08/04/2014 17:25:00 » Autor: Juliana Romar / Fotos: Ricardo Cassiano
Placas com nomes de bairros, de proibido estacionar, siga em frente, vire à direita, obras, ciclistas, aeroporto, clínica da família, e muitas outras...quem circula pelo Rio de Janeiro se depara diariamente com milhares espalhadas por todos os cantos. O que ninguém imagina é que por trás delas estão as mãos de 22 funcionários da Fábrica de Placas da CET-Rio, que testam, produzem, instalam e fazem a manutenção de toda a sinalização da cidade.
De um galpão na Rua Bela, em São Cristóvão, saem todo mês cerca de 1.500 placas (ou 400 metros quadrados), que vão orientar cariocas e turistas nos seus deslocamentos. São placas de regulamentação (na cor branca), de sinalização de advertência (amarelas), de serviços auxiliares (azuis), de atrativos turísticos (marrons) e de orientação de bairros (verdes). Além disso, eles também são responsáveis pela pintura externa de sinalização horizontal, como quebra-molas e fiscalização eletrônica.
De acordo com o gerente de manutenção de sinalização, Fabrício Borges, na função há cinco anos, os pedidos para fabricação, instalação, retirada ou manutenção das placas chegam através das coordenadorias regionais; das secretarias municipais; do Centro de Operações Rio, que monitora a cidade 24h; da equipe de manutenção que faz rondas periódicas; além das solicitações de moradores, através da Central de Atendimento da Prefeitura, o 1746.
- As demandas variam de acordo com cada mês ou evento específico na cidade. Mas, geralmente, o Centro e a Zona Sul são as áreas que mais nos solicitam sinalização. Algumas situações como implantação dos BRS (corredores exclusivos de ônibus), Copa das Confederações, placas de Km na Praia da Reserva e revitalização da sinalização de Paquetá também alteram o ritmo de trabalho – explicou Borges.
O processo de pacificação em comunidades do Rio também aumentou o trabalho na fábrica, uma vez que a prefeitura entrou nesses locais não só com novos serviços, mas, principalmente, com a revitalização da sinalização ou a implantação das que não existiam.
Até chegarem às ruas, as placas passam por todo um processo que inclui o corte do material bruto (alumínio), o arredondamento dos cantos, lixamento e furação, recebem a pintura ou forração na cor correspondente e, por fim, a película refletiva. Para a eficácia do trabalho, algumas placas muito utilizadas, como as de sentido de direção e estacionamento, já têm disponíveis em estoque para implantação imediata.
Também há o reaproveitamento de placas danificadas, amassadas e ultrapassadas. Elas passam por um novo processo, em que virarão novas chapas. Todo o material é reutilizado e não há desperdício.
Há 20 anos na fábrica, Antonio Gilmar contou sobre a evolução na confecção das placas:
- Hoje, temos o plotter que faz corte das letras e números, o que agiliza a produção, mas, antigamente, o trabalho era todo manual. Tínhamos que desenhar cada letrinha com o estilete e, às vezes, levávamos um dia inteiro pra fazer uma só placa. Mas, mesmo assim, sempre amei o que faço. Fiquei muito satisfeito em confeccionar a placa da coleta de lixo nas praias, pois era educativa e eu sabia que iria instruir as pessoas.
Para José Luis Fontenelle, há 11 anos trabalhando na produção, uma placa foi inesquecível:
- Sem dúvidas a Zona 30 foi a que mais me marcou. Nunca tinha feito nada igual. Foi um grande desafio. Era uma placa diferenciada, comprida verticalmente, com fundo amarelo, sombreada, com a imagem de pessoas que tinham que dar impressão de 3D. Apelidei de “pirulito”.
Borges destacou que o roubo/furto de peças pelo seu valor comercial - uma vez que são feitas de alumínio - e o vandalismo são os principais gastos com a reposição das placas. Sobre os episódios de manifestações nas ruas do Rio, em junho do ano passado, Fabrício explicou que em 48 horas a fábrica conseguiu normalizar toda a sinalização danificada nas ruas do Centro e do Leblon:
- Tivemos na Av. Presidente Vargas muitas placas de BRS arrancadas, amassadas e queimadas. Mas, ficamos em contato direto com o Centro de Operações Rio, que nos avisou quando os manifestantes liberaram as vias, e já às 2h da madrugada tínhamos uma equipe de manutenção fazendo os reparos e limpezas das placas. Já na manhã seguinte, produzimos as chapas necessárias e em 48h a cidade já estava toda sinalizada novamente.
Muitos motoristas que são multados por alguma irregularidade arrancam ou picham a sinalização para recorrer da multa. Para evitar essa prática, Fabrício aponta as novas medidas adotadas pela prefeitura:
- Estamos instalando as placas em alturas difíceis de alcançar, além da sinalização horizontal, no caso da fiscalização eletrônica. Não tem como o cara dizer que não viu e não sabia. Tá tudo ali sinalizado no chão, num painel e na placa. Já contra as pichações, estamos testando uma espécie de verniz que será aplicado e facilitará a remoção da tinta.
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