Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Prefeito participa da reinauguração do Centro Cultural José Bonifácio

20/11/2013 19:59:00  » Autor: Juliana Romar / Fotos: J.P. Engelbrecht


O prefeito Eduardo Paes participou nesta quarta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, da reinauguração do Centro Cultural José Bonifácio (CCJB), na Gamboa, onde funcionou a primeira escola pública da América Latina. O palacete - situado na Rua Pedro Ernesto, 80 - foi fundado em 1877 por Dom Pedro II e faz parte do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana.

 

A construção do século XIX foi totalmente restaurada pelo programa Porto Maravilha Cultural, que destina 3% da venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) à recuperação do patrimônio artístico, histórico e cultural da Região Portuária. Foram investidos R$ 3,8 milhões na restauração do centro, que reabre suas portas sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), mantendo o compromisso de preservar e valorizar a cultura afro-brasileira, com raízes na cidade intimamente ligadas à Região Portuária.

 

Durante a cerimônia de reinauguração, Paes participou da apresentação do grupo Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos e cortejo das Guardas de Congado (MG).

 

- É muito importante entregar restaurado esse espaço cultural, num dia tão simbólico de reflexão da questão do negro no Brasil. Esse projeto de revitalização da Zona Portuária foi mais um elemento agregado. Ter descoberto o Cais do Valongo e toda essa história da diáspora negra e desse roteiro africano tem sido muito importante e só valoriza mais os aspectos culturais do Porto Maravilha. Aqui já era um centro cultural há algum tempo, e agora foi recuperado e revitalizado fisicamente para que possa receber discussões, conteúdo e debates pra essa região que está cercada por história – disse o prefeito.

 

 

O Centro Cultural José Bonifácio possui 2.356 m² que estão divididos em três pavimentos e 18 salas com usos diversificados. Dentre as intervenções realizadas estão o restauro de pisos, telhados, fachadas, forros, esquadrias, revestimentos e ornamentos, as obras instalaram sistema de ar condicionado e adaptações de acessibilidade. O edifício dispõe agora de rampas e elevador para acesso a portadores de necessidades especiais. A intervenção recolocou os painéis de azulejos que retratam as transformações urbanísticas da região do Porto retirados no início das reformas. 

 

 

No primeiro pavimento, biblioteca com acervo qualificado nas temáticas africana e afro-brasileira, livraria especializada, espaço de exposição para arqueologia (que receberá achados do Cais do Valongo), minicentro de Convenções e administração. O restaurante-escola de culinária afro-brasileira vai funcionar no prédio anexo para servir como espaço de formação profissional e opção de lazer para frequentadores e visitantes. Já o segundo andar terá exposições e salas para cursos e oficinas voltados às culturas africana e afro-brasileira.



- Essa reinauguração é uma marca muito importante do compromisso da prefeitura e do povo do Rio de Janeiro de tornar o Circuito da Herança Africana uma realidade. O CCJB já vem há alguns anos se constituindo com essa marca de cultura negra e a preservação de história e acho que daqui pra frente ele pode ser o epicentro de todas as memórias que estão ligadas à região do porto carioca – disse a ministra Luiza Bairros.

 

O CCJB terá uso múltiplo, combinando atividades acadêmicas, pedagógicas e artístico-culturais sobre a contribuição africana para a formação social brasileira. Graças à sua importância histórica, cultural e social, abrigará exposição permanente dos objetos encontrados durante as escavações e obras da Operação Urbana Porto Maravilha. Pulseiras, cachimbos, amuletos e diversos outros itens utilizados pelos africanos escravizados que desembarcaram no Rio entre os séculos XVII e XIX foram catalogados e ajudarão a contar um pouco do cotidiano dessa comunidade tão carente de registros históricos.



O projeto "África Diversa" e a exposição "Seppir 10 – Uma Década de Igualdade Racial" serão os primeiros programas culturais. Em passeio pelos 10 anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a mostra destaca parceiros governamentais e da sociedade civil e traça panorama do impacto dessas ações nos campos da saúde, trabalho, educação e comunidades tradicionais. O público terá acesso a painéis que trazem o histórico das três conferências de Igualdade Racial promovidas pelo Governo Federal (2005, 2009 e 2013), além de conhecer e interagir, por meio de totens eletrônicos, com o Sistema de Monitoramento das Políticas de Igualdade Racial.



Batizado em homenagem ao ex-senador que teve atuação determinante no parlamento para a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial (instituído em 20 de julho de 2010, após uma década de tramitação no Congresso Nacional), o novo Espaço de Leitura Abdias do Nascimento oferece publicações sobre a temática da igualdade racial para consulta e distribuição.

 

Estiveram presentes a cerimônia o presidente da Cdurp, Alberto Silva; o secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão; o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira; e representantes do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

 

História do Palacete

 

Foi inaugurado em 1877 por Dom Pedro II, ainda com o nome de Escola Pública Primária da Freguesia de Santa Rita, a primeira da América Latina. Ao saber que seria presenteado por personalidades ligadas ao governo imperial com uma estátua de bronze, sugeriu que aplicassem o dinheiro na construção de um conjunto de escolas para levar educação às comunidades pobres da cidade. A inscrição "Ao Povo o Governo" marca o episódio. Desativada em 1977, passou a sediar a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa. Em 1994, após grande reforma, tornou-se Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira, ganhou esculturas de inspiração africana, e as unidades receberam nomes de ícones como Abdias do Nascimento, Ruth de Souza, Grande Othelo, Heitor dos Prazeres e Tia Ciata.

 



Programação do CCJB

21 de novembro
10h às 12h – Debate sobre o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana
13h30 às 16h30h – Oficina 1- Dança Afro (Valéria Monã), Oficina 2- Estimativa (Tranças e histórias), Oficina 3-Capoeira (Mestre Humberto) e Oficina 4-Congado (Pedrina, Esther, Denilson e Wellington)
18h às 19h – Espetáculo teatral: Cia de Mystérios e Novidades apresenta Almirante Negro na Pequena África



22 de novembro
10h às 12h – Palestra "João Cândido e a Revolta da Vacina" com Vanda Ferreira, assessora Especial de Gênero e Raça da Secretaria de Políticas para Mulheres no Rio de Janeiro/SPM-Rio
13h30 às 16h30h – Oficina 1- Dança Afro (Valéria Monã), Oficina 2- Estimativa (Tranças e histórias), Oficina 3-Capoeira (Mestre Humberto) e Oficina 4-Congado (Pedrina, Esther, Denilson e Wellington)
16h30 às 18h – "Um filme de dança"- exibição do filme e debate com a diretora Carmen Luz
18h-19h – Visitas guiadas: Casa Porto (com sessão de cinema do Cineclube Atlântico Negro), Cemitério dos Pretos Novos (com palestra sobre a descoberta e relevância do sítio arqueológico), Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana (Centro Cultural José Bonifácio, Cemitério dos Pretos Novos, Cais do Valongo e da Imperatriz, Jardim Suspenso do Valongo e Largo do Depósito).



23 de novembro
10h às 12h – Mesa de debate com Luiz Alberto Mussa: "As Festas nas Casas das Tias Baianas na Pequena África"
13h30 às 16h30h – Oficina 1-Dança Afoxé (Afoxé Filhos de Gandhi), Oficina 2-Candaces/Turbantes (Ana Lúcia Rabello), Oficina 3-Linha do Tempo (Elisa Larlin), Oficina 4-Oficina Kabula Capoeira
16h30 às 18h – Heróis do Mundo"- Exibição de programas e debate com diretor Luiz Antônio Pilar



Dia 24 de novembro
10h às 12h – Mesa de debate com as mães Edeusita, Flávia e Elisa Larkin: "Presença de Religiões Afro-Brasileiras no Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana com Mãe Edeusita
12h às 13h – Pausa para almoço com Sônia Baiana: Degustação de Acarajés ao fim da mesa da manhã
14h – O Cheiro da Feijoada
15h às 18h – Homenagem à Dona Dodô – Roda de Samba Velha Guarda da Portela



Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2233-7754.
 


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