Secretaria Municipal de Cultura - SMC
Herança africana é celebrada pelo reconhecimento do Cais do Valongo

11/07/2017 13:44:00


Escolhido pela Unesco como Patrimônio Mundial, em reunião realizada na Cracóvia, Polônia, o Cais do Valongo celebrou a decisão com um grande ato onde a cultura afrodescendente festejou o resgate de uma memória esquecida e, muitas vezes, negligenciada. Porta de entrada de um milhão de negros escravizados que chegaram ao Brasil, o Cais foi o maio porto escravocrata das Américas. A Secretaria Municipal de Cultura colocará em prática o projeto de sinalização do local, e instalará um Centro de Interpretação do sítio arqueológico, como forma de dar maior visibilidade a uma história pouco conhecida pela maioria da população.


O Brasil recebeu cerca de quatro milhões de escravos nos mais de três séculos de duração do regime escravagista, 40% de todos os africanos que chegaram vivos nas Américas, entre os séculos XVI e XIX. Destes, aproximadamente 60% entraram pelo Rio de Janeiro, sendo que aproximadamente um milhão pelo Cais do Valongo. A partir de 1774, o desembarque de escravos no Rio foi integralmente concentrado na região da Praia do Valongo, onde se instalou o mercado de escravos que, além das casas de comércio, incluía um cemitério e um lazareto.


O local foi desativado como porto de desembarque de escravos em 1831, quando o tráfico transatlântico foi proibido. Em 1843, o local foi aterrado para receber a princesa Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II, recebendo o nome de Cais da Imperatriz. Durante as obras do Porto Maravilha, em 2011, foram encontrados objetos como parte de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos.


Em 2012, a Prefeitura acatou a sugestão das Organizações dos Movimentos Negros e transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública. O cais passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.


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