Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

“Diálogos com o Futuro” encerra programação com palestras sobre educação, oportunidades e cidadania

24/08/2015 17:18:00  » Autor: Flávia David / Fotos: Ricardo Cassiano


A Prefeitura do Rio encerrou, nesta segunda-feira (24/08), a programação do "Diálogos com o Futuro", ciclo de palestras e workshops criado para debater os próximos 50 anos da cidade. No quinto e último dia do evento, realizado no Centro de Inovação Cisco, no Centro, foi discutida a temática "Alto valor humano: equidade de oportunidades e cidadania", com a participação de representantes do governo municipal, como o secretário executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, a secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Georgette Vidor, e o coordenador especial da Diversidade Social, Carlos Tufvesson.

 

Os debates fizeram parte do projeto "Visão Rio 500", que promove ações para discutir o futuro da cidade e auxiliar na elaboração das metas e diretrizes do Plano Estratégico 2017-2020. Durante o período, representantes da sociedade civil e estudiosos de políticas públicas se reuniram para debater como o Rio poderia se tornar mais integrado, inclusivo e sustentável. As discussões foram todas transmitidas pela internet em tempo real, e os internautas puderam enviar sugestões.

 

- Nosso terceiro plano estratégico tem um desafio diferente dos anteriores. Dessa vez, tão importante para nós quanto o produto final, é o processo de participação da sociedade em nossa tomada de decisões. Foi uma opção difícil pensar esta cidade daqui a 50 anos, mas, ao mesmo, tempo, uma decisão que nos permitiu sonhar uma cidade mais humana, uma cidade para todos - afirmou Pedro Paulo.

 

Dando início à primeira palestra do dia, a diretora e líder global de Educação da McKinsey&Company, Mona Mourshed, falou sobre os diferentes níveis de evolução do ensino em vários países, com perspectivas a longo prazo para esta área. Segundo ela, a governança mundial tem investido pesado na melhora da qualidade escolar. Porém, é fundamental que o poder público atente também para questões como transporte e nutrição, que interferem na concentração dos alunos. Para Mourshed, esses fatores são de grande importância para que se estabeleça um "ensino de alto desempenho".

 

Em seguida, o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista, falou sobre primeira infância e desenvolvimento cognitivo. Segundo ele, o investimento na primeira infância é o de maior retorno que uma cidade pode ter. Além de boas creches e pré-escolas, estar atento ao comportamento das famílias também é primordial:

 

- Para ser benéfico para o futuro de uma criança, é preciso que as instituições sejam excepcionais, porque os primeiros anos são cruciais para o desenvolvimento dos pequenos. Eu diria também que, além da criação de boas unidades de ensino, o poder público precisa investir nas famílias, auxiliando os pais e responsáveis a participar mais da vida das crianças. A qualidade da interação com esses meninos é o que fará toda a diferença no ensino. Tudo é questão de estímulo.

 

No primeiro painel do dia, sobre educação básica no Rio, especialistas apontaram que a educação é a base para qualquer iniciativa, uma vez que está correlacionada a questões como saúde, coesão social e desenvolvimento econômico. No time moderado pela professora adjunta da UFRJ Tania Zagury estavam Wanda Engel, Doutora em Educação pela PUC-Rio, atualmente no Instituto Itaú Unibanco; Andrea Ramal, também Doutora em Educação pela PUC-Rio, e Claudio de Moura Castro, assessor especial da Presidência do Grupo Positivo.

 

 

O destaque da manhã ficou por conta de palestra gravada com a diretora global de Educação do Banco Mundial, e ex-secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin. Por videoconferência, ela destacou o trabalho da Prefeitura do Rio na formação de professores e construção de novas unidades de ensino e acrescentou que é preciso "colocar o pé no acelerador":

 

- O Rio de Janeiro vem se esforçando para adotar uma trajetória correta em educação, com estratégias adequadas que enfatizam a formação de professores, a universalização do Ensino Fundamental e a criação de novas vagas em creches e pré-escolas. Isso deve ser feito, sim, em todas as cidades, mas de maneira mais acelerada. Se a criança não aprende, o país não cresce. O Rio de Janeiro está na vanguarda do que o mundo tem feito em educação e merece ser tornar a Cidade do Conhecimento.

 

Em palestra que tratou da remediação de disparidades, Ivonette Albuquerque, diretora do Galpão Aplauso, e Guti Fraga, fundador do grupo Nós do Morro, falaram sobre a importância de se criar políticas públicas para jovens de comunidades que se encontram fora dos mercados consumidor e produtivo.

 

Ao falar sobre as tendências do ensino superior e profissional, o reitor da Universidade Estácio de Sá, Ronaldo Mota, destacou a rapidez com que o mundo está evoluindo, ressaltando a importância de se estudar maneiras mais eficientes para lidar com essa demanda. Segundo ele, a tecnologia se coloca como grande aliada nesse processo, uma vez que o ser humano tem característica de aprender rapidamente, mas de maneiras distintas. 

 

No segundo painel do dia, que tratou da civilidade do carioca, participaram Vinícius Roriz, ex-presidente da Comlurb, Ilana Strozemberg, professora e pesquisadora da UFRJ, e o ativista social Raul Santiago. Em sua apresentação, Roriz destacou a relação da população com os resíduos,  dando xomo exemplo as ações da companhia para que o cidadão aprendesse a fazer o seu descarte corretamente:

 

- Nosso grande desafio era sair do conceito para a ação. Posso dizer que a execução do Lixo Zero só foi bem-sucedida porque teve apoio de diversos órgãos municipais. Para os próximos 50 anos, torço para que o programa não se faça mais necessário e que o cidadão, automaticamente, sem necessidade de multas, pratique o correto. Que o carioca resgate a sua civilidade e faça dessa cidade um lugar ainda mais bacana.

 

Já Ilana defendeu o pensamento da civilidade no Rio sob o ponto de vista do respeito às diferenças e da promoção do diálogo, no que foi endossada por Raul Santiago. O ativista completou com a sugestão de um projeto que "priorize a vida do próximo", garantindo-lhe a civilidade.

 

 

 

No terceiro e último painel da manhã, participaram Georgette Vidor e Carlos Tufvesson, que falaram sobre o respeito às pessoas com deficiência e à diversidade. A discussão, que teve como mediador o diretor do Observatório de Favelas, Jaílson de Souza e Silva, também contou com a presença do professor Marcelo Alonso, da PUC-Rio, que defendeu o respeito às práticas religiosas. Em sua apresentação, Georgette destacou o papel das escolas na orientação de crianças e jovens:

 

- A falta de civilidade está atrelada à falta de conhecimento. Apesar de o Brasil ter a melhor legislação para pessoas com deficiência, os cidadãos não respeitam essas leis. Por isso, é preciso que se trabalhe nas escolas, desde cedo, a questão da educação inclusiva. Não se trata da aceitação, pura e simplesmente, mas de respeito. De entender como o outro pensa. Isso se chama cidadania.

 

Tufvesson defendeu o respeito à diversidade e destacou o pioneirismo do Rio de Janeiro na defesa dos direitos para todos. Para ele, a questão não deve ser tratada apenas regionalmente, mas no Brasil inteiro:

 

- O Rio de Janeiro sempre foi famoso por respeitar a diversidade, o que está se perdendo em outras regiões do país. Trata-se de uma questão muito complexa que também passa pela educação. As próximas gerações precisam ser preparadas para aceitar e respeitar a diversidade. Para que possam, enfim, acolher o cidadão com todas as suas diferenças.  Como costumo dizer, não é preciso ser negro para combater o racismo e, muito menos, ser gay para combater a homofobia.

 

Na parte da tarde, a programação consistiu na formação de grupos - mediados por um facilitador - que formularam ideias que atendam às necessidades dos cariocas com base em tudo o que ouviram na parte da manhã.
 


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