05/09/2014 17:42:00 » Autor: Juliana Romar / Fotos: Ricardo Cassiano
A fim de minimizar o impacto das grandes mudanças físicas e psicológicas pelas quais os alunos passam na faixa etária entre 11 e 12 anos, a Prefeitura do Rio implementou, em 2011, o projeto 6º Ano Experimental. Com apenas um professor na sala de aula para todas as disciplinas, como feito no 1º segmento, os estudantes iniciam uma nova etapa educacional sem grandes mudanças estruturais. O programa tem surtido efeito no rendimento das crianças nas provas bimestrais, em que a média delas é superior em 50% aos alunos do 6º Ano Regular. Nos últimos três anos, a quantidade de turmas atendidas pelo projeto aumentou. Das 53 de 20 escolas da rede municipal de ensino, hoje 377 classes de 152 unidades escolares são beneficiadas, atendendo aproximadamente 12 mil estudantes.
O 6º Ano Experimental surpreendeu ainda mais os profissionais da Secretaria Municipal de Educação com os resultados na Prova Rio, que pela primeira vez, em 2013, foi aplicada no 6° Ano, com média de desempenho de 223,73 contra 206,23 do 6º Ano Regular.
- A ideia surgiu porque o desempenho estava abaixo do esperado e fomos pesquisar o motivo. Descobrimos que essa transição estava sendo bem difícil para os alunos, que estão na faixa dos 11 e 12 anos, que ainda não são adolescentes nem mais crianças. É uma fase de transição física, em que estão com os hormônios em ebulição, ainda não sabem direito quem são e estão cheios de dúvidas. Verificamos que, além dessas mudanças físicas, seria uma sobrecarga eles serem "obrigados" a assistir aula com nove professores, uma vez que nessa fase há mais dificuldade de concentração e de prestar atenção - explicou a professora Solange Cardoso, uma das coordenadoras do projeto.
O projeto é sempre implantado em escolas que funcionam até o 5° Ano e assumem, no ano seguinte, o 6° Ano Experimental, estendendo, assim, o 1° segmento. As aulas são ministradas por um único professor graduado que ensina Língua Portuguesa, Matemática, História, Ciências e Geografia, de forma articulada, sem ficar preso à grade de tempos dessas disciplinas. Há ainda aulas de Música, Educação Física e de Inglês/Espanhol, sendo cada uma ministrada por um profissional diferente num único dia da semana, às quartas-feiras.
A experiência é aprovada por diversos estudantes, que preferem aulas com um professor apenas. O jovem Luan Gonçalves, de 11 anos, estudante da Escola Municipal Adlai Stevenson, em Irajá, destacou os motivos:
- Acho bem vantajoso porque há ligação entre as matérias. Por exemplo, em matemática estamos falando sobre problemas matemáticos sobre a água; em ciências, a fórmula da água; geografia, as terras que viviam entre as águas; e português, textos sobre as águas. Outro motivo é que se a professora não conseguir dar a matéria toda num tempo só de aula ela pode entrar novamente na mesma disciplina no tempo seguinte e continuar a aula para só depois ir para outra matéria. Dá pra adaptar. Se por algum motivo houver um atraso, seja por causa dos feriados, greves ou outro, ela consegue trocar e repor as aulas com mais facilidade e não perdemos conteúdo.
Para a aluna Anne Anastacio, de 12 anos, o 6º Ano Experimental é uma adaptação para o 2º segmento já que às quartas-feiras, devido às disciplinas de Educação Física, Artes e Inglês, acontece a experiência da troca de professores:
- Nessa fase é uma mudança brutal, mas a professora conversa muito com a gente já nos preparando para os próximos anos, explicando como será daqui pra frente. Na quarta-feira, dia dos outros professores, conseguimos ver claramente como é isso. Um professor saindo e outro entrando. Só temos 50 minutos para cada tempo e a atenção tem que ser redobrada.
O material utilizado nas aulas é o mesmo das turmas do 6º Ano Regular, como os Cadernos de Apoio Pedagógico e a Educopédia, além de outros recursos pedagógicos disponíveis na unidade escolar. Já os professores que aceitam participar do projeto experimental recebem uma capacitação da Secretaria Municipal de Educação, com oficinas e reuniões regionalizadas.
Para a diretora da Escola Municipal Adlai Stevenson, Adelina Anunciata, o 6º Ano marca muito os alunos porque faz um corte radical na forma do trabalho escolar:
- Eles não têm mais a "tia" que os coloca sentadinhos do lado da mesa para explicar. Eles passam a ter um professor que entra na sala, coloca a matéria no quadro, dá aula e vai embora. Quando me ofereceram colocar o 6º Ano Experimental aqui na escola eu aceitei porque acho que é a oportunidade de os alunos terem mais um ano para se adaptarem a essa nova vida escolar.
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