O Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), por intermédio da Coordenadoria Especial de Prevenção à Dependência Química, realizou nesta terça-feira, 21, o seminário “O Crack e a Sociedade Partida - Uma Responsabilidade de Todos Nós”. O encontro, promovido no auditório do Centro Administrativo São Sebastião, na Cidade Nova, reuniu autoridades como a presidente do Conselho e coordenadora de Prevenção à Dependência Química, Silvia Pontes, o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, e o deputado federal e ex-jogador de futebol Romário de Souza Faria.

O tema escolhido para o seminário motivou a troca de experiências em prol de ações integradas para o enfrentamento do crack, bem como a discussão dos aspectos vinculados a essa dependência, geradora de problemas graves na área social e de saúde pública.

Em seu discurso, Silvia Pontes fez questão de ressaltar que o uso de drogas pode, muitas vezes, representar um caminho sem volta.

- Como sempre digo, as drogas podem levar as pessoas ao céu, mas não oferecem paraquedas - disse a coordenadora.

O secretário de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que tem acompanhado pessoalmente as ações da Prefeitura no desmonte das chamadas “cracolândias”, destacou as ações do Município no enfrentamento do crack.

- Quando se chega a um lugar desses, a primeira impressão que se tem é de estar diante do Holocausto. E o papel da SMAS é tirar crianças, jovens e adultos dessa situação. Uma vez que a família é inexistente, a obrigação do poder público é tratar essas pessoas, reinserindo-as ao convívio social. Nossa prioridade são as crianças e adolescentes, que não possuem capacidade de decidir - disse o secretário, que deu mais esclarecimentos sobre o abrigamento compulsório de dependentes químicos.

- Apesar da polêmica criada em torno do assunto, acredito que o acolhimento compulsório é necessário. Como pai, não pensaria duas vezes antes de internar meu filho para cortar qualquer tipo de contado dele com a droga - concluiu Bethlem.

Um dos grandes destaques do evento, o deputado Romário expressou sua opinião sobre o tema ao relatar histórias de sua vida.

- Não tenho conhecimento didático e científico a respeito das drogas, mas falo por minha experiência de vida. Nasci no Jacarezinho e cresci na Vila da Penha. Naquela época não havia drogas como o crack e o oxy, mas muitos amigos fumavam maconha. Nunca experimentei nenhum tipo de droga, mas oportunidades não me faltaram. Porém, graças à boa educação que meus pais me deram, segui o caminho certo. Há algum tempo, fui a Maceió tive a oportunidade de ouvir de ex-usuários de crack que sou um exemplo de vida para eles - disse Romário, que destacou a importância do esporte na prevenção ao uso de drogas.

- Vivemos em país evoluído, em que a economia vem crescendo, e que vai abrigar dois grandes eventos, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas, em 2016. Por isso, temos a obrigação de colocar o esporte como ferramenta de inclusão social desses jovens. Devemos aproveitar esse momento para realizar ações concretas. O esporte é uma saída mais fácil, simples e rápida para que jovens deixem o vício e que outros não entrarem nele – concluiu o deputado.

O seminário também reuniu o Dr. Jairo Werner, psiquiatra; Leonardo Pecoraro Costa , que representou o secretário de estado de Assistência Social e Direitos Humanos; Dr. Sérgio Alarcon, psiquiatra, da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil; a Profªa Mina Seinfeld de Carakushansky, diretora da Federação Mundial Contra as Drogas (WFAD) e diretora da Drug Watch International; a Profªa Glória Macedo, especialista em Prevenção à Dependência Química da Secretaria Municipal de Educação; o Dr. Robson do Bem, médico fisiatra, especialista em Medicina do Exercício do Esporte; e o Comandante da Unidade de Polícia Pacificadora da Comunidade do Turano, capitão Almir Beltran.

Através de vídeos que impressionaram a todos com depoimentos, apresentações em Power Point e animações, os palestrantes defenderam ações unificadas entre governos e entidades de apoio no enfrentamento do crack. Todos foram unânimes ao ressaltar a necessidade de se acreditar na recuperação de um dependente químico. Para isso, é necessário que suas necessidades sejam ouvidas e que a população, em sua totalidade, desaprove o uso das drogas e o fim de campanhas publicitárias que incentivam o uso do cigarro e de bebidas alcoólicas.

Ao final das palestras, os participantes assistiram à peça “Histórias de um Garrafeiro”. Com direção de Fernando Bennevolo e texto de Wagner Rotta, o ator Fábio Duarte interpretou Justino, um homem que atravessa a cidade dando vida às garrafas com suas histórias. De metáfora em metáfora, ele alertou os jovens para os perigos do submundo das drogas e do álcool.

Ao longo de 2011, estão previstas outras atividades a serem promovidas pelo Conselho Municipal Antidrogas, através da Coordenadoria Especial de Prevenção à Dependência Química.

Texto: Flávia David e Juliana Romar
Fotos: AF Rodrigues