A Prefeitura do Rio vai criar o Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana, que reunirá num dos Galpões da Gamboa os objetos encontrados por arqueólogos na revitalização da Região Portuária. A iniciativa do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) oferecerá aos cariocas a oportunidade de conhecer um pouco do trabalho de arqueologia realizado na cidade. O Laboratório será um espaço de estudo - aberto à visitação pública - onde arqueólogos poderão analisar todo o acervo encontrado, e contará com a exposição permanente dos principais achados.

Até o fim do ano, a prefeitura contratará equipe de arqueologia para finalizar o trabalho de catalogação dos objetos encontrados na primeira etapa das obras do Porto Maravilha. Durante um ano os profissionais vão trabalhar em laboratório experimental no Galpão, enquanto o projeto do Laboratório Aberto de Arqueologia será colocado em prática. A perspectiva é que, até o fim de 2015, o local já esteja em total funcionamento. Todo o trabalho está sendo acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).

- Este espaço será um laboratório acessível à população e para quem quiser conhecer um pouco mais desta história que foi redescoberta. Daremos a oportunidade para que todos possam conhecer o trabalho de arqueologia na prática -  explica Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

O Galpão onde funcionará o Laboratório ocupa uma área de 3.500 metros quadrados. Durante a primeira etapa das obras de revitalização da Região Portuária foram encontradas várias peças, dentre elas a Pedra Fundamental da Docas Pedro II, datada de 15 de setembro de 1871; canhões; âncora; partes de navios; objetos usados por escravos para proteção do corpo, como pedras, miçangas e piaçava; objetos para cultos religiosos, como búzios; peças de louças; talheres; botões; e dedais.

Além do laboratório e da exposição permanente, o IRPH estuda fazer no local um auditório multiuso onde poderão ser realizados eventos e palestras que envolvam o tema patrimônio.

- A Região Portuária está em constante revitalização. É muito provável que novos achados surjam com o decorrer do tempo. E o laboratório servirá justamente para abrigar todo este material. Será um espaço de estudo e conhecimento tanto para os arqueólogos quanto para os cariocas -  explica Fajardo.

Cais do Valongo: sítio arqueológico encontrado

As obras de restauração da Região Portuária começaram em 2009. Na primeira etapa, a Prefeitura do Rio investiu R$ 139 milhões na reurbanização de 350 mil m2. A inauguração foi em 1º de julho de 2012. Desde então, a região continua em processo constante de revitalização de uma área de 5 milhões de m2, operacionalizada por meio de uma Parceria Pública Privada que investe cerca de R$ 8 bilhões na região.

Durante a primeira fase de revitalização, foi redescoberto o Cais do Valongo, local por onde mais de 500 mil africanos escravizados chegaram ao Brasil. Hoje, o sítio arqueológico do Cais do Valongo está exposto como memorial aberto à visitação pública.

Galpões da Gamboa

Antigo pátio de manobras da Rede Ferroviária Federal, os Galpões da Gamboa foram tombados pelo município no ano 2000. O conjunto pertenceu à antiga Estrada de Ferro Central do Brasil desde a segunda metade do século XIX. Os dois galpões testemunham influência da arquitetura industrial inglesa, evidenciada nas paredes em alvenaria de tijolos maciços aparentes e na estrutura de ferro fundido que suporta a cobertura em quatro águas em telhas de cerâmicas do tipo francesa, além de outros elementos.