Três vezes UNESCO

15/12/2014 04:00:00


O anúncio da premiação foi feito na última semana

 

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro não para de fazer história. E o melhor: justamente quando está prestes a completar 450 anos, assim como a cidade. O motivo da nova comemoração é a premiação na edição 2014 do Comitê Nacional do Programa Memória do Mundo, da Unesco. Ao lado de outras nove entidades selecionadas, o Arquivo foi agraciado com a chancela pela terceira vez.

 

Após os êxitos em 2007, com as "Vereanças do Senado da Câmara", e em 2013, com o "Fundo Comissão Organizadora do Segundo Congresso Operário Brasileiro", desta vez o Arquivo Geral foi contemplado pela "Série Aforamentos". A documentação nominada é composta por cartas de aforamento e pagamentos de foros e laudêmios. O Aforamento – ou a Enfiteuse – consiste no ato de transferir a outrem o domínio útil de um imóvel em troca de uma renda anual, o foro, e tem caráter perpétuo, embora possa cessar por vários motivos. O laudêmio, por sua vez, é pago quando o foreiro aliena parcialmente ou todo o imóvel de forma lucrativa. O Aforamento foi uma das principais maneiras, ao lado da distribuição de Sesmarias, de obtenção de terras no Brasil desde o início da colonização. Este acervo refere-se à ocupação do solo urbano carioca desde o século XVI. Permite, portanto, acompanhar a evolução patrimonial territorial do Rio de Janeiro, as batalhas travadas pela posse e o usufruto do "chão carioca", nas quais se envolveram munícipes, religiosos e a Administração Pública, ao longo dos séculos.

 

Vale ressaltar que o Programa Memória do Mundo, da UNESCO, reconhece patrimônios documentais de significância internacional, regional e nacional, mantém o seu registro e lhes confere um certificado, que os identifica. Para se ter uma ideia, entre os documentos preservados com apoio do programa encontram-se a partitura original da 9ª sinfonia de Beethoven e a Bíblia de Gutenberg, ambos em arquivos alemães.

 

Criado em 1992, o programa facilita também a preservação e o acesso a este patrimônio, além de trabalhar para despertar a consciência coletiva sobre a importância do patrimônio documental da humanidade. Entre os acervos brasileiros já premiados, estão o filme Limite, de Mário Peixoto (Fundação Cinemateca Brasileira); a Lei Áurea (Arquivo Nacional); os Manuscritos Musicais de Carlos Gomes (Fundação Biblioteca Nacional); o Arquivo Guimarães Rosa (Instituto de Estudos Brasileiros - IEB/USP), entre outros. Parabéns a toda a equipe do Arquivo Geral da Cidade!