Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Abrigo em Ramos acolhe bebês e crianças vítimas de abandono

02/05/2014 14:57:00  » Autor: Anna Beatriz Cunha / Fotos: Ricardo Cassiano


Abandonada pelos pais usuários de crack, a pequena Vitória, de apenas 7 meses, tem um lar temporário no abrigo Ana Carolina, em Ramos, que acolhe bebês de 0 a 4 anos. A menina não é a única com essa história de vida. De acordo com a diretora da unidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Aline Peçanha Oliveira, de dois anos para cá o perfil dos abrigados mudou:

 

- Hoje, seguramente, 90% dos bebês abrigados aqui foram vítimas de abandono, a maioria ainda na maternidade, por parte dos pais, consumidores do crack. Antes recebíamos mais crianças de 2 a 4 anos, vítimas de maus-tratos ou violência física e sexual, e menos bebês.

 

É nos braços da avó paterna Rita Luzier do Nascimento, que Vitória deve sair do abrigo. Disposta a conquistar a guarda da neta, Rita visita frequentemente a menina e aguarda ansiosa a decisão do Juizado da Infância e da Juventude.

 

- Quando soube que tinha uma neta do meu filho abandonada por ele e pela mãe, busquei logo me informar o que precisava fazer. Essa é a quarta criança que meu filho abandona: as duas primeiras são cuidadas pela avó materna, a terceira mora com meu ex-marido, e a Vitória ficará comigo. Já me apeguei muito a ela. Quando tiver que sair com a Vitória daqui do abrigo, onde ela é muito bem cuidada, será a grande vitória da minha vida.

 

Com capacidade para acolher 20 crianças, o abrigo Ana Carolina conta com uma equipe multidisciplinar formada por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais. A alimentação dos acolhidos fica por conta de uma nutricionista, que garante um cardápio saudável e compatível com cada faixa etária.

 

- As crianças e os bebês ficam, em média, de quatro a cinco meses no abrigo. Quando é bebê e não tem nenhuma referência familiar, geralmente, fica pouco tempo aqui porque são encaminhados para a adoção rapidamente. Mas, buscamos sempre uma referência de família extensa para a criança. E, quem determina se vai ou não para a adoção é o Juizado, baseado na nossa ficha técnica – explica a diretora do Ana Carolina.

 

A saúde dos bebês e das crianças também é acompanhada de perto pelo programa Saúde da Família, da Secretaria Municipal de Saúde. Eles são atendidos nas unidades de saúde de referência do abrigo. É da Saúde também a responsabilidade de capacitar os educadores sociais do abrigo, ensinando eles a melhor maneira de conduzir o bebê, posição de dormir, entre outros cuidados.

 

Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Adilson Pires, o aumento da rede de proteção social para bebês vai ao encontro do maior fluxo de crianças abandonadas pelos responsáveis em decorrência do uso de crack:

 

- No ano passado, 80% dos bebês com até um mês de vida foram direto da maternidade para o abrigo devido a impossibilidade da genitora pelo consumo de crack. Além da ampliação das vagas institucionais, temos investido no programa Família Acolhedora, onde famílias credenciadas acolhem temporariamente crianças e adolescentes em situação de violência ou negligência.

 

O Abrigo Ana Carolina disponibiliza o telefone 3885-0238 para quem quiser fazer doações de roupas, material de higiene, fraldas, brinquedos, entre outros objetos e produtos utilizados em bebês e crianças. O agendamento para entrega da doação é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.


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