02/08/2013 13:33:00 » Autor: Juliana Romar/Fotos: Ricardo Cassiano
Amamentar é um gesto de amor e um dos momentos mais esperados durante a gestação da mulher, um gesto de amor que une ainda mais mãe e filho. Mas, nem sempre esse é o final feliz da história de algumas mulheres, que, por algum motivo, não podem amamentar seus bebês após o parto. Para evitar que essas crianças fiquem sem os nutrientes do leite materno, a Prefeitura do Rio conta com cinco bancos de leite humano, centros especializados da rede municipal de saúde que recebem doação de leite materno para repassar aos recém-nascidos. A cidade conta ainda com outros cinco entrepostos de coleta localizados em unidades básicas de saúde (confira os endereços abaixo).
A auxiliar de serviços gerais Elisângela Pires da Cunha, 34 anos, mãe dos gêmeos Emanuel Victor e Emanuele Victoria, nascidos prematuros, produzia mais leite do que as crianças poderiam consumir. Elisângela é um exemplo de mãe doadora voluntária, com leite em excesso, que frequenta o Banco de Leite Humano do HMFM para realizar a ordenha do leite que vai para doação.
- Acho muito importante o leite materno para a saúde dos bebês, e poder ajudar outras crianças que precisam me faz bem. Nem todas as mulheres têm esse privilégio que tenho de ter tanto leite, por isso não me incomodo em contribuir – disse Elisângela, que também amamentou os outros dois filhos, hoje com 18 e 15 anos.
Até a próxima quarta-feira (07/08) comemora-se em todo o mundo a Semana Mundial de Aleitamento Materno, quando diversas ações de apoio à amamentação são realizadas para mostrar a importância do leite materno para o bebê. A Secretaria Municipal de Saúde programou uma série de eventos para celebrar a data em centros municipais de saúde e clínicas da familia da cidade.
O Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade Fernando Magalhães é um dos cinco centros especializados da rede municipal de saúde do Rio. Ele conta com uma equipe formada por 12 profissionais (lactaristas e nutricionista). O local, disponível 24h por dia, de segunda a segunda, atende bebês doentes e prematuros internados, além de oferecer orientação gratuita para mães e os ensinamentos da ordenha manual e do armazenamento do leite em potes de vidro com tampa de plástico (do tipo maionese ou café solúvel). O hospital também recebe doações desses tipos de potes.
Devido à ajuda que recebeu no local, Dayana Cortez, 18 anos, aprendeu a estimular a própria mama para conseguir amamentar a filha Sophia.
- Estava com o peito muito cheio, dolorido, e vim aqui no banco para aprender a fazer a ordenha. Recebi todas as orientações e já sei fazer sozinha em casa, caso precise – contou a jovem mãe, que doou todo o leite retirado.
A partir desse momento, o leite de Dayana, assim como todos os outros doados, passará por um processo que envolve seleção, pasteurização, classificação, análise laboratorial, e será submetido a rigoroso controle de qualidade antes da sua distribuição aos bebês internados nas unidades neonatais da rede municipal, aumentando suas chances de recuperação.
- O leite humano traz fatores de proteção e defesa. Por isso, nós fazemos testes para verificar se o alimento não está contaminado. É um trabalho quase artesanal e o leite pasteurizado pode ficar congelado por até seis meses, garantindo o futuro de muitas crianças – afirmou Claudia Fonseca, chefe do BLH do Hospital Maternidade Fernando Magalhães, que atende cerca de 20 mães diariamente e ainda recebe doações de leite materno do entreposto de coleta da Clínica da Família Augusto Boal, no Complexo da Maré.
Para ser uma doadora, é exigido que a candidata goze de boa saúde, não use medicamentos, álcool ou drogas, não seja fumante, e apresente exames do pré ou do pós-natal comprovando estar bem de saúde. A primeira doação é feita no centro de coleta do Banco de Leite, onde as mamães recebem um kit com frascos estéreis, gorro, máscara, gaze e fazem a higienização adequada das mãos e do mamilo.
Segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), é importante a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e a introdução de alimentação complementar após os seis meses de vida, visto que crianças que mamam no peito correm menos riscos de ter infecções urinárias, diarreias, doenças respiratórias e outras, que podem levar a internações ou a óbito. Os benefícios são duradouros, pois a criança terá menos chance de desenvolver problemas como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Para as mães que não amamentam, poderá haver incidência de anemia, câncer de mama, câncer de ovário e osteoporose.
Bancos de Leite Humano (BLH)
Hospital Maternidade Fernando Magalhães
Rua General José Cristino, 87, São Cristóvão
Hospital Maternidade Carmela Dutra
Rua Aquidabã, 1037, Lins de Vasconcelos
Hospital Maternidade Herculano Pinheiro
Rua Andrade Figueira, s/nº, Madureira
Unidade Materno-Infantil Leila Diniz
Avenida Ayrton Senna, 2000, Barra da Tijuca
Hospital Maternidade Alexander Fleming
Rua Jorge Schimidt, 331, Marechal Hermes
Entrepostos para BLH:
CF Santa Marta
Rua São Clemente, 312 / 2º andar, Botafogo
CF Aloysio Augusto Novis
Av. Bras de Pina, 651, Penha Circular
CF Augusto Boal
Av. Guilherme Maxwel, 107, Complexo da Maré
CMS Dr. Flávio do Couto Vieira
Praça Lúcio José Filho, Anchieta
CMS Sylvio Frederico Brauner
Rua Darwin Brandão, s/n°, Coelho Neto