Naves do Conhecimento: um prêmio para alçar novos voos

27/04/2015 03:00:00


 

As Naves do Conhecimento venceram mais de 100 projetos de diferentes países


Se participar do maior prêmio internacional de arquitetura, disputando com mais de 100 países e profissionais dos mais gabaritados, já é um grande feito, imagine então conquistar o 1º lugar. Foi exatamente isso que aconteceu com a RioUrbe, através das Naves do Conhecimento, projeto do arquiteto Dietmar Starke. Esse grande feito aconteceu na última edição do prêmio Architizer A+ Awards, na categoria voto popular entre os edifícios públicos.

 

Entre os concorrentes estavam projetos de países de grande expressão na arquitetura, como: Bélgica (Court House - que recebeu o voto do júri), Itália (Palazzo Lombardia), Japão (Hachijo Government Building and Hall) e França (Regional Court and Industrial Tribunal). A entrega do prêmio acontecerá no dia 14 de maio, em Nova York. Em 2013, a Prefeitura do Rio já havia sido premiada como o Museu de Arte do Rio, assinado pelo escritório Bernardes + Jacobsen Arquitetura, como melhor construção na categoria museu.

 

Segundo Dietmar Starke, um catarinense que viveu 13 anos na Alemanha, e que já está na Prefeitura do Rio desde 1999, o prêmio representa um verdadeiro fenômeno. "Concorremos com escritórios milionários de todo o mundo, com arquitetos renomados e, para mim, estar entre os cinco já era uma grande honra. Ficar em 1º então foi uma surpresa enorme. Acredito que esses 79 mil votos significam a universalidade proposta no projeto. É uma ideia compreendida na Argentina, na Itália, na França, nos Estados Unidos, enfim, no mundo, por sua contemporaneidade. Esse prêmio abre uma janela grande, pois é um modelo que deu certo."

 

Dietmar: "o prefeito diz que sou o arquiteto mais maluco do Brasil e eu tenho o maior orgulho disso"


Vale destacar também que o arquiteto é representante da Bauhaus, uma das mais tradicionais escolas de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda na Alemanha, aqui no país. Uma experiência que, segundo ele, foi fundamental para usar a arquitetura como ferramenta de inclusão social. "Acredito que ela [inclusão social] passa obrigatoriamente por democratizar os equipamentos públicos. Somado a isso, a arquitetura construída com uma linguagem universal, atraente, que desperte a criatividade dos seus usuários, faz toda a diferença. A Europa investiu séculos em edifícios públicos e hoje existem construções excelentes. Esta gestão da prefeitura também apostou nisso, valorizando áreas carentes de forma igual às áreas mais privilegiadas. O trabalho em equipe do prefeito Eduardo Paes, do secretário municipal de Ciência e Tecnologia, Franklin Coelho, o Steve Jobs da prefeitura na minha opinião, e nosso aqui da Riourbe criou, compreendeu e executou a ideia. O reconhecimento vem não só com esse prêmio, mas principalmente pelo sucesso de público das Naves."

 

De acordo com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia (SECT), nestes dois anos e meio na cidade, as Naves do Conhecimento (oito ao todo) já contabilizam um milhão e meio de visitas às praças digitais com livre acesso à internet, além de mais de 150 mil pessoas cadastradas e mais de 14 mil alunos formados em cursos, oficinas de capacitação digital e atividades interativas, sempre gratuitamente. Presentes em Santa Cruz, Irajá, Parque Madureira, Padre Miguel, Penha, Vila Aliança, Nova Brasília (Complexo do Alemão) e Triagem, as Naves significam, na visão de Starke, o futuro da Educação. "O custo-benefício de uma obra como essa não tem preço. Estamos levando aos jovens uma oportunidade única, futurista, atrativa. Você vê a felicidade estampada no rosto das pessoas lá dentro. Essa forma de construir faz com que os visitantes se sintam bem no espaço, é como visitar outro mundo. A arquitetura tem que emocionar as pessoas para atraí-las, independente da área no entorno ser degradada ou não. Se tiver qualidade, vai ajudar a qualificar toda a região. Não à toa nenhuma das Naves foi pichada, pois os moradores se apropriaram delas."

 

Desde 1999 na prefeitura, Dietmar Starke destaca outro projeto também marcante: o Célula Urbana, ao lado da arquiteta Maria Lúcia Petersen. "Esse foi um projeto que propus quando fui um dos 21 convidados do Governo Alemão a sugerir ideias para os seus próximos 20 anos, em 1991. Lembro que ao meu lado estavam os profissionais que apresentaram protótipos do que hoje são o Google Earth e a Nuvem, da Apple. Trouxe o conceito para o Rio a ideia e a implementamos no Jacarezinho. Porém, só nesta gestão conseguimos aprimorar o projeto e transformá-las nas Naves. Nesta época, vim representando a Bauhaus e pude mostrar a eles que podemos transformar realidades, vidas, cidades, com a arquitetura. Uma grande honra, afinal, essa foi a primeira construção da instituição pós 2ª Guerra Mundial. O último havia sido projetado por Hannes Meyers (1889-1954)."

 

Dietmar Starke e sua equipe na Riourbe


Starke ainda aproveita para destacar o que viu em seus colegas ao chegar à prefeitura. "Me deparei com servidores que queriam fazer a diferença. Vejo os servidores como verdadeiros missionários. E de fato é preciso muito trabalho para mudar uma cultura. Não podemos pedir a alguém que more ao lado do esgoto aberto que ame a natureza, ou que alguém que more cercado de muros ache que o mundo é belo. Isso é impossível. Por isso, a mentalidade do prefeito coincide muito com o que penso. Você não pode construir duas cidades, deve trabalhar pela Zona Sul e pela Zona Oeste da mesma forma. Vivendo com dignidade, em espaços inclusivos, as pessoas conseguem refletir sobre suas vidas e o futuro. Pensando nisto, já estou trabalhando em novos projetos, um para o Rio Sem Preconceito e outro para a SMDS", diz Starke. Não só nós, do Portal do Servidor, como também os cariocas esperamos ansiosamente por eles.


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