29/01/2015 14:16:00 » Autor: Flávia David/Fotos: Beth Santos
O prefeito Eduardo Paes anunciou, na manhã desta quinta-feira (29/01), no morro da Mineira, o início das obras preventivas de contenção em áreas de alto risco nas comunidades Vila Santa Alexandrina, Catumbi e Morro do Bananal, no Rio Comprido. Parte das ações para implantação do Plano Municipal de Gestão de Risco, as intervenções serão executadas pela Fundação Geo-Rio, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Obras, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do Governo Federal. Com investimento de R$ 5,5 milhões, as obras devem ser concluídas em um ano.
- Vivenciei dois momentos ruins causados por chuvas, que resultaram em muitas vítimas: um durante o carnaval de 1996 e o outro em 2010. Se o poder público pode tomar atitudes necessárias para que vidas não se percam, não medirei esforços para isso. Assim como nesta região, também estamos atuando na área do Maciço da Tijuca. São obras difíceis de serem feitas, mas contamos com a expertise da Geo-Rio, um órgão técnico de extrema competência. Ainda há muitas áreas de risco e é importante que as pessoas que moram nessas comunidades respeitem o sistema de alerta da Defesa Civil, criado para prevenir tragédias em caso de deslizamento de encostas - disse Paes.
As comunidades atendidas fazem parte do complexo Central Tijuca, cujas áreas contempladas foram subdivididas em três: Rio Comprido I, Rio Comprido II e Rio Comprido III. Ao todo, 14 localidades serão beneficiadas pelas ações, que incluem ainda Bispo, Pantanal, Sumaré, Matinha, Unidos de Santa Tereza, Mineira, Paula Ramos, Escondidinho, Prazeres, Clara Nunes e Morro do Rato. Estas regiões estão entre as 117 mapeadas com alto risco de deslizamento pela Fundação Geo-Rio, em estudo realizado no Maciço da Tijuca e na Serra da Misericórdia logo após as chuvas de 2010, quando o Plano de Gestão de Risco foi idealizado.
Constam no escopo do projeto a construção de cortinas atirantadas (estrutura de contenção feita com concreto armado), revestimento de talude (plano inclinado) com concreto projetado, passarelas, muros de arrimo e/ou de peso, desmontes e fixação de rochas, e instalação de canaletas de drenagem.
- Esta é a última fase de um trabalho que já realizamos nas comunidades do Rio Comprido. São intervenções necessárias, como contenção de encostas, drenagem e reflorestamento para tirarmos a localidade da situação de alto risco. As ações começam hoje e serão concluídas até o final deste ano - explicou o presidente da Geo-Rio, Márcio Machado.
O anúncio das obras, nesta quinta-feira, foi recebido com festa pelos moradores da região. A dona de casa Marise Bernardes, 40 anos, que mora no Morro da Mineira há quatro anos, disse que as intervenções serão bem-vindas:
- É muito triste ver famílias inteiras sofrendo as consequências das chuvas, com enchentes e deslizamentos. As obras serão de uma importância extrema para tornar esse lugar melhor para se viver. Uma comunidade sem deslizamentos é uma comunidade sem medo.
Desde 2010, a cidade conta com sistemas de alta tecnologia para prevenir tragédias causadas pelas chuvas fortes, como é o caso do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário. Sirenes são instaladas em comunidades com alto risco de deslizamentos e equipes da Defesa Civil e do Alerta Rio monitoram as chuvas na cidade. Se identificarem que as chuvas chegaram a níveis críticos, com possibilidade de ocorrerem deslizamentos nestes locais, o Sistema de Alerta e Alarme é acionado diretamente do Centro de Operações Rio (COR), na Cidade Nova. Os agentes e lideranças locais recebem mensagens (torpedos) em aparelhos celulares cedidos pela prefeitura e orientam os moradores a se deslocarem de maneira organizada aos pontos de apoio.
O carioca pode contar com o Mapa Digital Alerta Rio, lançado no ano passado, pelo Instituto Pereira Passos (IPP) em parceria com a Subsecretaria de Defesa Civil. A ferramenta, que pode ser consultada no portal do Armazém de Dados, permite visualizar a distribuição espacial dos Pontos de Apoio, Sirenes e Estações Alerta Rio (GeoRio), que atendem as comunidades contempladas pelo Sistema de Alerta e Alarme Comunitário, projeto coordenado por aquela Subsecretaria.
Plano Municipal de Gestão de Risco
Entre todas as cidades do País, o Rio foi o que recebeu maior aporte para execução de obras estabilizantes: R$ 350 milhões. Pioneiro no País, o Plano Municipal de Gestão de Risco do Município do Rio de Janeiro (PMGR) foi executado pela Geo-Rio. A iniciativa é constituída de cinco etapas. As três primeiras foram concluídas e, atualmente, o órgão está em fase de implantação da penúltima etapa. São elas:
1 - Conhecimento: mapeamento da região mais adensada da cidade (Maciço da Tijuca e Serra da Misericórdia) para levantamento dos principais pontos em alto risco de deslizamento, cujo estudo identificou 117 áreas com risco iminente;
2 - Prevenção: instalação dos sistemas de alertas sonoros (sirenes) nessas regiões;
3 - Diagnóstico: desenvolvimento de projetos executivos específicos para os pontos mapeados;
4 - Intervenção: realização das obras para mitigação de riscos;
5 - Monitoramento: sistema de controle de ocupação das áreas já beneficiadas com as intervenções propostas, através de equipamentos tipo VANT (Veículo Aéreo Não Tripulável) para garantia de que essas áreas não sejam mais reocupadas ou invadidas e que as intervenções realizadas permaneçam íntegras e cumprindo com a sua finalidade.
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