Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Parceria entre educação, saúde e família promove inserção de alunos surdos em escolas municiais

Projeto realiza encontros, palestras e eventos regularmente com fonoaudiólogas e assistentes sociais


13/09/2011 15:14:00  » Autor: Fabio Fernandes / Fotos: Eliane Carvalho


Foto: Eliane CarvalhoMuito se fala que uma educação de qualidade somente é possível com a união de escola e comunidade. Essa afirmação ganha contornos concretos graças a iniciativas como a do projeto Parceria Saúde, Educação de Surdos e Família, um trabalho inovador da Prefeitura do Rio que há quatro anos promove a valorização da cidadania de alunos surdos, matriculados em cinco escolas da rede municipal de ensino, todas da 8ª CRE - Coordenadoria Regional de Ensino. São elas: Tasso da Silveira; Frei Vicente e Paulo Maranhão, que ficam em Realengo; Estado de Israel, em Padre Miguel e a Escola Municipal Getulio Vargas, em Bangu.

 

O projeto é fruto da união de esforços das educadoras Verônica Aparecida Pinto Lima e Alessandra Santana com as profissionais da área da saúde do município Maria Cristina Barbosa Justo, fonoaudióloga e Monica Guimarães Arruda que é assistente social. O grupo promove encontros, palestras e eventos realizados regularmente no Posto de Saúde Masao Goto, que fica no Jardim Sulacap, zona norte da cidade.

 

Foto: Eliane CarvalhoMonica Arruda salienta que o pilar do trabalho é a motivação desses alunos surdos, e de suas famílias, em torno da inclusão.

 

- Essas famílias são mobilizadas e fortalecidas, para acreditarem na capacidade desse jovem e acima de tudo para que elas tenham certeza de que esses adolescentes surdos têm direitos e que tais direitos precisam ser exercidos – disse Monica.

 

Outro ponto significativo do projeto é atividade de prevenção à saúde que é realizada nos encontros no posto. A fonoaudióloga Maria Cristina destaca a importância da parceria entre os profissionais das áreas de saúde e educação para que haja uma efetiva melhora na qualidade de vida das pessoas, sejam surdas ou não.

 

Foto: Eliane Carvalho- De um modo geral, acredito que só há um tipo de saúde com qualidade: aquela conquistada por meio da união com a educação. Uma população educada é naturalmente uma população saudável. No caso do aluno surdo, essa parceria - saúde e educação - é ainda mais vital, considerando que ele utiliza a linguagem dos sinais para se comunicar. O profissional de Fonoaudiologia entra em cena para ajudar o professor que lida com esse aluno surdo em sala de aula, afirmou Maria Cristina.

 

 

Atualmente, o projeto atende, no posto em Sulacap, 24 adolescentes surdos e suas famílias. Entre as atividades oferecidas estão a oficina de Libras (a linguagem dos sinais) realizada três vezes na semana, palestras sobre saúde bucal, atendimento ginecológico voltados para as alunas surdas. E, há casos de atendimento de alunos de outras escolas.

 

Foto: Eliane Carvalho- Temos alunos surdos de 18, 19 anos de outras unidades de ensino que apesar de não estarem diretamente atendidos pelo projeto recebem orientações da Monica, nossa assistente social. Com isso, posso dizer que hoje aproximadamente 200 pessoas participam do nosso trabalho, concluiu Maria Cristina.

 

E os benefícios desse trabalho em parceria de escola e comunidade se traduzem em historias como a de Bruna de Alvarenga Moreti Poubel, 15 anos, aluna da Escola Tarso da Silveira. Participante do projeto desde o início, no ano passado Bruna saiu da classe especial de jovens surdos para ser inserida em uma de alunos ouvintes. Ela recebeu apoio das profissionais do projeto nesse delicado momento de transição. Com a ajuda da professora Veronica Lima, Bruna relatou sua experiência:

 

Foto: Eliane Carvalho- No começo, foi muito difícil, por que os alunos 'ouvintes' tinham muito preconceito comigo. Mas agora com a ajuda do projeto, essa relação melhorou', contou Bruna.

 

A mãe da Bruna, Eliane de Alvarenga Cordeiro, falou da importância do reconhecimento da língua de sinais como o instrumento que viabiliza uma efetiva inserção, não apenas da Bruna, mas da pessoa surda na escola e na sociedade. Para ela, a ação do projeto foi muito importante no processo de inclusão da filha na nova classe.

 

- Quando a Bruna mudou de classe foi difícil, por que na sala dela não tinha o intérprete de Libras, somente no final do ano passado a turma passou a contar com um. Nesse momento, o projeto me ajudou muito. A fonoaudióloga Maria Cristina começou a trabalhar com a Bruna e tudo melhorou. Mas nossa luta pela a inclusão está apenas começando, relatou Eliane.

 

Jovens surdos vão participar da Rede de Adolescentes Promotores da Saúde

 

Uma das novidades para os jovens do projeto de Parceria Saúde & Educação foi o convite de participação no programa Rede de Adolescentes Promotores da Saúde - RAP da Saúde. A iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde pretende capacitar jovens de comunidades carentes para atuar como promotores de saúde nas localidades em que vivem. No caso dos jovens surdos, o objetivo é fazer com que o Rap da Saúde beneficie um segmento da população também carente de informação.

 

- A gente sabe que as pessoas surdas são extremamente carentes de informação. Dificilmente os programas de tv tem tradução em língua de sinais. A ideia é que os nossos alunos surdos transmitam, a outras pessoas surdas, informações de saúde em Língua Brasileira de Sinais – Libras, resumiu Maria Cristina.

 

Pessoas surdas já estão atuando no projeto do Rap da Saúde, participando de seminários, oficinas de sensibilização em vários espaços da prefeitura.

 

Mais informações sobre o projeto Parceria Saúde, Educação de Surdos e Família podem ser obtidas, de segunda a sexta-feira, entre 13 e 17h, no telefone 3111-6202, ou fazendo uma visita ao próprio Posto de Saúde Masao Goto, na Avenida Carlos Pontes, Jardim Sulacap .
 




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