Neste domingo, dia 30, a Prefeitura do Rio anunciou a criação do Grupamento de Revitalização do Centro Histórico, unidade vinculada à Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, que vai cuidar exclusivamente desta região da cidade. O novo órgão reunirá equipes da Coordenadoria Geral de Conservação, da Rioluz e da Comlurb. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes durante visita às obras de restauração dos Arcos da Lapa, que começaram na última terça-feira, dia 25. Ele ainda aproveitou a ocasião para informar sobre a possibilidade de algumas ruas da Lapa serem totalmente fechadas ao trânsito nos finais de semana para dar lugar a uma área de lazer, assim como acontece na orla carioca aos domingos.

Ao lado do secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, e do superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio, Carlos Fernando Andrade, Eduardo Paes conheceu de perto o projeto de revitalização dos Arcos, que inclui além da recuperação e pintura da estrutura lateral e da caixa de passagem do bondinho de Santa Teresa, a instalação de novo sistema de iluminação que contará com lampiões que seguirão o design original. Além dessas intervenções, à noite os Arcos da Lapa ganharão uma iluminação cenográfica para valorizar sua beleza arquitetônica.

A restauração, coordenada pelo Iphan com o apoio da Prefeitura, é patrocinada pelo Banco Santander, que vai investir R$ 1,2 milhão no projeto beneficiado pela Lei Rouanet. Durante o período de obras, que tem previsão de duração de oito meses, o bondinho não terá seu funcionamento afetado.

De acordo com o prefeito, toda a região do Centro Histórico vai receber serviços de conservação:

- A recuperação desse monumento, que é um marco e ícone da cidade, vai devolver ao carioca uma das paisagens mais belas do Rio. A Prefeitura vai trabalhar firme nessa região, recuperando os espaços públicos, os monumentos arquitetônicos, fresando ruas, cuidado das calçadas. E isso tudo depois se consolida com o processo de fechamento da Avenida Rio Branco e com a Região Portuária também se renovando com as várias iniciativas que estão sendo desenvolvidas ali – afirmou Paes, destacando a grande novidade para a região da Lapa.

- Estamos estudando a possibilidade de criar aqui algo parecido com o que se faz na orla carioca nos finais de semana. A idéia é transformar algumas dessas ruas da Lapa em área de lazer, sendo fechadas totalmente ao trânsito. Vamos aguardar ainda um posicionamento da CET-Rio, que está analisando a proposta, para ver se é viável essa iniciativa, que é uma forma de melhorar esse espaço tão fantástico da cidade do Rio de Janeiro – disse o prefeito.

A manutenção dos Arcos da Lapa, patrimônio tombado, será feita pela Prefeitura, que vai agir seguindo critérios definidos pelo Iphan.

- Os Arcos não recebiam obras desde 1975 e havia uma preocupação com a estrutura dele. Fizemos uma pesquisa e todo o levantamento da integridade estrutural e ele vai ser recuperado à moda antiga e voltar a ser um monumento do século XVIII - destacou o superintendente do instituto, Carlos Fernando Andrade.

A criação do Grupamento de Revitalização do Centro Histórico foi decidida após a revitalização do entorno da Cinelândia, que durou nove dias e preparou a região para a reinauguração do Theatro Municipal. A nova unidade surgiu para que as operações de recuperação das áreas históricas do Centro fossem permanentes, ampliando as ações que já acontecem no programa Lapa Legal. O Grupamento foi criado com parte do orçamento regular da Secretaria Municipal de Conservação, tendo sido feito apenas deslocamentos de equipes que já atuavam nas ruas.

- A decisão de criar essa nova estrutura vem da observação da necessidade de um carinho maior com o Centro Histórico, região da cidade que abriga os grandes patrimônios históricos, culturais e artísticos. Por isso, os profissionais da nova unidade estarão dedicados 365 dias no ano à conservação dos principais pontos dessa região, cuidando do entorno dos principais monumentos, da recuperação das pedras portuguesas no calçamento, da iluminação pública, limpeza e retirada de pichações – explicou o secretário de Conservação, Carlos Roberto Osório, informando que a partir desta segunda-feira, dia 31, as equipes iniciarão a recuperação e revitalização do entorno do Museu Nacional de Belas Artes e da Biblioteca Nacional.
 

Restauração

A restauração dos Arcos da Lapa contribui para o projeto Lapa Legal, da Prefeitura do Rio, que tem por objetivo aproveitar o potencial cultural e turístico do bairro que é o coração da boemia carioca. Entre as iniciativa do Lapa Legal estão o ordenamento público, a regularização urbana da área, a recuperação da iluminação, o reforço na vigilância e preservação do patrimônio arquitetônico do Rio Antigo. O projeto inclui também o reforço da coleta de lixo, com a inclusão de 24 garis na rotina de limpeza das ruas, que começa às 18h e dura toda a madrugada.

Arcos da Lapa

Criado como um aqueduto no século XVIII, em 1726, o monumento, que é um dos cartões-postais do Rio de Janeiro, tem 64 metros de altura e 270 metros de comprimento, estendendo-se desde o morro de Santa Teresa, ao pé do convento das Carmelitas, até os remanescentes do morro de Santo Antônio. Sua função inicial era levar água do Rio Carioca para o chafariz do Largo da Carioca. Somente no século XIX os bondinhos passaram a utilizá-lo como uma estrutura viária de acesso a Santa Teresa.


Texto: Juliana Romar
Fotos: J.P. Engelbrecht