26/11/2014 14:31:00 » Autor: Flávia David / Fotos: Beth Santos
O prefeito Eduardo Paes visitou, na manhã desta quarta-feira (26/11), as obras de construção do Museu do Amanhã, no Píer Mauá, que atingiram 76% de conclusão. O museu deve ser inaugurado até 1º de março de 2015, data em que se comemora os 450 anos da cidade.
- Estamos correndo para que possamos cantar parabéns para o Rio no Museu do Amanhã, que é o grande ícone do processo de revitalização da Região Portuária da cidade. Não tenho dúvida de que estamos erguendo uma nova marca para a cidade, assim como são o Maracanã, Pão de Açúcar e o Corcovado - disse Paes, que considera a obra um enorme desafio:
- Estamos falando de um prédio que será diretamente influenciado pela luz solar, seu teto e paredes se movimentarão para acompanhar o sol. Além disso, o museu contará com um sistema inovador para a captação da água da Baía de Guanabara, que fará a refrigeração do museu e voltará limpa para seu local de origem. Sem falar que o Museu do Amanhã será cercado por uma paisagem fantástica.
Parte do conjunto de obras do projeto Porto Maravilha, o prédio já recebeu 15.300 metros quadrados de concreto em 253 etapas e quase quatro mil toneladas de aço na estrutura metálica, mobilizando 1.000 trabalhadores, 24 horas por dia. Com projeto do premiado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o Museu do Amanhã é fruto de parceria da Prefeitura do Rio e da Fundação Roberto Marinho, tendo o Banco Santander como Patrocinador Master. A instituição irá aplicar R$ 65 milhões na implantação da museografia e no programa de sustentabilidade durante 10 anos. Além disso, recentemente, a empresa British Gas se juntou ao grupo como nova parceira.
O investimento de R$ 215 milhões é custeado pela venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), ou seja, sem recursos do tesouro municipal. O projeto também conta com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria do Ambiente, e do Governo Federal, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Secretaria dos Portos.
O Museu do Amanhã será cercado por grande uma grande área verde com cerca de 30 mil metros quadrados, com jardins, espelhos d'água, ciclovia e área de lazer. O paisagismo foi projetado pelo escritório Burle Marx e Cia. O presidente da concessionária Porto Novo, José Renato Ponte, apontou os próximos passos da obra:
- Vamos fechar a cobertura e concluir a parte de pintura e instalações. Além disso, faremos a colocação dos vidros. Posteriormente, concluiremos a urbanização do entorno do museu. Tão logo a gente instale a sua cobertura, daremos início à urbanização da área que fica em frente ao prédio.
Ainda segundo o presidente a Porto Novo, todo o material utilizado na finalização do museu é importado. A cobertura foi fabricada em Portugal, enquanto a forma utilizada para a produção do concreto ondulado veio de uma fábrica alemã. Já os vidros serão fornecidos por uma empresa espanhola.
A arquitetura do prédio de 15 mil m² dialoga com a temática da sustentabilidade. O projeto prevê utilização de recursos naturais do local, como a água da Baía de Guanabara, que será usada para refrigerar o interior do museu também no espelho d'água no entorno. Todas as atividades da obra seguem rigorosas metas de controle da saída de sedimentos, organização e limpeza, elaboração do plano de controle de erosão, sedimentação e poluição no canteiro em busca da sustentabilidade e eficiência. A construção adota medidas para melhorar seu desempenho em eficiência termoenergética, redução do consumo de água e emissões de CO² e melhor qualidade ambiental interna.
No futuro, com o prédio em operação, mais de seis mil placas de células fotovoltaicas nas "asas" do museu captarão energia solar para gerar 200 KW. Essas asas vão se movimentar de acordo com a posição do sol em espetáculo à parte. A complexidade do projeto assinado por Calatrava, de estilo marcado por grandes curvas e vãos, imprimiu desafios e exigiu métodos construtivos inovadores para garantir que a superestrutura do museu se debruçasse sobre um grande espelho d'água. A forma utilizada, inédita no Brasil, só foi possível com o uso da tecnologia 3D. Na montagem da cobertura metálica do museu, grande pórtico sobre trilhos faz o trabalho de transportar as peças e posicioná-las na construção do telhado.
- Conteúdo
O Museu do Amanhã será um museu de ciências dedicado a explorar as possibilidades de construção do futuro por meio de ambientes audiovisuais, instalações interativas e jogos criados a partir de dados fornecidos por instituições de pesquisa no Brasil e no mundo. Cinco perguntas norteiam a construção do percurso narrativo do museu: De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos conviver nos próximos 50 anos? O museu tem o objetivo de engajar o público em uma reflexão sobre a era do Antropoceno, quando o homem se tornou força planetária capaz de alterar o clima, degradar biomas e interferir em ecossistemas.
Crescimento da população e aumento da longevidade; padrões de consumo; mudanças climáticas; manipulação genética e bioética; distribuição de renda; avanços da tecnologia e alterações da biodiversidade serão questões presentes no conteúdo e representadas na expografia do museu, com curadoria do físico e doutor em Cosmologia Luiz Alberto Oliveira. O designer americano Ralph Appelbaum assina a concepção museográfica e o argentino Andres Clerici a direção artística.
O Museu do Amanhã terá uma exposição de longa duração dividida em cinco áreas principais: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Imaginação. Elas resultarão em 53 experiências diferentes. Em cada uma dessas cinco áreas, o público terá acesso a um panorama geral sobre os temas tratados e poderá aprofundá-lo, se tiver interesse. A tecnologia funciona como suporte para a expografia, contribuindo para enriquecer a experiência do visitante. O conteúdo do museu foi elaborado por time de mais de 30 consultores brasileiros e internacionais de diversas áreas. O museu também tem parceria com algumas das principais instituições da ciência no Brasil e no exterior, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT), entre outros.
- Exposição Principal
O visitante começa sua experiência no Cosmos, onde participará de imersão coletiva. Em ambiente fechado em forma de ovo, com projeção em 360 graus, o público fará viagem sensorial pelo universo em todas as suas escalas – de partículas microscópicas às galáxias mais distantes. Em seguida, na área chamada de Horizontes Cósmicos, poderá aprofundar conhecimentos com o auxílio de telas interativas individuais.
Na Terra, três cubos de sete metros de largura por sete metros de altura representam as três dimensões da existência: Matéria, Vida e Pensamento. No cubo da Vida, por exemplo, o DNA, elemento comum a todas as espécies, está representado no exterior. No interior, a diversidade da vida surge em seleção de imagens do bioma da Mata Atlântica – o mais característico do Brasil e do Rio de Janeiro, onde estão concentrados 17% de área recuperada. A porção mais conhecida desse bioma que tem origem na Baía de Guanabara ilustra essa experiência. As fotos contemplam seus seis extratos – Campo de Altitude, Floresta de Alta Montanha, Mangue, Restinga, Terras Baixas e Baía – e foram produzidas durante três expedições realizadas para o Museu do Amanhã.
A parte central do percurso narrativo será dedicada a pensar o hoje, características e sintomas. Totens com mais de 10 metros de altura formam o Antropoceno com conteúdo audiovisual sobre ações do homem no planeta para despertar no visitante a consciência do papel que desempenha na atualidade. Há indícios de a humanidade será composta de 10 bilhões de pessoas em 2060. As próximas cinco décadas podem condensar mais mudanças do que os últimos 10 mil anos. Por isso, o Museu do Amanhã irá explorar a diversidade com ênfase no comportamento humano. No campo da sustentabilidade, as experiências vão levar o visitante a se perguntar ‘como poderemos viver?'. Já no campo da convivência, a questão será ‘como queremos viver?'. Entre os totens, quatro "cavernas" convidarão o visitante a entender mais sobre o tema.
O Amanhã surge no museu em três ambientes diferentes, com experiências coletivas representado pelo entrelaçamento de seis grandes tendências: mudanças climáticas extremas, alteração da biodiversidade; crescimento populacional e aumento da longevidade; maior integração e diferenciação da produção; aumento de artefatos e criação de novos materiais, em função do avanço da tecnologia e expansão do conhecimento.
A Oca da Imaginação fecha percurso de visitação de forma simbólica com uma experiência de luz e som. Seu elemento central, uma churinga (espécie de amuleto) de aborígenes australianos, é um dos mais antigos artefatos existentes no planeta e única peça física do acervo. As churingas estão presentes em várias culturas e representam conhecimentos adquiridos e passados adiante. São verdadeiros elos de conexão entre gerações.
- Outras Áreas
Além da exposição principal, no segundo pavimento do prédio, o Museu do Amanhã oferecerá espaços para exposições temporárias, auditório com 400 lugares, cafeteria, restaurante e loja. O museu abriga ainda o Laboratório das Atividades do Amanhã, ambiente coletivo de experimentação e espaço de exibição de projetos e protótipos, e o Observatório do Amanhã, que irá exibir, catalogar e repercutir relatórios e informações das últimas pesquisas científicas e tecnológicas em temas relacionados ao museu, e tem, também, a função de atualizar dados da exposição de longa duração.
O Museu do Amanhã proporcionará visão acessível dos processos complexos que estão alterando o planeta. Na sondagem e experimentação de novos panoramas e convivências, o espaço se converte em instrumento de educação que aponta cenários em transformação de um futuro próximo – possibilidades produzidas no presente com impacto sobre as novas gerações.