03/09/2013 22:57:00 » Autor: Ricardo Albuquerque - Fotos: Ricardo Cassiano
Mais de 80 pessoas participaram, na noite desta terça-feira (03/09), da primeira edição do ciclo de debates "Discutindo a Homofobia", no Centro de Educação Ambiental Rio+20, no Parque Madureira. Organizado pela Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual (Ceds) da Prefeitura do Rio, o debate foi transmitido ao vivo pela internet, com participação direta dos internautas por meio das redes sociais. O twitter foi a ferramenta mais utilizada: mais de 300 participantes dispararam mensagens sobre o tema após o começo do evento.
A Ceds promoveu o encontro após analisar os dados do 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica 2012, divulgados em junho pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que registraram aumento de 46,6% nos crimes de ódio contra homossexuais em relação ao ano anterior.
Além do coordenador da Ceds, Carlos Tufvesson, participaram do bate-papo a defensora pública Luciana Mota, do Núcleo da Defesa da Diversidade Sexual e dos Direitos Homoafetivos (Nudiversis); o delegado e professor de Direito, Mário Luiz da Silva, titular da 77ª DP (Icaraí); e a transexual Loren Alexsander, presidente do Movimento de Gays, Travestis e Transformistas (MGTT). O jornalista Thiago Araújo, do Portal Pheeno, foi o mediador, e a transexual Alexandra Ramos traduziu as conversas para a linguagem de libras. A iniciativa discutiu cidadania, solidariedade e formas de diminuir a discriminação por orientação sexual.
— Esse bate-papo é um exercício da cidadania. É preciso informar sobre os direitos das pessoas para construirmos um Rio sem preconceito, até porque os dados do Governo Federal mostram que o país está mais intolerante — disse Tufvesson.
A defensora pública Luciana Mota disse que a procura pelo núcleo cresceu nos últimos seis meses:
— Atendemos cerca de 100 pessoas por mês, índice superior ao ano passado, e precisamos divulgar o nosso trabalho, porque muita gente não conhece. A ideia é reduzir o preconceito e a intolerância.
Já o delegado Mário Luiz da Silva disse que a ignorância contribui diretamente para o aumento da intolerância:
— Não acredito que seja maldade das pessoas, mas sim falta de conhecimento, por isso a importância desse encontro para divulgar os direitos de todos, garantidos pela Constituição.
O debate também foi assistido nos cinemas ao ar livre da Praça do Conhecimento de Padre Miguel e nas Naves do Conhecimento de Santa Cruz, Vila Aliança (Bangu), Madureira, Irajá e Penha. Um link especial da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia permitiu a exibição.
As namoradas Camila Bianck, 28 anos, e Jaqueline Ramos, 24, saíram de São Cristóvão e do Méier, respectivamente, para acompanhar o debate.
— Nós sofremos muito com as piadinhas de mau-gosto nas ruas e até dentro de nossas casas. Para mim é uma luta diária, porque já fui casada e tenho uma filha. Acredito nesse debate como um caminho para diminuir o preconceito — explicou Camila.
A travesti Fernanda Garcia, 30, disse que o encontro foi importante para ter acesso a informações que raramente são divulgadas, como os direitos homoafetivos:
— Passo por constrangimentos diários e quero apenas andar na rua como uma pessoa normal, e não uma aberração. Soube do Projeto Damas e quero participar da próxima turma.
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