Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Centros de Referência em Obesidade ajudam pacientes que sofrem da doença

01/09/2014 17:19:00  » Autor: Helena Soares/Fotos: Ricardo Cassiano


Ações como passar por uma roleta de ônibus, caminhar pequenas distâncias e subir uma escada fazem parte da rotina da maioria das pessoas. Essas atividades, porém, são motivo de preocupação para os que sofrem de obesidade mórbida. Foi pensando nesse grupo que a Prefeitura do Rio criou o Centro de Referência em Obesidade (CRO) em 2011. O projeto, que comemorou seu terceiro aniversário em agosto, conta atualmente com três unidades (Acari, Penha e Madureira) e 751 pacientes atendidos.  

 

Cada unidade é composta por uma equipe multiprofissional especializada, com médico endocrinologista, enfermeiro, nutricionista, psicólogo e educador físico. Coordenados pelo Instituto de Nutrição Annes Dias, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os centros são inseridos em unidades de Clínicas da Família, o que possibilita uma maior articulação com a Estratégia de Saúde da Família do município.

 

Marco Antonio é paciente do CRO da Penha, na Clínica da Família Dr. Felippe Cardoso, e um dos exemplos de sucesso do projeto. Quando chegou ao centro, há dois anos, pesava 166 kg e já sofria com a obesidade há mais de 20 anos. Com o auxílio da equipe multiprofissional,  ele fez reeducação alimentar e começou a prática de exercícios físicos. O resultado veio com a perda de 50 kg e a normalização dos níveis da diabetes e hipertensão.

 

- Tudo mudou na minha vida, sinto-me mais vivo agora, e tenho disposição para tudo. Antes de chegar aqui me indicavam dietas malucas que nunca funcionavam, mas com a ajuda da equipe eu consegui. Se eles forem embora eu engordo tudo de novo –  brinca.

 

A obesidade grau III, mais conhecida como obesidade mórbida, é o critério estabelecido para inclusão no serviço. Encaixam-se nesse diagnóstico indivíduos adultos com IMC (Índice de Massa Corporal) ≥ 40 Kg/m2 associado à diabetes ou IMC ≥ 50 Kg/m2. As consultas são agendadas individualmente, com cada profissional da equipe, e o retorno é, no mínimo, mensal para acompanhamento. Além disso, são organizadas reuniões de grupos que promovem exercícios físicos e o contato entre os pacientes, com troca de experiências.

 

Na unidade da Penha o grupo de auxílio no tratamento da obesidade ocorre quinzenalmente, com a presença de toda a equipe e pacientes. Diabética e hipertensa, a paciente Elizia Maria Vianna conseguiu emagrecer 20 kg, baixar o nível de açúcar no sangue, e controlar a pressão. Segundo Elisa, as reuniões com o grupo são essenciais porque "motivam a perda de peso e ainda geram novas amizades": 

 

- Faço parte da ala das baianas da Imperatriz Leopoldinense e agora estou muito mais leve para desfilar e rodar a baiana. Comecei também a praticar exercício na forma de dança, que é uma coisa que gosto muito. Minha meta agora é emagrecer mais 20 kg e virar passista de escola de samba!

 

O acompanhamento do peso dos pacientes ao longo do tempo permite monitorar a perda ou ganho durante o tratamento, servindo de base para escolha das abordagens clínicas mais adequadas. Entre os que foram acompanhados em todos os períodos 63% dos homens e 75% das mulheres perderam peso. Os principais problemas associados à obesidade são: diabetes, hipertensão, aumento do colesterol e triglicerídeos, apneia do sono, complicações de circulação e respiratórias e insuficiência cardíaca. Não são apenas problemas físicos que afetam esses pacientes, a depressão é um diagnóstico comum aos que chegam nos CROs.

 

Por tratar-se de uma doença crônica é fundamental a adesão ao tratamento para que os resultados sejam alcançados. Entre os pacientes com um a dois anos de tratamento 53% dos homens e 45% das mulheres perderam até 5% do peso. Já 6% dos homens e 22% das mulheres perderam até 10% do peso.

 

- As metas em curto prazo são mais palpáveis e motivacionais para o paciente. Não adianta colocar uma meta muito alta logo de início, trabalhamos aos poucos, de acordo com o que o paciente vai conseguindo cumprir – explicou o educador físico Phillipe Rodrigues, que atua na unidade da Penha.

 

O próximo passo do projeto é repassar a experiência adquirida nesses três anos para outras equipes da rede de saúde. Para isso, está sendo desenvolvido material como livros de receitas e um manual de dinâmicas baseado nas atividades realizadas nos encontros quinzenais de grupo. O material estará disponível a partir do dia oito de outubro, quando será realizado o seminário da Semana de Prevenção e Enfrentamento à Obesidade (6 a 10 de outubro). 


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