O Instituto Pereira Passos (IPP) está de olho nos cenários da subida do nível do mar na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e nas alterações climáticas causadas pelo fenômeno natural. Para isso, geógrafos estudam a vulnerabilidade de regiões da cidade diante da elevação do nível médio do mar, sob os aspectos sociais e ambientais. E assim, permitir à prefeitura carioca, bem como aos governos de outras cidades metropolitanas, planejar estratégias de adaptação a essas alterações e promover políticas públicas de recuperação dessas áreas.

A partir da utilização de ferramentas de geoprocessamento, como o software ArcGIS, o IPP gerou um Modelo Digital do Terreno (MDT) com base nos conjuntos de dados cartográficos disponíveis para a área, tais como curvas de nível, pontos cotados e linha de costa. Também foram analisados aspectos como biodiversidade, deslizamento de encostas, e de que maneira esses sistemas poderiam ser afetados pelas mudanças climáticas.

Para obter tais resultados, foram criados três cenários da subida do nível do mar, mapeados (0,5, 1,0 e 1,5 metro) de acordo com relatório recente do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e de outras publicações científicas. Também foi levado em consideração o conceito de Vulnerabilidade Socioambiental, com base nas pessoas que habitam os terrenos pesquisados. Com as informações e as previsões do IPCC, os cálculos foram projetados para o município do Rio.

De acordo com Felipe Mandarino, geógrafo do IPP e um dos autores do estudo, algumas regiões mapeadas chamaram sua atenção: Barra da Tijuca e Jacarepaguá, o mangue de Guaratiba, distrito industrial de Santa Cruz e os arredores do extinto Aterro Sanitário de Gramacho.

- A região da Barra da Tijuca é a que mais preocupa, pois se trata de uma área que está sendo fortemente ocupada. Além disso, as outras regiões citadas precisam ser observadas. Os arredores do Aterro, por exemplo, ficam na beira da Baía de Guanabara. Com a elevação do nível do mar, aquela região pode ter problemas com eventuais vazamentos de chorume - disse Mandarino.

A intenção do estudo não é alarmar ou causar algum tipo de pânico, mas chamar a atenção para essas possibilidades e fazer com que os governos se preparem para elas. Em setembro de 2013, cientistas da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram um estudo sobre o tema. Segundo a divulgação, o nível do mar pode subir 82 centímetros até o final deste século.