A Clinton Climate Initiative (CCI), um programa da Fundação William J. Clinton anunciou nesta terça-feira, dia 7, o Rio de Janeiro como a primeira cidade a testar ônibus híbridos como parte do Programa de Teste de Ônibus Híbrido & Elétrico da CCI/ C40. O município inicia os testes neste mês, com outras cidades seguindo a iniciativa logo em seguida.

O Programa de Teste de Ônibus Híbrido & Elétrico da CCI/ C40 tem como meta desenvolver um mercado para ônibus de baixa emissão de carbono na América Latina e foi desenvolvido por requisição de cidades da rede C40.

O transporte rodoviário responde por 90% das emissões geradas em transporte na América Latina, metade das quais são produzidas pelo tráfego de passageiros. Ao longo dos próximos 14 meses, o desempenho ambiental e os benefícios econômicos de aproximadamente 10 ônibus híbridos e elétricos de diversos fabricantes serão testados em cidades da Rede C40 incluindo Bogotá, Curitiba e São Paulo, assim como no Rio de Janeiro.

Os ônibus serão testados em condições reais de circulação, nos centros urbanos e em linhas de corredores expressos BRT. Os testes no Rio de Janeiro, que serão feitos em viagens da linha 123 (Central - Copacabana) tiveram início na tarde desta terça-feira, logo após a cerimônia de lançamento dos testes.

Os resultados dos testes de cada cidade serão utilizados na elaboração de recomendações que a CCI irá preparar em 2012 ao final do Programa, para o desenvolvimento do mercado de ônibus híbrido e elétrico na América Latina. Tal análise contemplará as barreiras para incorporação da tecnologia tanto do ponto de vista de suprimento como de demanda, com objetivo de estimular a produção regional de ônibus híbrido ou elétrico. Os dados obtidos irão definir a confiabilidade de ônibus híbridos e elétricos, estimar redução de emissões e os custos de ciclo de vida, e identificar outros benefícios e mecanismos para reduzir os custos e riscos associados à adoção da tecnologia de ônibus híbridos e elétricos.

Com base em resultados esperados, o programa visa catalisar a introdução no mercado de 9.000 ônibus entre as cidades e reduzir as emissões anuais de dióxido de carbono em 556 mil toneladas até 2016.

O programa assegurou a participação de diversos parceiros no Programa de Teste de Ônibus Hibrido & Elétrico da CCI/C40, incluindo a Volvo Bus Corporation, BYD Motor Inc., e Eletra Industrial Ltda. Estes parceiros darão suporte ao Programa de diversas maneiras incluindo o fornecimento de ônibus e manutenção dos mesmos sem custo durante o período de teste, suprindo dados e apoio a análise de redução de emissões e custos de ciclo de vida. Um número limitado de empresas adicionais com expertise em tecnologia de ônibus hibrido e elétrico poderão ser adicionadas ao programa nos meses seguintes.

Ainda neste mês, o Rio de Janeiro começará a testar um ônibus hibrido da Volvo. Nos próximos meses, São Paulo testará as tecnologias da Volvo, BYD e Eletra, seguido do teste em Bogotá com ônibus Volvo. É esperado que Curitiba inicie os testes com BYD ao final de 2011. CCI está também colaborando em uma iniciativa paralela do Banco Mundial na Cidade do México onde ônibus híbridos serão testado em rotas convencionais e também em corredores expressos de ônibus BRT.

- As empresas de ônibus do Rio de Janeiro acreditam que o transporte coletivo urbano é um caminho viável para o desenvolvimento sustentável e, por isso, vêm diversificando suas ações neste campo. Por isso, através da Fetranspor, as empresas de ônibus participam do Projeto EconomizAr, desenhado para reduzir emissões de gases do efeito estufa -, comentou Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor.

Palco de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro tem compromissos assumidos com formas de mobilidade sustentáveis. É tarefa do poder público determinar a implantação de novas tecnologias e melhorias da rede de serviços, de gestão de frota, de novas técnicas operacionais que resultem nesses avanços.

- Assim como na estratégia que resultou na implantação do Bilhete Único Carioca, é preciso racionalizar a rede e a frota, o que promoverá aumento da eficiência da operação, em especial na redução dos desperdícios, com conseqüente redução dos custos finais. Tal estratégia dará suporte a eventuais aumentos decorrentes de escolhas tecnológicas mais eficientes em termos de emissão ainda que estas tenham, a princípio, custos mais altos. Por essa razão, nossa cidade abraçou o Programa de Teste de Ônibus Híbrido para mostrar que o ônibus híbrido pode ser, além de um projeto correto sob a ótica ambiental, viável no ponto de vista econômico. Nosso objetivo é proporcionar esse avanço tecnológico sem que isso seja transferido para as tarifas -, afirmou Alexandre Sansão, secretário municipal de Transportes.

“Espera-se que emissões no setor de transporte da América Latina aumentem significativamente na região ao longo dos próximos anos, como resultado da crescente urbanização e população. Embora tanto os ônibus híbridos como elétricos possam reduzir as emissões e, por conseguinte, melhorar a qualidade do ar, a falta de disponibilidade e elevados custos de aquisição têm limitado a incorporação da tecnologia até o momento. Através do Programa de Teste de Ônibus Hibrido & Elétrico CCI/C40 temos como objetivo contemplar estas e outras barreiras chaves - , disse Manuel Oliveira, Diretor do Programa de Teste de Ônibus Híbrido e Elétrico, CCI/ C40.

O programa obteve recursos não-reembolsáveis de US$ 1,5 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para financiar todos os procedimentos técnicos associados ao teste, assim como estudo de mercado para avaliar barreiras e oportunidades. CCI está fornecendo assistência as cidades e trabalhando com o BID em mecanismos de financiamento. As duas organizações estão trabalhando em conjunto para identificar mecanismos de financiamento que possam cobrir o atual preço premium de ônibus híbrido e elétrico com economia no combustível que será auferida ao longo do ciclo de vida do ônibus.

Ônibus hibrido e elétrico são formas de transporte com baixa emissão de carbono. Ônibus híbridos normalmente são alimentados por um motor convencional de combustão interna e um sistema de propulsão elétrica que captura, armazena e reutiliza energia que de outra forma seria perdida no sistema de frenagem. Um sistema hibrido reduz consumo de combustível e emissões correspondentes, em alguns casos gerando 30% menos emissões de CO2 que um ônibus tradicional a diesel.

Um ônibus elétrico possui baterias e como veículos elétricos, podem ser recarregados ao serem conectados em uma estação de energia elétrica para recarga. As emissões geradas por um ônibus elétrico podem ser próximas a zero se a eletricidade usada para a recarga for proveniente de fontes de baixa emissão de carbono.

- A missão da BYD é direcionar a adoção em massa pelo mercado de geradores de energia solar renovável e sistemas de estocagem de energia que sejam ambientalmente sustentáveis , que tornem estas fontes de energia renováveis relevantes a rede e finalmente produtos como nosso e-BUS, totalmente elétrico que usa energia responsavelmente. Esta abordagem abrangente conectando energia renovável, estocagem de energia e veículos elétricos cria realmente um verdadeiro ecossistema de baixa emissão. Nós entusiasticamente apoiamos os objetivos da CCI - , disse Michael Austin, Vice Presidente do BID.

“A Clinton Climate Iniciative iniciou um programa ambicioso, que irá mostrar que as ações requeridas para mitigar mudanças climáticas não necessitam ter maior custo para a sociedade. Os testes foram desenhados de maneira a fornecer de forma mais precisa e abrangente a avaliação do verdadeiro desempenho ambiental e beneficio econômico dos ônibus híbridos. Seus resultados serão de extremo valor para estabelecer uma referência tanto ambiental como de negócios para o potencial investimento de cidades em ônibus hibrido. Nós, portanto, apoiamos o programa ativamente - disse Edward Jobson, diretor de meio ambiente da Volvo Bus Corporation.

Sobre a Clinton Climate Initiative:

A Fundação William J. Clinton lançou a Clinton Climate Initiative (CCI) em 2006 para criar e propor soluções para as questões centrais que geram a mudança climática. Trabalhando com governos e empresas ao redor do mundo para adaptar soluções locais que são economicamente e ambientalmente sustentáveis, a CCI se concentra em três áreas de programas estratégicos: reduzindo emissões nas cidades, catalisando o fornecimento em larga escala de energia limpa, e trabalhando para medir e avaliar o carbono absorvido pelas florestas.

Em cada um destes programas, a CCI usa uma abordagem holística para tratar das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa, as pessoas, políticas e práticas que as afetam. CCI é uma organização sem fins lucrativos que opera de forma independente e perspectiva imparcial e não possui qualquer interesse financeiro em qualquer projeto que possa ser desenvolvido como um resultado de seu envolvimento.

Em 2006, CCI se tornou é parceiro implementador da C40 Cities Climate Leadership Group (C40), uma associação de grandes cidades ao redor do mundo que decidiram acelerar seus esforços para reduzir emissões de gases estufa. O Presidente Bill Clinton e o Prefeito Michael R. Bloomberg de Nova Iorque e Presidente da C40 recentemente anunciaram uma expansão da aliança entre a C40 e Programa de Cidades da CCI.