21/08/2015 18:16:00
Repensar as novas configurações familiares e as suas problemáticas é o mote da exposição "Álbum de família", em cartaz até 19 de setembro, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Centro da Cidade. Com o objetivo de aprofundar esse debate e levá-lo para outros campos além do visual, a curadora Daniela Géo organizou um seminário, a ser realizado nos dias 25, 26 e 27 de agosto, em horários variados, no mesmo equipamento da Prefeitura do Rio.
Ao todo, 17 especialistas estarão reunidos para mostrar as suas visões de família na contemporaneidade, passando pelo ideário matrimonial, o abuso de poder e a violência doméstica. Pesquisadores, doutores em ciências sociais e políticas, saúde, comunicação e serviço social, além de sociólogos, antropólogos, psicanalistas e advogados foram convidados para enriquecer essa fala coletiva em prol das novas famílias.
E, nos intervalos dos debates sobre esse amplo retrato familiar, o público ainda poderá conhecer as quase 40 obras que compõem a exposição. "Álbum de família" é uma colagem de fotografias, instalações e telas de nove brasileiros – Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Dias & Riedweg, Fabio Morais, Rosângela Rennó, Jonathas de Andrade, Leonora Weissmann, No Olho da Rua, Rosana Palazian e Ricardo Basbaum – e onze artistas plásticos da França, Bélgica, Inglaterra, África do Sul e dos Estados Unidos.
O Centro Municipal de Arte Helio Oiticica abre de segunda a sábado. Às segundas, quartas e sextas-feiras, funciona das 14h às 20h, e às terças, quintas, sábados e feriados, das 10h às 17h. Leia a programação completa do seminário "Álbum de família":
25 de agosto (terça-feira)
FAMÍLIA, CONCEITOS E NOVOS PAPÉIS
14h
DANIELLA GÉO
Curadora, pesquisadora, doutora em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais, Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3
INTRODUÇÃO
14h15
IZABELA PUCU
Pesquisadora e curadora. Diretora do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
CIRCULANDO E FAZENDO CIRCULAR
Uma reflexão sobre o trabalho realizado pela equipe do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, inserido no Projeto Circulando, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, com objetivo de vincular os equipamentos culturais da cidade no processo de reinserção social dos clientes dos abrigos municipais. Tomaremos como ponto de partida o laboratório para troca de experiências e invenção de novas metodologias desenvolvido junto com a equipe multidisciplinar da Unidade de Acolhimento Raul Seixas. A partir dessa experiência, discutiremos as práticas artísticas como possibilidade de atuação no processo de reconstrução dos vínculos afetivos e familiares dessas pessoas, e as maneiras pelas quais esse tipo de ação nos coloca diante de outro sentido para aquilo que entendemos como arte.
14h45
BÁRBARA COPQUE
Antropóloga, doutora em Ciências Sociais pelo PPCIS-UERJ
FAMÍLIA É BOM PRA PASSAR O FINAL DE SEMANA
O envolvimento e o entusiasmo de meninos em situação de rua na produção e na interpretação das imagens nos permitiram desvendar a forma como eles se constroem como sujeitos no espaço da rua e suas relações familiares.
15h15
JEANNE LIMA
Doutora em Ciências na área de Violência e Saúde, assistente social da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e professora de Serviço Social da Universidade Cândido Mendes
A POTENCIALIDADE DO PROFISSIONAL DE SAÚDE PARA MEDIAR CONFLITOS INTRAFAMILIARES
Pretendo introduzir a atuação dos profissionais de Saúde na atenção primária diante das diferentes configurações familiares e quando eles se deparam com situações de conflito e/ou violência intrafamiliar. Finalizo refletindo sobre as atitudes, ações/práticas, condições e obstáculos segundo a ótica de profissionais atuantes nesse processo.
15h45
INTERVALO
16h
MARCOS NASCIMENTO
Psicólogo, doutor em Saúde Coletiva, pesquisador do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz
HOMENS, SEXUALIDADES E PATERNIDADES: REARRANJOS DE GÊNERO NA CONTEMPORANEIDADE?
Partindo dos debates contemporâneos sobre gênero e masculinidades, propomos uma reflexão sobre o tema da paternidade. Em que medida discutimos as diferentes formas de expressão da sexualidade e da masculinidade quando falamos sobre paternidade? De que forma os rearranjos de gênero e da sexualidade têm influenciado as discussões sobre paternidade? Essas são algumas das perguntas que pretendemos levantar durante a nossa apresentação.
16H30
EDER FERNANDES
Professor da Faculdade de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense
O DIREITO E A FAMÍLIA: MECANISMOS DE CONTROLE E DESCONTROLE E OS PÂNICOS MORAIS
Entendendo o Direito como meio linguístico de operacionalização da vivência política da sociedade, parte-se da pressuposição de que os instrumentos normativos controlam sentidos e possibilidades de entendimento do conceito de família, bem como operam mecanismos de controle da moralidade dominante por meio de argumentos de defesa de um sentido normalizado de família, segundo padrões dados pelos sistemas religiosos, econômicos, políticos e sociais.
17H
MESA-REDONDA (COM OS PALESTRANTES)
Mediador: EDUARDO SOUZA LIMA (jornalista)
26 de agosto (quarta-feira)
PARTE 1: FAMÍLIA, ENVELHECIMENTO E MEMÓRIA
15h30
DANIEL GROISMAN
Psicólogo, mestre em Saúde Coletiva e doutor em Serviço Social, professor-pesquisador da EPSJV-Fiocruz ENVELHECIMENTO, CUIDADOS E TRANSFORMAÇÕES NA FAMÍLIA
Uma breve discussão sobre o "problema" dos cuidados na sociedade contemporânea, os desafios representados pelo processo de envelhecimento e as transformações na família.
16h
TERESA BASTOS
Professora doutora da Escola de Comunicação da UFRJ
POR PARTE DE MÃE: REFLEXÕES (AUTO)BIOGRÁFICAS
Uma carta de natureza autobiográfica, com 317 páginas, escrita por meu avô materno no final de sua vida e algumas fotografias de família são o ponto de partida para se refletir sobre memória, imagem e arquivo no contexto das escritas de si. Esse texto epistolar e os retratos são analisados na perspectiva contemporânea dos estudos biográficos legitimadora dos discursos situados à margem dos cânones literários.
16h30
MESA-REDONDA (COM OS PALESTRANTES)
Mediador: EDUARDO SOUZA LIMA (jornalista)
INTERVALO
PARTE 2:
FAMÍLIA E VIOLÊNCIA
17h30
LEILA LINHARES BARSTED
Coordenadora executiva da Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação)
FAMÍLIA E VIOLÊNCIA
A proposta desta apresentação é permitir uma reflexão sobre a magnitude da violência contra as mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares. Esse fenômeno, que aparece nos dados estatísticos disponíveis e no noticiário da grande imprensa, tem merecido atenção do Estado através de politicas públicas e, desde 2006, essa forma de violência é tratada especificamente pela Lei Maria da Penha, voltada para prevenir e coibir a violência doméstica contra as mulheres.
18H
DAYSE MIRANDA
Socióloga e pesquisadora do Laboratório de Análise da Violência (LAV/UERJ)
QUEM SÃO AS VÍTIMAS OCULTAS NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO?
A palestra propõe apresentar as vítimas secundárias da violência na Polícia Militar do Rio de Janeiro. Um estudo recente (2007) revelou que pessoas que perderam familiares e amigos por suicídio, acidentes e homicídios, na cidade do Rio de Janeiro, sofrem muito e sozinhas. E na Polícia Militar carioca? Quem são os parentes e amigos de policiais mortos de forma violenta?
Em números, quantos são? O que eles pensam? O que fazem para superar as suas dores? Não sabemos quem são e, muito menos, como reagem e sentem a perda de seus entes queridos.Sem essas informações, nada podemos sugerir e, por isso, pouco pode ser feito ou cobrado aos nossos governantes. A reflexão proposta visa mostrar a gravidade desse problema.
18h30
BÁRBARA COPQUE
Antropóloga, doutora em Ciências Sociais pelo PPCIS-UERJ
INSCRIÇÕES CORPORAIS DA VIOLÊNCIA
O presente estudo se concentra, fotograficamente, no ato de exame de corpo de delito, que, diante da denúncia de violência doméstica_ aqui compreendida como uma reação e uma recusa à condição de passividade _, os sujeitos vivenciam a condição de vítimas e protagonistas.
19h
MESA-REDONDA (COM OS PALESTRANTES)
Mediador: EDUARDO SOUZA LIMA (jornalista)
27 de agosto (quinta-feira)
FAMÍLIA, DESLOCAMENTOS E IDENTIDADE CULTURAL
14h15
ANA PAULA CONDE
Professora da PUC-Rio, mestre em Ciência Política pela UFF e doutora em História, Política e Bens Culturais, pelo Cepdoc/FGV
DIÁSPORAS: FAMÍLIAS EXPANDIDAS OU OUTRA FORMA DE DIZER NÓS
O conceito de família se transforma no contexto daqueles que se sentem parte de uma diáspora. O que une as pessoas são os laços formados a partir do pertencimento, reforçado no exterior, a uma cultura, a uma mesma língua e a festas comuns. Relações marcadas ainda por um ideal de retorno, real ou imaginário, a um outro espaço físico. Além do conforto espiritual, esses laços fortalecem o grupo, em geral marcado por estigmas, tornando-o mais visível e, quem sabe, o fortalecendo politicamente.
14h45
MARCELO CAMPOS
Professor adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes, UERJ
FORA DO LUGAR: AGREGAÇÕES E DESAGREGAÇÕES IDENTITÁRIAS
O lugar identitário e as relações familiares não se configuram em sintonia naturalizada. O álbum de família servira, também, para marcar tradições coloniais impositivas, poderes autoritários. Em muitos exemplos, retratados necessitaram estabelecer relações extemporâneas.
15h15
DIAS & RIEDWEG
Artistas
FAMÍLIA COMO DECORRÊNCIA ENTRE PERTENCIMENTO E EXCLUSÃO
A partir da exibição de seu vídeo Água de chuva no mar, 2012, ainda inédito no Rio de Janeiro, Dias & Riedweg propõem uma leitura do conceito de família, como a criação e continuação de um encontro, não necessariamente por efeitos biológicos, mas como uma consequência direta derivada dos processos de pertencimento e exclusão que podemos, todos, criar no convívio cotidiano. Vídeo 18 minutos e fala de 7 minutos.
15h45
INTERVALO
16h
GUILHERME GUTMAN
Psicanalista, professor da PUC-Rio, curador independente e crítico de arte
VIVER JUNTO
A proposta é a de investigarmos e discutirmos juntos (com o auxílio luxuoso de Platão, Freud e Barthes) os amores e as condições e modalidades de um "viver junto", não necessariamente numa conjugalidade mais convencional, mas tanto em experimentos afetivos quanto no viver junto em uma mesma família, em uma mesma cidade, em uma mesma comunidade, em uma mesma instituição, espaço e tempo.
16H30
RICARDO BASBAUM
Artista
DÉBORA SEGER
Psicóloga, pesquisadora de História da Arte
NATHAN GOMES
Pesquisador de História da Arte
CONVERSA-COLETIVA (ALÉM DO FAMLIAR)
As conversas-coletivas como método de trabalho para o desenvolvimento de peças sonoras e orquestração de vozes: o caso Álbum de Família – movendo-se para além da família e do familiar.
17h
MESA-REDONDA (COM OS PALESTRANTES)
realizado nos dias 25, com início previsto às 14h, 26, a partir das 15h30, e 27 de agosto, às 14h;