prefeitura e realizadas com recursos do Governo Federal. Após os Jogos, a pista de BMX, assim como o circuito de canoagem slalom, fará parte do Parque Radical — legado esportivo e social para a região.

Com quase 500 mil metros quadrados, o espaço terá uso combinado como centro de treinamento para atletas de alto rendimento e lazer da população, em uma região com poucas opções para a prática de atividades ao ar livre e grande concentração de população jovem. O parque vai oferecer opções variadas de recreação e prática esportiva – incluindo uma ciclovia – e será a segunda maior área de lazer da cidade, atrás apenas do Parque do Flamengo.

Cercado pelos bairros de Anchieta, Campo dos Afonsos, Deodoro, Guadalupe, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Parque Anchieta, Realengo, Ricardo de Albuquerque e Vila Militar, o Complexo de Deodoro faz limite com três municípios populosos da Região Metropolitana do Rio – Nilópolis, Nova Iguaçu e Mesquita –, que também vão se beneficiar do legado que os Jogos deixarão no Parque Radical.
 

O planejamento para o aproveitamento pleno do Parque Radical, que nos Jogos receberá as competições de canoagem slalom, BMX e mountain bike, divide a área em quatro setores, de acordo com o perfil de cada um. No setor 1, onde ficam o circuito de canoagem slalom e a pista de BMX, a ideia é fazer uso combinado do público e dos atletas de alto rendimento. A pista olímpica de BMX permanecerá, com suas ondulações desafiadoras para os melhores praticantes de bicicross do mundo. No terreno ao lado, serão instaladas quadras poliesportivas. Nos outros setores do parque haverá trilhas ecológicas, equipamentos de ginástica, quiosques, mirante, minipista de mountain bike, ciclovia, pista de skate, além de uma Nave do Conhecimento, uma Clínica da Família e equipamentos de educação ambiental.