O sertanejo é antes de tudo um forte. As palavras do escritor e jornalista Euclides da Cunha descrevem, com perfeição, a trajetória da paraibana Magna Justino Fernandes Santos, gestora do Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão. Nascida em 1982, na cidade de Lagoa de Dentro, ela é ex-feirante e conhece como ninguém a realidade daqueles que hoje representa. 

Magna é a caçula mulher dos nove filhos de Miguel Fernandes e dona Marinete Justino Fernandes. Com eles, aprendeu que respeito e o trabalho honesto são a base de tudo na vida. Aos 12 anos, veio com família para Rio de Janeiro, deixando para trás a seca e a pobreza em busca de uma vida melhor, sem miséria e sem fome. Para ajudar a família, trabalhou como doméstica e babá. Dormia no trabalho e só tinha o final de semana para descanso.

Precisou abrir mão dos estudos, mas conseguiu concluir o Ensino Médio depois de adulta, uma conquista que demandou tempo e força de vontade. Aos 16 anos, Magna começou, ao lado de sua mãe, uma pensão na comunidade da Maré.

Foi nesse período também que Magna teve seu primeiro contato com a Feira de São Cristóvão. Seu namorado era garçom de uma das barracas e ela vendia bijuterias que fabricava para as cantoras das bandas que se apresentavam no local. Além disso, vendia bebidas para os frequentadoes da Feira.

Magna ficou grávida aos 17 anos do seu primeiro namorado. Arrependimento? Nenhum. Sua filha Thaissa, hoje com 17 anos, é o orgulho da vida dessa nossa heroína. Depois de ter seu bebê, Magna foi morar na comunidade Agrícola, em Higienópolis, Zona Norte do Rio.

Para fazer renda, Magna resolveu que também iria catar latinha. Começou a trabalhar nos arredores da 21ª DP, em Bonsucesso e por ali, no posto Shell, a empreendedora Magna Fernandes teve a idéia de montar uma banca onde fazia caldos, que fizeram história na localidade. Até hoje, muitos lembram "da loirinha que vendia caldo verde, de ervilha, mocotó e caldo de feijão".

Em 2003, conseguiu um trabalho de vendedora de circuito fechado de segurança e conheceu seu marido, Paulo Sérgio Santos Cruz, no prédio onde trabalhava. Estão juntos até hoje e, quatorze anos depois, Magna Fernandes vive os desafios de ser a primeira mulher, ex-feirante e gestora municipal da Feira de São Cristóvão. Ela vê a Feira como um desafio a ser alcançado. Sabe que pode, naquele local, fazer a diferença e deixar um legado positivo.

- Agradeço ao prefeito pela confiança. O segredo é amar o que se faz. Quando fazemos o que gostamos, aos poucos, tudo se encaixa. A feira é um desafio que conquistamos a cada dia. Me pauto pelo não desistir, confiar e ter fé. Nas dificuldades somos impulsionados, descobrimos novas saídas e conseguimos crescer- diz a gestora, desejando a todos um Feliz Natal e Próspero 2018.