Programa Orquestra nas Escolas fortalece a educação musical na Rede e proporciona fruição artística a milhares de crianças e adolescentes.
Até o início do século XX, antes de o sistema de temperamento igual¹ predominar na música ocidental, a sonoridade e as características próprias de cada tom musical eram muito mais evidentes. Sendo assim, músicos e estudiosos associavam emoções e qualidades a cada tom, dando-lhes personalidades distintas que eram levadas em conta no momento de se compor uma obra.
Moana nasceu em Salvador e passou a infância na pequena cidade baiana de Coaraci, onde teve seu primeiro contato com a música. "Eu nasci para a música dentro da escola, quando estava na 6ª série, em um projeto cultural que oferecia aulas de piano no contraturno. Durante seis meses, aprendi apenas teoria musical, só olhava para o piano. Lembro como se fosse hoje o dia em que Tia Elza, minha primeira professora, disse que eu iria finalmente tocar". Desde então, Moana mudou de cidade e de estado, mas seguiu junto à música. É bacharel em piano e mestranda na área de etnomusicologia. |
Texto produzido por Ivan Kasahara - Multirio |
"E as apresentações são o momento do reconhecimento. Não tem ninguém que não entenda a importância de ser reconhecido" |
Desafios
Inspirações e parcerias
Outra inspiração para o Orquestra nas Escolas é o projeto Som+Eu, do qual a própria Moana é uma das criadoras e Anderson ainda faz parte, como maestro e coordenador pedagógico e musical. Aliás, mais do que inspirar, o Som+Eu é a instituição executora do programa da SME. Ele começou no Morro da Providência, em 2011, com as mesmas bases do que hoje é oferecido na Rede Municipal: aulas de música e formação de grupos e orquestras para crianças e adolescentes. Atualmente, além da sede original, o projeto se expandiu para Santa Cruz e Duque de Caxias. "Já não sou coordenadora de lá há dois anos, mas o Som+Eu segue no meu coração. Sempre namoramos a Rede Municipal de Educação, tivemos ações em diversas escolas da 1ª CRE, como na E.M. Vicente Licínio Cardoso, na E.M. Francisco Benjamin Galloti e na E.M. Darcy Vargas. Desde o início, entendemos a importância da simbiose entre comunidade, escola e organização da sociedade civil", explica Moana.
Ecos do canto orfeônico de Villa-Lobos ressoaram por muito tempo na Rede Municipal. Para Moana, isso fica evidente na vocação artística das escolas públicas cariocas. "Essa Rede tem uma visão ampliada sobre a formação humana e artística do aluno. Ela instituiu núcleos de arte ainda em 1993. Quando a música voltou a ser obrigatória no currículo escolar, em 2008, a Rede já tinha mais de 350 professores de música, sem contar os de teatro e os de artes plásticas", elogia.
Horizonte "Tocar em orquestra exige uma série de atitudes que mudam a forma de pensar: disciplina com o horário, comportamento, dedicação ao estudo do instrumento. Isso acaba se refletindo na vida social e acadêmica", diz Anderson, que também é compositor. "Para mim, a música é uma inspiração diária e contínua. A cada dia descubro uma nova composição". |
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"Tocar em orquestra exige uma série de atitudes que mudam a forma de pensar: disciplina com o horário, comportamento, dedicação ao estudo do instrumento. Isso acaba se refletindo na vida social e acadêmica" |
Ao proporcionar a sensibilização e a fruição artística a crianças e adolescentes, o programa Orquestra nas Escolas lhes permite o desenvolvimento de diversas qualidades humanas. E, nesse ponto, incorre em mais uma afinidade com o "lá maior". Mas, dessa vez, não com o tom musical, e sim com a ideia de um futuro cheio de perspectivas; um horizonte de possibilidades.
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1 Sistema de afinação musical que privilegia as oitavas. Em outros modos de temperamento, por exemplo, um dó sustenido não soa da mesma forma que um ré bemol. Para ouvir exemplos, acesse http://wmich.edu/mus-theo/groven/compare.html
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